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Mostra aberta ao público reverencia os Parangolés de Hélio Oiticica

Arquivo Geral

07/08/2014 16h26

A partir desta quinta (07), os brasilienses terão a chance de relembrar a estética livre e provocativa de Hélio Oiticica. Uma releitura dos Parangolés, com obras de estilistas e figurinistas de Brasília, ganha uma exposição no Brasília Shopping. Parangoleando fica em cartaz até o dia 31 de agosto e apresenta ao público da capital uma coletânea inédita de fotos de criações inspiradas no legado desse ícone da irreverência artística. “A liberdade, a subversividade e a estética que teceram a história tão peculiar de Oiticica com a arte foram a base para o trabalho dos profissionais de Brasília”, afirma Fernando Guimarães, que junto com seu irmão, Adriano, assina a curadoria da mostra.

Como idealizadora do projeto, a publicitária Cláudia Pereira observa que a exposição foi pensada para espalhar a brasilidade e difundir o legado de um mestre. Ela lembra que Hélio Oiticica conquistou espaço no cenário artístico com trabalhos que extrapolam a mera contemplação. Entre as obras mais conhecidas da década de 1960 estão justamente o Parangolés. “Convidamos Adriano e Fernando Guimarães para que pensassem uma mostra que trouxesse Oiticica ao século 21, que regasse nossa memória com releituras da obra do homem livre e criativo que foi, que mostrasse a todos que ele sempre será fonte de inspiração”, afirma.

Os curadores reforçam que Oiticica pensava os Parangolés como a fusão de elementos, a união de cor, dança, poesia e música. “Somente o movimento de vestir o Parangolé revela plenamente suas formas e texturas. Escolhemos a fotografia como plataforma da exposição porque ela registra exatamente o momento da utilização da roupa, pois para Oiticica os Parangolés só faziam sentido se fossem usados”, acrescentam os Guimarães. 

Para a equipe que trabalhou no projeto, nada mais apropriado que festejar Hélio Oiticica com obras tecidas pelos profissionais de Brasília, no shopping que sempre abriu os braços para a cultura e tem um laço forte com a arte e a arquitetura. “Parangoleando é um brinde à originalidade e ousadia desse artista ímpar. Captar seu universo, sua viagem, foi o desafio dos estilistas e figurinistas escolhidos para esse tributo. A moda e a arte são companheiros de longa data”, considera a gerente de marketing do Brasília Shopping, Maíra Garcia. Ela observa que o centro de compras é um monumento da cidade. “Abrir as portas para artistas e artesãos que preservam a cultura do nosso país, é mais do que um objetivo do Brasília Shopping, é a nossa vocação. Parangoleando traz para o nosso mall os ares de Oiticica. Para ele, o museu era o mundo”, provoca.

 

O Parangolé de cada estilista aos olhos de Marília Panitz

Referência no cenário artístico da capital e mestre em Teoria e História da Arte pela UnB, Marília Panitz descreveu o trabalho de cada um dos talentos que toparam o desafio de homenagear Oiticica em um editorial feito especialmente para Parangoleando. São dela as descrições abaixo.

Ana Paula Osório – “E se você fecha os olhos, a menina ainda dança… até o sol raiar”. Sua capa voa … azul celeste e amarelo flutuam, céu e sol. O avesso dessa paisagem é o laranja furtacor. Cor de Hélio Oiticica. Mas a capa esvoaçante é de tafetá de seda. Camadas de tecido sobreposto. Ana Paula escolheu a menina pela garantia do movimento constante. Uma menina bailarina, uma menina sambista, uma menina que brinca.

Cynthia Carla – À primeira vista, somos surpreendidos pela ausência do colorido esfuziante: a roupa é feita em preto, branco e bege claro. Aquele das luvas finas de borracha, pois é com elas que o modelo é criado. Cyntia foca sua proposta nos materiais de Hélio, na experimentação característica das capas do artista. Sua capa remete a asas e aos boás das divas de antes. Remete ao luxo dos materiais alternativos nas fantasias de escola de samba.

Taiana Miotto – Se observarmos esta capa vermelha, amarela e verde, feita de camurça, descobrimos o próprio desenho do couro, que conserva a forma do animal. Como não lembrar das roupas ancestrais, primitivas? Esta é uma capa que se molda no corpo de quem a veste. Não há uma forma de vesti-la – é roupa para brincar, para dançar. A textura e o movimento são surpreendentemente fluidos. Vemos as suas possibilidades quando ela se move com o corpo – no caso, o da própria estilista.

Eduardo Barón – Dudu conta que este é um parangolé dior, haute couture… Daqueles modelados direto no corpo, com muitos drapeados. A tônica da proposta? A fantasia, o delírio. É uma criação cênica. E o material? Plástico – daquele barato mesmo, 80 metros nas cores que remetem a paleta de HO: verde, prateado, rosa (como na Mangueira), vermelho e amarelo. Sobre um vestido de lona plástica amarela, feito para a atriz Bidô Galvão, foi colocada uma anágua de plástico translúcido, com uma crinolina (aquelas armações para os vestidos vitorianos, que vemos nos filmes de época).

Leo Alves – Uma enorme capa plissada, meio rosa, meio azul clara, em tafetá de seda. Um luxo que “desafina” a proposta, mas volta a ela pela evolução do performer. As barbatanas que, na barra, ampliam o movimento, nos fazem lembrar as danças de Loïe Fuller, filmada pelos irmãos Lumière no nascimento do cinema. Pelo deslocamento, vislumbramos o verde e o vermelho. Leo escolhe a paleta de HO e a subverte com o material. Por baixo da capa, o modelo veste um macacão de renda. O luxo comparece como uma alusão à arte da escola de samba.

 

SERVIÇO

Exposição Parangoleando

Data: de 7 a 31 de agosto 

Horário: 10h às 22h

Entrada Franca

Local: Brasília Shopping – praça em frente à Caixa Econômica

Classificação indicativa: livre

Mais informações para o público:

Brasília Shopping – (61) 2109-2122

www.brasiliashopping.com.br

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