Lúria Rezende
Especial para o Jornal de Brasília
Pontos de trânsito de pedestres em grandes cidades, as estações de metrô e rodoviárias de ônibus tornam-se um cenário quase invisível para quem está sempre correndo contra o relógio. No intuito de democratizar o acesso às manifestações artísticas em lugares onde a cultura é escassa, o coreógrafo italiano Camillo Vacalebre, com a participação dos dançarinos locais Rosa Schramm e André Kainan, trazem 28 apresentações de dança contemporânea com o programa Disseminar Contato – Estação, de hoje até 11 de junho.
Com a proposta de levantar uma reflexão sobre contato físico nas relações cotidianas, as performances são apresentadas em ambientes de grande circulação como as Rodoviárias do Plano Piloto, Sobradinho e de São Sebastião, e em estações de metrô do Guará, de Taguatinga, Ceilândia e de Samambaia. “Me interessa a complexidade das relações humanas nas paisagens urbanas marcadas pela rápida circulação, junção e redirecionamento de pessoas”, explica Camillo.
Segundo o coreógrafo, Disseminar Contato – Estação pode ser considerado como outra etapa do projeto DisseminAção Com Tato, realizado em 2010, e também contemplado pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC).
Espaço público se transforma em cenário
“Já apresentei outros trabalhos em estações, praças, ruas, faixas de pedestres e até dentro de meios de transporte públicos, no Brasil e na Itália”, ressalta Vacalebre.
Sem um roteiro definido, sem recursos cênicos e tendo a estação como palco, três dançarinos inserem no espaço público coreografias instantâneas de contato e improvisação, criando um insólito “lugar de intimidade”, e a possibilidade de modificar a percepção habitual do corpo e do espaço. Cada performance tem 40 minutos de duração. O objetivo do projeto é formar público para a dança contemporânea e democratizar o acesso às manifestações artísticas.