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Brasília

Movimento se reúne para alertar sobre dificuldades nas ruas

Arquivo Geral

03/05/2015 10h36

Em tempos de uso excessivo do carro, um grupo se uniu no Parque da Cidade para fazer o que os moradores de grandes cidades têm feito cada vez menos: andar. A Jane’s Walk serviu para alertar sobre a qualidade das calçadas e lembrar que também é possível conhecer Brasília sem estar motorizado.

Quem convocou o passeio foi a Mobilize Brasil, uma organização que promove a mobilidade urbana sustentável. Os participantes chegaram ao ponto de encontro, próximo ao Parque Ana Lídia, por volta das 9h30. A caminhada deu a volta no Setor de Rádio e TV Sul e voltou ao marco inicial. Ao longo de dez paradas, os pedestres discutiram os problemas enfrentados por quem deixa o carro de lado.

Barreiras

Calçadas esburacadas, falta de sinalização e acessibilidade precária para pessoas com deficiência foram apenas algumas das   constatações. Obras de revitalização   foram até encontradas, mas, a poucos metros, era comum se deparar com locais que há muito não recebiam reparos. As poucas rampas também têm problemas de posicionamento. Faixas de pedestre desativadas fazem com que cadeirantes tenham que passar perto dos carros.

Durante a semana, com maior movimento, o cenário é ainda pior, uma vez que os carros param até onde não podem, restringido a circulação.   Já que o passeio ocorreu em um sábado de feriado prolongado, as dificuldades foram amenizadas. Mesmo assim, as reclamações não foram poucas.

Um dos responsáveis pela organização foi Uirá Lourenço, que se apresenta como servidor público e ciclista por opção.   “É ótimo que as pessoas percebam a ótica do pedestre. As cidades são muito voltadas ao automóvel. Fazer essa reflexão é mais do que necessário”, explicou.

Olhares só estão voltados ao asfalto

Os vestígios de calçada deixados pelos estacionamentos improvisados chamaram a atenção de Ana Paula Borba,   conhecida como Paulinha Pedestre, professora universitária, doutora em transportes pela UnB. Também organizadora da ação, Ana   acredita que se mais pessoas utilizassem o transporte público, haveria novas demandas ao governo: “Se você para de usar o carro, vai reparar que as calçadas são ruins e passará a cobrar  melhores condições. As pessoas reparam mais no asfalto porque são, em sua maioria, adeptas de veículos”.

 

E até quem não tinha nada a ver com o passeio pôde assinar embaixo. O contador Giovani Fiedler veio de Londrina (PR) fazer tratamento no Hospital Sarah Kubitschek. Cadeirante, ele   reprova os caminhos que precisa fazer. “Só as calçadas perto do Sarah são adequadas. Tenho que enfrentar   obstáculos para me locomover”, reclama. 

A psicóloga Isabel Amora aderiu ao movimento   por acreditar na necessidade de ter mais práticas sustentáveis. No dia a dia, o carro serve apenas para aquilo que o transporte público não atende. “Quando vou fazer compras, por exemplo, vou de carro. Mas chego ao trabalho a pé, porque moro perto. Lá em casa fizemos o compromisso de ter só um veículo”, contou.

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