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O Dia Nacional da Mulher Negra e o fundamental papel de cada uma na sociedade

Arquivo Geral

25/07/2017 6h30

Foto: Divulgação

Larissa Galli
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O Brasil comemora hoje o Dia Nacional da Mulher Negra. Para celebrar e reconhecer a importância desta data, o JBr. conversou com mulheres negras que estão no cenário cultural sobre a participação delas na sociedade e na produção artística brasileira. “A arte está muito ligada às mulheres negras. O processo de resistência e resiliência ao racismo, por exemplo, é muito ligado à arte, pintura, escrita, poesia, poemas, performance. As mulheres negras sempre se expressaram de alguma forma”, defende a escritora Stephanie Ribeiro, famosa nas redes sociais por seu ativismo.

“No Brasil, as pessoas ainda têm dificuldade em entender que existem artistas negras”, explica Stephanie. Ela é arquiteta, escritora e ativista feminista negra, e, junto com Ana Maria Sena, ilustradora e estudante de arte plásticas da Universidade de Brasília, criaram o site Afronta com a ideia de valorizar as história das mulheres negras. Hoje, outras duas mulheres completam a equipe do site: Patrícia Azevedo, especialista em Artes Cênicas e escritora, e Phran Noctuam, que desenvolve um trabalho mais voltado para a periferia, com grafite e rap.

O projeto funciona de forma colaborativa: as administradoras disponibilizam as redes para que mulheres negras enviem suas histórias e fotos. Com isso, ilustram as histórias a partir da foto enviada. “Infelizmente a gente vive num contexto em que as pessoas não estão acostumadas a ver mulheres negras no cenário artístico, e o objetivo é quebrar essa barreira”, explica Stephanie.

Ícone da música brasileira e uma das mais importantes representantes do movimento negro no Brasil, Elza Soares rompeu barreiras e se consolidou como referência da cultura brasileira no Brasil e no exterior. “Enfrentei muito o preconceito, fui a primeira negra a cantar em boates onde negros não tinham acesso. O meu canto me ajudou a me posicionar e me colocar em um lugar em que podia brigar por igualdade”, conta a cantora, considerada a “melhor cantora do milênio” pela BBC e que estará em Brasília no próximo mês para o show Elas cantam da Bossa ao Samba, com Mariene de Castro, Zélia Ducan e Wanda Sá. .

No auge de seus 80 anos, Elza é sinônimo de luta. “Enquanto tiver alguém para me escutar, vou gritar para ver se consigo fazer algo por alguém que precisa!”, finaliza Elza cujo último álbum, intitulado A Mulher Do Fim Do Mundo, conquistou o Grammy Latino na categoria de melhor álbum de música popular brasileira.

MC Carol é negra, carioca da periferia e faz diversos shows pelo Brasil, levando suas músicas sobre feminismo e a realidades das favelas brasileiras. Consciente da responsabilidade que têm, MC Carol explica que “se tivesse que colocar numa pirâmide como a sociedade trata as pessoas, os homens brancos estão lá no topo, depois as mulheres brancas, depois os homens negros e lá embaixo as mulheres negras, que em sua maioria estão na periferia e nunca foram representadas”. Ela ainda conta que “quando os fãs me escrevem falando que se identificam com algo que eu falo, que se sentiu representada, é tudo pra mim”.

Foto: Divulgação divulgação  MC Carol tem consciência da importância do papel que exerce e percorre o Brasil com suas músicas sobre feminismo e a realidade das favelas

Foto: Divulgação
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MC Carol tem consciência da importância do papel que exerce e percorre o Brasil com suas músicas sobre feminismo e a realidade das favelas

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A data foi instituída pela Lei nº 12.987/2014, inspirada no Dia da Mulher Afro-Latina-Americana e Caribenha, criado, em julho de 1992, como um marco internacional da luta e resistência da mulher negra no mundo. Essa data celebra também o Dia Nacional de Tereza de Benguela, uma líder quilombola que viveu no atual Estado de Mato Grosso durante o século XVIII. A “Rainha Tereza”, como ficou conhecida, assumiu a liderança do Quilombo de Quariterê após a morte do companheiro, José Piolho, por soldados comandados pelas autoridades locais.

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