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Renato Matsunaga

Conheça a Cornell Tech, a maior aposta de Nova York para competir com o Vale do Silício

Renato Matsunaga

12/03/2018 17h11

Atualizada 19/03/2018 12h17

Foto: Divulgação

Imagine que estamos no ano de 2008, em plena crise financeira mundial. A principal cidade dos Estados Unidos, considerada por muitos como a capital do mundo, passa por um de seus piores momentos na história.

A quebra do mercado financeiro coloca a cidade em uma posição de xeque, e por consequência todo o modelo econômico adotado pelo mundo nos últimos anos está sendo questionado.

Imagine que, nesse cenário, o prefeito da cidade esteja à procura de um novo desafio para o futuro, de forma a diversificar as oportunidades de emprego e investimento para os anos que virão.

Imagine que o prefeito à frente dessa cidade esteja entre os 20 maiores empresários do mundo e seja um grande visionário. O que poderia surgir da visão desse magnata para diversificar os investimentos de uma cidade que sempre esteve entre os três maiores PIBs do mundo?

Não é necessário imaginar. O homem e a cidade em questão são Michael Bloomberg e Nova York.  Considerado em 2012 pela revista Forbes como o 20° empresário mais rico do mundo, o magnata das comunicações foi prefeito da cidade entre os anos de 2002 e 2013 e, ao passar pela pior crise mundial do século, decidiu que era o momento de diversificar o modelo econômico da cidade.

Em 2008, Michael Bloomberg lançou um desafio para que grandes universidades apresentassem projetos para uma nova Meca da tecnologia, na qual ciências aplicadas serviriam para atrair os maiores talentos de Nova York na geração de novos negócios e, consequentemente, mais emprego para o futuro da cidade. Nesse contexto, a cidade de Nova York faria a doação de uma enorme área para as instalações de um novo campus e o próprio Bloomberg faria de seu bolso um aporte financeiro de US$ 100 milhões para a realização desse ambicioso projeto.

Mapa Geral de Implantação da Cornell Tech. Foto: Divulgação

Grandes universidades americanas, como a Stanford University e a Universidade de Chicago, apresentaram-se, mas quem foi capaz de encantar a prefeitura com o projeto foi a Cornell Tech, instituto criado em parceria pela Cornell University e o Instituto Technion-Israel de Tenologia.

A Cornell University é considerada uma das maiores na Ivy League americana (seleto grupo de universidades americanas, entre elas Harvard, Yale, Columbia, Princeton, Universidade da Pensilvânia), com 45 laureados com o Prêmio Nobel, enquanto o Instituto Technion-Israel de Tecnologia é o maior centro de estudos de ciências e tecnologia de Israel.

Acompanhamos hoje a equipe que integra a Missão Biotic, em uma visita a essa que é considerada pelos norte-americanos como o maior investimento de uma universidade em tecnologia nos últimos tempos.

Na visita, em que estiveram presentes membros da Fibra, do Sebrae, da Unb, da Embrapa, além do secretário de Economia, Desenvolvimento, Inovação, Ciência e Tecnologia, Antônio Valdir Oliveira Filho, e do secretário-adjunto de Ciência, Tecnologia e Inovação, Thiago Jarjour, o Jornal de Brasília pôde acompanhar e mostrar imagens desse enorme campus de inovação em pleno coração de Manhattan.

A arquitetura do projeto é de impressionar e os seus três primeiros prédios em funcionamento nos deixam sonhando com um futuro ainda mais surpreendente, quando a implantação completa do projeto de mais de 2 milhões de pés quadrados, onde se instalarão empresas como o Google e o Facebook, poderá ser capaz de transformar a cidade de Nova York em uma grande competidora do Vale do Silício.

Situado na ilha Roosevelt, o campus inaugurado no ano passado abriga atualmente o Bloomberg Center (Centro administrativo da Cornell Tech), o Tata Innovation Center (edifício que abriga a universidade e leva o nome da Tata, uma das maiores empresas da Índia e que patrocinou investimentos no local) e o The House, residencial erguido para atender pessoas envolvidas no projeto. Um quarto edifício, patrocinado pela Verizon, já está em construção e será focado em educação corporativa.

É altamente motivador participar e ver de perto toda essa experiência. Totalmente pensadas para a era digital, as atividades no campus são voltadas para encorajar a inovação e criatividade. Aqui, o principal objetivo é transformar a forma com que vivemos, fazendo com que grandes ideias tornem-se realidade. Estudantes, acadêmicos, líderes empresariais, empreendedores digitais e profissionais são estimulados a superar desafios da sociedade com a criação de novos produtos e serviços totalmente digitais, particularmente em áreas que possam contribuir para a atmosfera vibrante de Nova York.

Embora hoje esteja instalada nesse campus e seja uma realidade de grande investimento com um futuro altamente promissor, a Cornell Tech ainda tem muitas etapas por vencer até 2030, quando está prevista a entrega completa do complexo. Sabendo da necessidade de se vencer etapa por etapa, os trabalhos da Cornell Tech iniciaram-se antes mesmo dos prédios serem entregues, quando, ainda em 2012, optou por dar início, de forma incubada, no escritório do Google em Nova York. Hoje, a operação já está ocorrendo nos três edifícios implantados.

Entrega do termo de intenções
E nesse contexto, há pouco foi entregue pela Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra) e o Governo do Distrito Federal (GDF) uma carta de intenções à Cornell Tech, para que ela possa contribuir para o sucesso e desenvolvimento do Parque Tecnológico de Brasília (Biotic) em uma parceria inédita no Brasil.

O termo, que ainda passará pela assinatura final por parte da Cornell, prevê contribuições no ajuste e validação das premissas assumidas pelo GDF, além de um acordo de cooperação entre as partes e seus parceiros nessa iniciativa, que pode se tornar um marco fundamental na criação de um novo futuro para o Distrito Federal.

Veja aqui o conteúdo do termo assinado hoje

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