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Mesmo sem investidores, equipe de ginástica acrobática do DF faz bonito

Arquivo Geral

08/03/2018 21h19

Myke Sena

Gabriel Lima
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Em 2008, quando Brasília ainda não tinha aberto suas portas para a ginástica acrobática, coube à professora Márcia Colognese apresentar um projeto à Secretaria de Educação para começar a lecionar o esporte. Foi nesse ano que surgiu a primeira turma da modalidade na capital. Foi assim que a Associação da Associação de Ginástica Acrobática do Distrito Federal, mais conhecida como Akros, surgiu. O objetivo era ajudar os atletas de elite que não tinham apoio para a prática do esporte ou para competir, além de difundir o esporte entre crianças, adolescentes e adultos. Hoje, o projeto conta com 52 atletas e 100 alunos.

Inicialmente formado por nove meninas, a associação demonstrou, desde o seu início, que daria bons frutos. À época, os treinos eram todos no Centro Integrado de Educação Física (CIEF), localizado na Asa Sul. Com apenas três meses de treinamento, a equipe viajou para um campeonato nacional da categoria que foi disputado em Guarulhos, São Paulo, e fez bonito. Já nessa primeira competição, a capital foi condecorada com duas medalhas de ouro. Essa foi a primeira vez que Brasília esteve presente em um campeonato da categoria.

Não durou muito para que a professora conseguisse mais uma vitória. Em 2011, houve uma mudança. Do CIEF, os treinamentos tiveram avanço e passaram a ser realizados no complexo do Ginásio Nilson Nelson. Os aparelhos que, segundo Colognese, são os melhores que existem para a prática do esporte, foram concedidos pelo Ministério do Esporte. A estrutura que o Governo do Distrito Federal oferece é a melhor possível. “A nossa estrutura é a melhor em ginástica acrobática. E esse material é utilizado em todas as competições mundiais. Estamos muito bem servidos”, disse.

Em fevereiro deste ano, a Akros viajou para Las Vegas, nos Estados Unidos, para participar da 2ª Vegas Acro Cup. Essa foi a única equipe do Brasil a participar do torneio, que ainda contou com 50 clubes de oito países diferentes. E elas voltaram com ainda mais conquistas para a ginástica acrobática brasileira. Não foram medalhas de ouro, mas o aprendizado veio somado com o segundo e terceiro lugar. Na categoria Youth, para atletas entre 12 e 18 anos, Sofia Linhares, Beatriz Wosiach e Ana Júlia Franceschini, garantiram a prata, enquanto Ester Silva e Ana Júlia Brasileiro, o bronze.

Ester Silva, de 18 anos, pratica a ginástica há 11 anos e foi para a sua segunda competição internacional. Para ela, essa foi uma conquista que coroa todo o treinamento que foi feito. “A gente teve todo o trabalho de treinar por horas, de se esforçar, valeu muito à pena. A gente se apresenta por poucos minutos, mas esses poucos minutos valeram muito o esforço”, disse. Com tantos anos na ginástica, ela pretende seguir uma carreira no esporte. “É algo que eu gosto, que já faz parte da minha vida e que não tem como tirar. Eu amo muito”, completou.

Bia Wosiach, de 8 anos, está na equipe desde o ano passado. Ela foi para o seu primeiro campeonato internacional. “Foi muito legal, eu gostei muito”, diz ela. Sua ambição é evoluir cada vez mais. “Que eu consiga fazer todas as coisas que eu ache mais difíceis”.

Apoio

Como um projeto que não tem fins lucrativos, a Akros precisa de apoio. Hoje, os únicos apoiadores são o UniCEUB, que contribui na parte psicológica, na nutrição e na fisioterapia, e a Secretaria de Esportes, que oferece apoio por meio do “Compete”, que é um fundo para ajudar atletas de alto nível com passagem, alimentação, transporte, material. Mas, para essa copa Acro, o projeto do Governo não foi utilizado devido à falta de tempo hábil. Assim, por não contar com um apoio financeiro, a viagem só foi possível com muito esforço dos pais e responsáveis das atletas. “Eles fizeram muitas arrecadações em praças e apresentação em shoppings. Quando vimos que não ia dar, uma mãe se sensibilizou e passou, no cartão dela, a passagem de todas as crianças em 10x”, contou.

E, segundo Márcia, ainda falta muita coisa. Faltam recursos para a compra de coisas básicas e de utensílios específicos. “Pela falta de verba, nós não temos dinheiro para pagar a condução do aluno que, muitas vezes, os pais não têm condição de pagar, e a alimentação, que acaba sendo precária e atrapalha nos treinamentos pelos altos riscos de lesões. Perdemos atletas porque não temos condições de comprar o colã para as competições”, lamentou.

É claro que com a divulgação, a Akros consegue tocar muitas pessoas e popularizar a modalidade, mas só isso não basta. “Muitas pessoas parabenizam, falam que a gente precisa de mais apoio do governo, mas não recebemos nenhuma proposta de apoio”, afirmou.

Cada vez mais alunos aparecem para o projeto, que tem condição estrutural para recebê-los. Porém, há outra limitação. “A realidade é que a gente precisa de mais professores. Hoje, somos apenas três. A gente poderia ter o dobro, mas não tem como atender porque faltam profissionais e apoio”, explicou.

Apesar de tantas dificuldades, Márcia se sente orgulhosa. Mesmo com a falta de verba e apoio, sua equipe se mantém em alto nível, entrando sempre para disputar os primeiros lugares. “Eu me sinto realizada, porque são tantos anos de investimento, não só de dinheiro, mas também de tempo. Tem que investir muito tempo para ser uma técnica de ponta. É muito esforço, mas eu acho que no final vale a pena”.

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