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Vítimas de câncer usam a canoagem como forma de vencer a doença

Arquivo Geral

08/03/2018 7h00

As meninas do CanoMama superaram o câncer com o ajuda da canoagem. Foto: Myke Sena

Gabriel Lima
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Muitos médicos recomendam evitar atividades físicas para mulheres que venceram o câncer de mama. Mas o projeto CanoMama, desenvolvido no Lago Paranoá, está aí para desmistificar isso. O grupo, formado por atletas que já passaram por mastectomia – retirada total ou parcial das mamas – mostra que a canoagem é um esporte que acrescenta, e muito, na recuperação e na prevenção de sérias complicações da doença.

Oriundo do Canadá, a base do projeto foi elaborada pelo médico Don Mackenzie. Ele descobriu que a prática da canoagem era um bom remédio para o linfoedema, uma espécie de fluido corporal que faz com que o braço inflame. Esse linfoedema é uma das complicações da mastectomia.

Em 2015, depois de aplicar a metodologia em vários países, uma entidade de canoagem do Canadá escolheu Marcelo Bosi para desenvolver o projeto no Brasil. Referência da modalidade no país, ele definiu que sua aluna, Larissa Lima, que estava em tratamento para curar um câncer, seria a primeira mulher da América do Sul a experimentar a prática.

Com o tratamento, aliado à canoagem, Larissa Lima superou o câncer e encarou essa oportunidade como uma missão para ajudar outras mulheres na mesma situação. “Quando isso chegou a mim, eu não sabia se sairia viva, mas prometi que, se eu me curasse, faria esse projeto acontecer”, explicou Larissa.

E foi assim que, três meses depois, já com a doença superada, Larissa criou o CanoMama e passou a remar com mulheres que também viviam o drama da doença.

Vendo o projeto crescer a cada dia, Larissa não esconde a emoção de ajudar outras pessoas. “Eu me sinto grata pela oportunidade de estar viva. Então, quero compartilhar essa gratidão com essas mulheres”, explica. Para ela, o orgulho já viria se tocasse apenas uma pessoa. Agora, com engajamento, ela se sente vitoriosa.

Alguns meses após o início do treinamento, a primeira equipe brasileira de Dragon Bolt, embarcação chinesa, viajou para Santos e participou de uma competição que reuniu mulheres de todo o país que enfrentaram o câncer.

A vitória em três das quatro baterias garantiram muito mais do que o primeiro lugar para a turma de Brasília. Mostrou para essas mulheres que existe vida após o câncer. “Era uma clínica para a gente se conhecer, termos aquela sensação de liberdade e para botarmos todos os nossos monstros para fora”, explica Larissa Lima.

Desde a criação do CanoMama, Rozélia da Silva participa do grupo. Para ela, essa é mais uma barreira que foi quebrada pela força de vontade. “As pessoas acham que, com a limitação do movimento, você tem que parar. Mas não, essa é uma forma de você “burlar” a natureza”, conta.

Ajuda

A equipe ainda arrecada fundos para garantir a participação em mais um competição internacional. No meio deste ano, as meninas do Canomama pretendem disputar um torneio em Florença, na Itália. Mas, para isso, precisam de apoio.

Saiba mais

O CanoMama conta com três parceiros. A Mahalo Va’a cede a estrutura; a CPP oferece um treinamento técnico e a Clínica Aliança que, além de ajuda financeira, dá suporte médico para as atletas. Sabrina Capita, enfermeira da clínica, recomenda a prática do esporte. “Eu consigo acompanhar o estado das pacientes que não fazem nada e daquelas que fazem o remo. Nenhuma delas tem o linfoedema”.

E para quem quer entrar para o CanoMama ou apenas ajudar, basta entrar em contato com Larissa Lima, pelo telefone:
9 9216-1806, ou na página do Canomama no Facebook. A participação é gratuita.

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