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Viva

Filmes nacionais recentes que entraram em circuito mostram relações por um prisma colorido

Arquivo Geral

08/02/2016 10h06

Xavier (Gregório Musatti) é um menino de 11 anos que não sabe bem o motivo, mas admira um garoto mais velho. Seu pai, Nicolas (André Guerreiro), observa a descoberta da sexualidade do filho. A sinopse do curta Xavier pode surpreender alguns, mas é uma temática que está cada vez mais frequente no cinema nacional. Um exemplo disso é a repercussão do projeto, viabilizado graças a uma campanha de financiamento coletivo. “Conseguimos mais de 300% do valor inicial”, comemora o diretor Ricky Mastro.

O roteiro, escrito em conjunto com Eduardo Mattos, surgiu após a leitura de uma reportagem europeia. O cineasta, que mora na França, se inspirou no caso de um pai que aprendeu a lidar com o filho gay. “Acho essencial que tratemos a pré-sexualidade de pré-adolescentes que estão se descobrindo. Ter essa história contada na tela dá a oportunidade de as pessoas verem a sua história contada, se sentirem sempre mais e mais integrados em nossa sociedade”, acredita o cineasta.

O filme ainda não foi exibido e a expectativa é de que estreie ainda no primeiro semestre, dependendo do calendário de festivais de cinema nacionais e internacionais.

 Diversidade

Filipe Matzembacher e Marcio Reolon dirigiram Beira-Mar, que estreou nos cinemas em 2015. O filme também fala sobre a sexualidade, desta vez de dois amigos amigos adolescentes. Eles se conhecem melhor no frio do inverno gaúcho. “O cinema brasileiro em geral tem se expandido, e com ele se espera que exista mais diversidade”, comentam os cineastas sobre a questão homossexual nas telonas brasileiras. “Temos visto uma crescente onda conservadora no País, seja na sociedade civil, seja na política institucional e na mídia. Acredito que parte dessas produções surjam como resposta a essa tentativa de retrocesso”, completam.

Beira-Mar passou em diversos festivais de cinema do mundo e a recepção foi ótima, segundo os diretores. “Temas de juventude e amadurecimento são universais, independentemente da localidade”, comentam. Filipe e Marcio atualmente estão em pré-produção do novo longa, GarotoNeon, que deve ser rodado ainda este ano. “(O filme) fala sobre juventude e sexualidade, porém narrando o dia-a-dia de um performer erótico da web”.

As cores que não têm muita representação

Daniel Ribeiro, que estreou no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro de 2007 com o curta Café Com Leite, ganhou repercussão nacional e internacional com o sucesso de Hoje Eu Quero Voltar Sozinho – seu primeiro longa. A produção foi escolhida para representar o País na corrida do Oscar de melhor filme estrangeiro em 2014.

O diretor acredita que, hoje, os brasileiros estão mais abertos à temática gay. “Os homossexuais, que antes viviam escondidos, dentro do armário, passaram a fazer parte da sociedade abertamente, e isso influencia a forma como a sociedade trata o assunto”, opina. “O tema deixou de ser tabu, pois grande parte das pessoas conhece alguém que é homossexual, seja no trabalho, na escola ou na própria família. Acho que, por isso, o tema ganhou mais visibilidade”.

Casal trans

Mas ainda há segmentos que não são bem representados na sétima arte. “Se comparados aos filmes com personagens homossexuais masculinos, os que retratam lésbicas e transexuais realmente têm menos visibilidade”, lamenta. Se depender do diretor, contudo, isso vai mudar. “Estou trabalhando no roteiro de um longa que conta a história de amor de um casal trans adolescente. A ideia é focar também nas questões universais, como o primeiro amor”, antecipa.

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