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Volta de Jobson ao DF marca mais um caso de atleta preso tentando se reerguer

Arquivo Geral

15/05/2018 18h56

Divulgação

Gabriel Lima
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Seja dentro ou fora de campo, jogadores de futebol em atividade ou já aposentados recebem seguandas chances, por meio do esporte, depois de uma prisão ou de envolvimento com drogas. Motivado pela recente contratação de Jobson pelo Brasiliense, o Jornal de Brasília foi atrás de alguns exemplos similares.

Na última terça feira (8), o jogador, revelado pelo Jacaré, anunciou que estava de volta ao clube onde foi bicampeão candango entre 2007 e 2009, e a informação foi confirmada pela presidente Luiza Estevão. Liberado da prisão no último dia 27, o atacante passou os últimos três anos suspenso por conta da recusa a um exame antidoping quando jogava no Al-Ittihad, da Arábia Saudita, e ainda acumulou três detenções, uma delas por estupro de vulnerável.

Em entrevista, a presidente do Brasiliense deixou claro a vontade de ajudar o jogador, prata da casa. Com o histórico de problemas ao longo da carreira, Luiza se certificou que o atleta de 30 anos está afim da parceria. “Ele mostrou interesse em voltar, lógico que com a proposta de se recuperar e mostrar o que tem de futebol”, completou. Apesar de já ter anunciado a contração, a chegada de Jobson ainda não tem previsão, já que depende da liberação do juiz responsável pelo caso.

Segunda chance ?

Esse não foi o único caso de clubes que fecharam contrato com um jogador após sua saída da prisão. No ano passado, o Boa Esporte-MG surpreendeu ao anunciar a contratação do goleiro Bruno, condenado a mais de 22 anos de prisão após mandar matar Eliza Samúdio. Mesmo com protesto por parte de alguns torcedores e a perda de vários patrocínios, os dirigentes do clube mineiro bateram o pé e mantiveram o atleta na equipe até a justiça ordenar sua volta ao encarceramento.

Em entrevista ao JBR., Rildo Moraes, diretor de futebol do Boa, alega que o motivo para essa contratação foi a busca da reinserção do atleta na sociedade. “Na constituição fala que nós, empresa, temos que ajudar na ressocialização dessas pessoas que saem da prisão e esse foi o motivo pelo qual contratamos o Bruno. Ele é jogador de futebol, então ele vai jogar futebol”. Mesmo na prisão, o atleta é esperado pelo clube para poder seguir a carreira. “Ele ainda tem um contrato com a gente. Está suspenso enquanto ele estiver na cadeia”, respondeu o dirigente.

Divulgação

Com o intuito de ajudar um jogador que brilhou na equipe no início dos anos 2000, o Vasco da Gama buscou uma clínica de reabilitação para o ex-atacante Valdiram, que estava morando na rua. O Vice presidente de ações sociais do clube carioca, José Pinto Monteiro, comentou sobre a situação do ex-atacante. “Desde a reportagem, que comentava a situação dele até a internação com a ajuda do Vasco se passaram 24h. Nós o encontramos debaixo de uma marquise em frente ao estádio do Bonsucesso [clube que disputa a segunda divisão estadual]”, explicou.

Desde que entrou na clínica, localizada em Vargem Pequena, o clube carioca se mantém informado das necessidades e das evoluções do atleta. “Estamos tentando o contato com a família e mantemos um grupo de assistência social que o acompanha clinicamente”, disse ele, completando com bons votos à recuperação do atleta.

O psicológico

Em um esporte de alto rendimento, a cabeça do atleta e como ele se porta às pressões são tão importantes quanto a própria habilidade. Outro exemplo é o do zagueiro Breno, que, muito jovem, foi contratado pelo Bayern de Munique junto ao São Paulo e, bêbado, ateou fogo em sua casa para, supostamente, ganhar o dinheiro do seguro.

Paulo Fernandes / Flickr do Vasco

A psicóloga clínica esportiva, Renata Vale, salienta que o esporte se encaixa como um meio eficaz para a ressocialização. “De modo geral, o esporte tem muitos valores, como a exigência pelas regras, o respeito, a superação. Ele reproduz uma parte de nossa sociedade”. Mas ela adverte. Apesar de pontos positivos, ele não dá conta de tudo sozinho. “Há uma romantização do esporte. É claro que tem valores nobres, mas é preciso levar em conta muitos outros aspectos, como o individual, o familiar, a cultura do atleta”.

Perguntada especificamente sobre o caso de Jobson, ela acredita que o jogador possa mudar a postura fora dos gramados. “O Brasiliense está dando uma chance ao indivíduo e mostrando que acredita no potencial dele. É muito bom porque eles entendem que a situação [uso de drogas] pode ter sido tomada por outros motivos e não o vício”, completou.

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