Por cima das fortes batidas eletrônicas, elas colocam suas vozes e cantam músicas que questionam a sociedade, retratam os excluídos, falam de bebidas, drogas, homens e carros. O funk carioca, o melódico, o proibidão, e o ostentação, originado em São Paulo, têm ganhado a capital federal.
Com codinomes que as popularizam nas pistas, MC Jenny – a sensação do momento –, MC Monstra, MC Bandida e MC Sarada são algumas dessas mulheres que mostram que o funk brasiliense começou a criar as suas raízes e particularidades.
Nas pistas, Adriana Santos, 27 anos, se transforma. Com shorts curtos, calças leggings, boné na cabeça e um salto plataforma, ela vira a MC Monstra. Publicitária e hoje assistente de um banco, a funkeira do Guará se vira de dia nos outros empregos. Mas, nas noites, corre atrás das batidas do pancadão.
Afinal, é com a carreira da música que ela sonha desde pequena. “Eu cantava sertanejo ainda bem novinha. Quando vi o funk crescer no País e em Brasília pensei: Já que não toco nenhum instrumento e ainda não consegui formar uma banda, vou investir no funk que é um gênero independente”, conta MC Monstra em entrevista ao JBr..
Pela culatra
E foi batendo de porta em porta, e de estúdio em estúdio que ela começou a se projetar. A princípio, negativamente. Em outubro de 2013, a cantora conseguiu gravar sua primeira música e clipe em um estúdio. A canção de sua autoria, Mulher Ostenta, foi sucesso de visualizações no YouTube. No entanto, não agradou. “O clipe era muito ruim mesmo e tinha sido mal editado. Mas bombou. As pessoas assistiam para falar mal. Mas não teve problema, continuei a escrever minhas letras”, comenta.
Hoje, Adriana conta com sete canções que pegaram. O hit O Quê Que Isso, um dos seus maiores sucessos, chegou a ser tocado nas rádios. Falta agora o esperado patrocínio para ir mais longe.
“Funk é cultura, fala das periferias do País. Não acho que temos que cantar pelada para nos projetar, embora sei que alguns achem essa a forma mais fácil de atingir a fama”, pontua.
Dançando com bandidagem e fisiculturismo
E se é para cantar, dançar e fazer funk, a brasiliense do Varjão, Valéria Maria de Santana, assume a personalidade de MC Bandida. Com um visual “paniquete”, a jornalista de 28 anos escolheu seguir o caminho da música. Ela conheceu os integrantes do grupo de funk Bonde Tesão e resolveu chamar o vocalista para cantar. De uma suposta brincadeira, já conta com mais de 35 canções.
“Participei ativamente das manifestações de 2013, daí veio o nome MC Bandida. O funk tem essa característica de protesto”, explica a funkeira.
Em forma
Quem também está investindo firme na carreira é Vanessa Soares. A fisiculturista assina como MC Sarada e decidiu viver de funk. Sucesso com o hit Tô Rebolando, ela pretende incentivar o gênero em Brasília.