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Em vídeo, CEO do Flamengo minimiza falta de alvarás e cita picos de energia como causas da tragédia

Arquivo Geral

09/02/2019 20h15

Picos de energia provocados pelas chuvas que atingiram o Rio de Janeiro provocaram o incêndio no centro de treinamentos que matou 10 jovens das categorias de base do Flamengo, segundo o presidente-executivo (CEO) do clube, Reinaldo Belotti. Em pronunciamento neste sábado (9) sem perguntas à imprensa, ele minimizou a ausência de alvarás e de licenças como causas para a tragédia e alegou que o clube fez manutenções recentes nos aparelhos de ar-condicionado. As informações são da Agência Brasil.

“Aquilo não era um puxadinho que o clube escondia. Era um alojamento confortável, adequado à sua finalidade. A estrutura organizacional do Flamengo fez preventivamente uma manutenção em todos os aparelhos de ar-condicionado e isso pode ser mostrado para quem quiser”, declarou Belotti.

O dirigente rubro-negro também defendeu as instalações do alojamento dos atletas de base do clube e reiterou a cooperação com o Corpo de Bombeiros para o resgate das vítimas. Segundo a prefeitura do Rio, o projeto enviado às autoridades previa um estacionamento no local, e o clube pagou apenas 10 de 31 multas emitidas por infrações.

“Isso não tem nada a ver com o acidente que ocorreu. Temos providências a tomar para o CT ser legalizado. Estamos trabalhando para isso. Precisávamos de nove certificados, já temos oito. Estamos trabalhando com os bombeiros”, acrescentou Belotti.

Segundo o presidente-executivo do Flamengo, os ventos entre 110 e 120 quilômetros por hora que atingiram o Rio de Janeiro na noite de quarta-feira (6) não afetaram as instalações do Centro de Treinamento George Helal, também conhecido como Ninho do Urubu. Ele, no entanto, disse que a região da Vargem Grande foi muito atingida, provocando picos de energia na área que podem ter se refletido nos aparelhos de ar-condicionado do alojamento e ocasionado o incêndio.

“Nós tivemos queda de postes, que atingiram a alimentação e a energia elétrica do CT. As condições do tempo e os picos de energia talvez tenham influenciado no funcionamento regular do ar-condicionado”, declarou.

Apesar dos pedidos para responder aos vários questionamentos dos jornalistas, Belotti saiu sem falar com a imprensa. Ele não respondeu por que o espaço era usado como dormitório sem autorização, nem por que deixou de informar aos órgãos responsáveis a mudança de destinação da área de estacionamento. Ele também não detalhou as infrações que justificaram as 31 autuações da prefeitura do Rio.

Veja pontos do pronunciamento de Reinaldo Belotti.

Atendimento aos familiares

“Gostaria de falar a respeito daquilo que mais investimos desde que o acidente ocorreu. E não medimos esforços para atender os familiares das vítimas. A partir do momento deste trágico acidente, nós providenciamos trazer para o Rio os familiares, providenciamos ir buscá-los onde estavam chegando, fosse no aeroporto ou na rodoviária. Com psicólogos e assistentes sociais, levamos todos para um centro de acolhimento num hotel confortável no Recreio, que desse a privacidade necessária para que suportassem esse momento. Qualquer movimentação era feita com nosso apoio. Assim foi feito e assim está sendo feito.

Hoje identificamos cinco corpos e estamos providenciando o traslado para onde as famílias decidirem, de avião de carreira, se houver, ou de jato fretado, se for necessário. Paralelamente a isso, temos três atletas hospitalizados. também trouxemos os familiares para cá, estamos acompanhando todo o desenvolvimento de seu tratamento nos diversos hospitais, utilizando médicos, assistentes sociais e o que for necessário. Para o que está em estado mais grave, temos dia e noite médicos nossos e rezamos para que ele saia dessa. Estamos confiantes. As primeiras 72 horas são essenciais e estamos confiantes de que em breve teremos esse caso resolvido. Os jogadores que estavam lá e não tiveram ferimentos, nós mandamos para suas casas, com um representante do clube com cada um, até entregá-los a seus representantes legais. Isso tudo está registrado. Mantemos diariamente contato com eles, via psicólogos, para garantir que estão sendo bem atendidos e não sofram consequências”.

