Pela primeira vez a Brasília, espetáculo que traz a íntegra das Leçons de Ténèbres, do compositor francês François Couperin (1668-1733) prorrogou a temporada no Teatro Goldoni, após ser visto por mais de 400 pessoas. As duas sessões extras serão apresentadas no próximo fim de semana, dias 21 e 22 de março. Sábado, o espetáculo começa às 21h e domingo às 20h, no Teatro Goldoni, Casa d’Italia, na 208 sul.
Na montagem, duas cantoras sopranos apresentam a obra de música sacra, escrita em 1714 para as celebrações da Semana Santa. As cantoras e os instrumentistas utilizam técnicas e instrumentos da época: técnica de voz límpida e delicada, acompanhamento de um alaúde barroco e de uma viola da gamba.
O espetáculo apresenta a peça completa, com as sonoridades originais, mas traz uma abordagem cênica contemporânea, que propõe uma releitura dos antigos “Ofícios das Trevas” da Semana Santa, para os quais a música foi originalmente escrita. Nessas cerimônias, as luzes da igreja iam se apagando pouco a pouco até que a última oração se fazia no escuro. “Há anos eu imaginava: como recriar esse rito, como trabalhar a dualidade luz-trevas numa forma contemporânea? Como transportar o espectador, não ao Século XVIII, mas ao mesmo sentido de mistério e recolhimento que um contemporâneo experimentava?” conta o diretor da peça, Heitor Granafei.
A encenação é concebida como uma sucessão de imagens que emergem em meio a um jogo de luz e sombra, livremente inspiradas pela letra da música, um dos mais poéticos e dramáticos textos do Antigo Testamento: as Lamentações do Profeta Jeremias sobre a destruição do povo judeu. Essa temática é retrabalhada de forma a estabelecer uma ponte entre o antigo e o contemporâneo. Recriações de cenas de pinturas barrocas alternam-se com colagens de vídeos encontrados na internet sobre a realidade contemporânea, criadas durante a encenação por um vídeo-artista. “Espero que o som e as imagens que estamos criando sejam um trampolim para a imaginação do público. O espetáculo deve provocar, não fornecer uma mensagem única e definitiva. O meio teatral é unânime em considerar o público brasiliense extremamente aberto, e estou muito curioso para saber a reação”, comenta o diretor.
François Couperin foi o mais importante membro de uma longa dinastia de músicos franceses do período barroco. Reconhecido como o maior compositor francês de seu tempo, deixou sua marca na literatura para o cravo, com mais de 200 peças de títulos poéticos ou com referencias a personagens e acontecimentos contemporâneos. Suas Leçons foram escritas para um convento de religiosas e publicadas em 1714. Pelo seu caráter a um só tempo austero e ornamental, extático e dramático, são consideradas uma das obras primas da música barroca francesa.
Fernanda Vaz (Soprano I) cursa licenciatura em música na UnB e canto na Escola de Música de Brasília, sob a orientação de Denise Tavares. Membro do Coral Jovem do Estado de São Paulo, do Coro de Câmara da UNESP e do Madrigal de Brasília. Professora de Apreciação Musical e História da Música do programa OSESP Itinerante.
Isabel Quintela (Soprano II) atuou como coralista, monitora e regente em diversos coros da cidade de Fortaleza. Participou do coro cênico feminino Seios da Face durante 4 anos, sob a regência de Alessandra Araújo. Foi, também, monitora do Coral do Banco do Nordeste por 4 anos e do Coral da Camed por 2 anos, sob a regência de Luis Carlos Prata. Isabel foi aluna de canto erudito do sopranista Hamilton Carvalho e participou de master classes com o maestro Linus Lerner, a soprano Tatiana Vanderlei e a soprano Kathy Price. Foi regente do Coral da Área da Saúde da Universidade Federal do Ceará. Estuda na Escola de Música de Brasília no Curso Técnico de Canto Erudito; canta no Madrigal de Brasília; e cursa Licenciatura em Música na Universidade de Brasília.
Raquel Chiarelli (viola da gamba) iniciou seus estudos musicais como violoncelista. Integrou a classe de Guerra Vicente na Universidade de Brasília e a Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro. Desde 1999, porém, Raquel se dedica exclusivamente à música antiga, especialmente à viola da gamba, sob a orientação de Cecília Aprigliano (Brasil), Ricardo Rodríguez (Holanda) e Jonathan Dunford (França). Sua formação inclui aulas com Nanneke Schaap (Holanda), Paolo Pandolfo (Suíça), Rainer Zipperling (Alemanha) e Marianne Müller (França). Apresenta-se regularmente como solista e integrante de grupos de câmara, tais como “Affectus,” ”Sonare”, “Terpsichore“ e “Atalanta”.
Diogo Queiroz (alaúde) é bacharel em mu?sica pela Universidade de Brasi?lia na classe de Eusta?quio Grilo. Em 2001, iniciou seus estudos em alau?de com o professor Fernando Dell ?Isola na Escola de Mu?sica de Brasi?lia, onde se formou no curso técnico em alau?de. Desde o segundo semestre de 2014, desenvolve pesquisa acerca da música para alaúde de Vincenzo Galilei no mestrado em música da UnB. Participou de master classes de alaúde, tiorba e guitarras antigas com diversos professores como: Regina Albanez, Dolores Costoyas, Euge?ne Ferre? e Hopkinson Smith.
Heitor Granafei (direção cênica) iniciou seus estudos de teatro na Faculdade Dulcina de Moraes em Brasília, e fez mestrado em Estudos Teatrais na Universidade de Paris 3 – Sorbonne Nouvelle e cursou o Laboratório de Estudo do Movimento na Escola Internacional de Teatro Jacques Lecoq.
Serviço
Ficha Técnica
Música: François Couperin
Músicos: Fernanda Vaz, Isabel Quintela, Raquel Chiarelli e Diogo Queiroz
Direção: Heitor Granafei
Cenografia e figurinos: Maria Carmen
Iluminação: Marcelo Augusto
Vídeo: Fernando Gutierrez
Produção: Sistrum Produções Musicais / Succès d’Estime Produções
O que: Tenebrae – Sessões Extras
Local: Teatro Goldoni
Data: 21 e 22 de março
Horário: Sábado às 21 horas; domingo às 20 horas
Quanto: R$ 40 inteira e R$ 20 meia
Censura: 14 anos
Endereço: EQS 208/209 – Casa d’Italia – entrada pelo Eixo L – Metrô Estação 108 Sul
Informações e reservas: (61) 3244 3333/ 3443-0606 – [email protected] (bilheteria aberta 2h antes do espetáculo)
