Renata Noir
*Especial para o Jornal de Brasília
A nova série do Canal Brasil, criada e dirigida por André Weller, dará ao público a oportunidade de conhecer mais sobre o universo de uma das publicações mais importantes da história brasileira. Com 13 episódios de 25 minutos de duração cada um, a série As Grandes Entrevistas do Pasquim vai dramatizar contundentes entrevistas feitas pelo jornal carioca criado no final de 1968. A estreia está prevista para o segundo semestre de 2014.
Desde a edição numero um, O Pasquim sempre trazia uma grande entrevista, quase sempre publicada sem edição. Idealizado pelos cartunistas Jaguar e Ziraldo e pelos jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral, o impresso tinha um conteúdo crítico e fazia uso de humor inteligente, sempre com a intenção de buscar a reflexão, propondo soluções em um momento em que a mídia brasileira estava distante dessa função. A primeira edição saiu em junho de 1969, com uma tiragem inicial de 20 mil exemplares. O semanário chegou a atingir a marca de 200 mil em seu auge, em meados dos anos 1970, se tornando um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro.
Clima da época
É nesse universo transgressor que vai girar a série, que atualmente está em fase de edição. O diretor André Weller conta que desde muito criança tinha contato com o universo de O Pasquim. “Parti de uma experiência pessoal: meu pai era colecionador e o jornal era muito chamativo para crianças”, lembra André, que decidiu ser cartunista por causa de Ziraldo, de quem era fã. Segundo ele, a séria vai recriar o clima em que eram feitas as entrevistas, sendo esta a razão da não existência de cenário. “Temíamos que a recriação da época, com cenários e figurinos, se sobrepusesse ao conteúdo”, explica Weller.
No total, foram pouco mais de mil entrevistas ao longo de 22 anos de existência. O programa vai dramatizar 13, divididas assim: As Musas (Leila Diniz, Dina Sfat e Elke Maravilha), Políticos (Carlos Prestes, Teotônio Vilela e Jânio Quadros, Lula), Comportamento (Fernando Gabeira e Madame Satã), Música (Chico, Cazuza e Agnaldo Timóteo) e Esporte (Tostão).
Feito para as novas gerações
A última entrevista da série retrata Lula em 1979, quando era líder sindical no ABC. O produtor e roteirista da série, Rick Goodwin, que foi editor de O Pasquim por 14 anos, lembra que a fama de Lula já havia chegado na redação do jornal à época, mas que foi preciso mandar um repórter até o ABC para comprovar. “Ele ligou dias depois dizendo que Lula era o cara”, brinca.
Rick foi editor de todas as entrevistas que agora vão ao ar e explica a emoção de reviver momentos que marcaram o País. “As pessoas envolvidas no projeto viveram um pouco do que vivi anos atrás”, diz.
O diretor André Weller conclui lembrando que o objetivo da série é mostrar, para as novas gerações, momentos que ele chama de alinhamento de astros. “Dava certo porque reunia um grupo de astros em um momento difícil demais para o País, mas que acabou favorecendo a criatividade”, finaliza.