Documentação

“O Centro de Treinamento, suas licenças, seu alvará e suas multas. Isso não tem nada a ver com o acidente que ocorreu. Nós temos algumas providências a serem tomadas para deixar o CT plenamente legalizado. Estamos trabalhando arduamente nisso, com o corpo de bombeiros. Nós precisávamos de nove certificados para conseguir o alvará, já temos oito. Estamos trabalhando com o Corpo de Bombeiros para conseguir o alvará”.

“Puxadinho”

“Nós não estamos falando de puxadinho, estamos falando de um alojamento. Além disso, nós fomos fiscalizados, esse alojamento foi fiscalizado e aprovado pelo Conselho Municpal da Criança e do Adolescente, que emitiu certificado de regularidade, pela Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que emitiram o certificado de clube formador para o Flamengo, segundo a Lei Pelé. E eu queria aqui ler um pequeno trecho:

Essa fiscalização tinha que atender o seguinte: manter o alojamento e as instalações esportivas adequadas, em matéria de alimentação e higiene, segurança e salubridade. A partir do momento que tivemos esse certificado que acabei de falar, é porque todos os pré-requisitos foram atendidos. E não estamos falando de uma instituição. Estamos falando de duas, de três instituições. E esse módulo era conhecido por todos. É provável que todos nessa sala já tenham visitado o CT. Não era um “puxadinho” que a gente escondia. Pelo contrário. Era um alojamento confortável, adequado e que nós mostrávamos para todos com orgulho. A estrutura organizacional do Flamengo fez, preventivamete, uma vistoria em todos os ares-condicionados naquele imóvel. Temos isso registrado e podemos divulgar para quem quiser”.

Chuva forte no Rio de Janeiro

“Na quinta-feira, vocês se lembram, caiu sobre o Rio de Janeiro praticamente um furacão, com ventos entre 110 e 120 km por hora. Apesar das instalações terem sido pouco atingidas, a região de Vargem Grande foi muito atingida. Nós tivemos quedas de postes, atingiu-se a alimentação de energia elétrica pro CT. A suposição é que esses picos de energia tenham influenciado o funcionamento regular do ar-condicionado e ocasionado o princípio de incêndio.

Esse incêndio começou e, infelizmente, quando tem um incêndio deste porte, com emissão de fumaça, as pessoas começam a desfalecer e você não tem mais o controle. A verdade é que aconteceu um acidente trágico. Não foi por falta de investimento do Flamengo, não foi por falta de cuidados do Flamengo. Afinal de contas, esse é o nosso maior ativo. Aquela turma que estava dormindo lá era o nosso futuro. Nós prezamos muito por essa turma, muito. A ponto de que, você sabem, o time mais disputado, quando um garoto começa a se destacar no futebol, o sonho dele, independentemente do do time que torcer, é vir para o Flamengo”.

Trabalho contínuo

“Nós tivemos todo o cuidado e não poupamos esforços em dar o melhor para o nosso pessoal. Mas, infelizmente, foi uma sucessão de eventos após um dia catastrófico no Rio de Janeiro, que nos trouxe essa catástrofe ainda pior. No momento, o que temos para falar é isso. Nós estamos trabalhando dioturnamente em cima de tudo o que aconteceu e estamos levantando toda a documentação. Temos pessoas de altíssima qualidade trabalhando nisso. Nossa prioridade continua ser atender os familiares das vítimas, os atlteas que estão feridos e aqueles que foram enviados para casa. Essa é a prioridade absoluta. Todos nós, empregados do Flamengo, todos os vices, o presidente, a comunidade rubro-negra, a grande família rubro-negra, o futebol brasileiro e mundial estão de luto e sentimos muitíssimo por ter ocorrido conosco”.

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