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Futebol

Goiás e Sport são intrusos no torneio pouco democrático e dividido em duas regiões

Arquivo Geral

09/12/2014 8h20

A emocionante última rodada do Brasileirão deste ano reservou um parâmetro interessante para a disputa da elite do futebol do País em 2015. Entre as 20 equipes que disputarão a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, apenas duas não pertencem às regiões Sul e Sudeste: Sport (PE) e Goiás (GO). 

Os outros 18 clubes estarão divididos entre São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, com um recorde de quatro representantes no certame em 2015. 

Além de curioso, o fato também será inédito, pelo menos na era dos pontos corridos. Desde 2003, as regiões Norte ou Nordeste foram representadas por, pelo menos, três clube em cada edição. Pelo Norte do Brasil, apenas o Paysandu chegou à Série A com a implementação do novo formato. 

O Papão, inclusive, integrou a Série A entre os anos de 2003 e 2005, quando foi rebaixado junto com o Brasiliense, último candango na Série A. Desde então, a equipe alviceleste não retornou à principal divisão do futebol brasileiro. 

O ano de 2003, quando o campeonato ainda contava com 24 agremiações na disputa, também marcou a única ocasião em que foram cinco os representantes do Norte e Nordeste. 

Desde então, o número máximo de times da parte de cima do Brasil foi quatro. Neste ano, os laureados foram o Sport (PE) e os arqui-rivais Bahia e Vitória, ambos da Bahia. A dupla Ba-Vi, porém, amargou o rebaixamento à Série B.

Perigo financeiro

Diretor da área de consultoria da Golden Goal Sports Ventures, Ricardo Hinrichsen   não vê com bons olhos a menor representatividade do Norte e do Nordeste e alerta para os perigos que a diminuição de regiões representadas no Brasileirão pode acarretar do ponto de vista econômico. Os riscos já começam na busca por investidores.

“Isso é péssimo. Significa, do ponto de vista do patrocinador, que o produto passou a ser mais atraente. O mercado de patrocínios não está fácil, por uma série de fatores”, opina.

Saiba mais

Por muito pouco, o nordeste brasileiro não foi responsável por garantir mais um representante na Série A.

O Ceará liderou a Série B em grande parte da disputa, chegando a ser colocado entre um dos fortes candidatos a conquistarem o acesso.

O Vozão, porém, perdeu fôlego e viu as chances ruírem. 

Santa Catarina poderia ter cinco representantes na Série A. O Criciúma, entretanto, foi rebaixado neste ano.

Antiga rivalidade tem vendedor

São Paulo, mais uma vez, se consolidou como potência do futebol nacional. Quando a bola começar a rolar na Série A do ano que vem, o estado terá nada mais do que cinco representantes na competição. Integram a lista: São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Santos e Ponte Preta.

O alviverde pode ser considerado o último a se garantir entre os rivais regionais. A equipe do Allianz Parque só escapou do rebaixamento na última rodada. O drama do Palmeiras foi tanto que, em determinado ponto do jogo decisivo contra o Atlético-PR, o clube chegou a estar rebaixado, graças à combinação de outros resultados. O alívio só veio no fim jogo, graças às derrotas de Bahia e Vitória, rivais diretos na permanência na Série A.

Rio com três representantes

O Rio de Janeiro, mais uma vez, não contará com as quatro maiores forças do estado na elite. 

No ano em que o Vasco retornou à Série A após campanha oscilante, foi o Botafogo, que amargou nada menos do que 23 derrotas, quem não conseguiu garantir lugar na primeira divisão. 

Sendo assim, os representantes cariocas no certame serão Vasco, Flamengo e Fluminense.

Catarinenses em massa na elite

Em meio aos gigantes Rio e São Paulo, uma agradável surpresa. Santa Catarina será o estado com mais representantes na Série A. Ao todo serão quatro, colocando os catarinenses à frente dos cariocas. 

A campanha do estado na Série B foi fundamental para “rechear” a elite do futebol do país. Além do campeão Joinville,  Santa Catarina  também estará representada pelo Avaí, que conquistou o acesso na última das 38 rodadas.

O time da Ressacada, aliás, só conseguiu a vaga na Série A depois de uma elevada dose de drama. Além de bater o Vasco, o clube ainda precisava contar com dois outros resultados favoráveis. Para sorte dos torcedores, eles vieram.

A Chapecoense e o Figueirense fizeram boas campanhas e se mantiveram na primeira divisão. O mesmo não pode ser dito do Criciúma, que terminou o certame na lanterna  e foi rebaixado.

Vendo pelo lado bom

O fato inédito do Brasil ter apenas dois representantes na Série A vindos do norte ou do nordeste, porém, não pode ser visto apenas pelo lado ruim. Hinrichsen aponta que o momento é de se fomentar diálogos que podem reverter o quadro em um futuro próximo. As arenas criadas ou reformadas para a Copa do Mundo surgem como trunfos para o “renascimento” dos clubes da metade superior do país. 

“As arenas dependem diretamente do conteúdo para continuarem de pé. Esse momento também é fundamental para reavaliar estruturas de marketing e intensificar a receita comercial. Em uma estrutura de marketing firme, fica muito mais difícil montar um time competitivo”, avalia. 

O diretor também aponta o caminho das pedras para as equipes que sonham chegar ou voltar para a Série A do Brasileirão. “Acho que são necessários projetos mais bem estruturados, melhoras em termos de infraestrutura. O nordeste, por exemplo, tem tradição na formação de jogadores. É um ponto do Brasil onde alguns estados, como Pernambuco e Ceará vêm crescendo mais do que a média do país”, compara.

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