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Torcida

Deficiente visual, torcedora brasiliense conhece ídolos do Corinthians

Arquivo Geral

30/07/2018 19h57

Reprodução/Arquivo Pessoal

Matheus Garzon
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A goleada do Corinthians sobre o Vasco (4 x 1), no último domingo, no Mané Garrincha, deixou 33.516 torcedores com sentimentos diferentes. Enquanto os cruz-maltinos ficaram decepcionados, os alvinegros não poderiam estar mais felizes, em especial uma torcedora, pois realizou o sonho de encontrar os jogadores do Timão, mesmo sem poder enxergá-los.

Katharyne Aguiar, de 29 anos, é daquelas corinthianas que pode ser inserida entre os bando de loucos. Nascida no Distrito Federal e com família toda torcendo para times cariocas, ela conta que desde sempre só queria saber do time do Parque São Jorge. “Não sei exatamente quando minha paixão começou, mas meu interesse sempre foi o Corinthians. Lembro que ganhei uma camisa com uns 12 anos, fiquei muito feliz.”, conta.

Ao passo que foi crescendo, logo ela queria arranjar um estágio para juntar dinheiro e ir para São Paulo assistir a um jogo do time no estádio. “A partir disso eu comecei a viajar pelo menos um vez por mês para acompanhar os jogos. Fui muito a Goiânia e cheguei a ir até em outros estados”, comenta Katharyne. O último jogo que ela pôde acompanhar, no entanto, foi Fluminense e Corinthians no Mané Garrincha, em 2016.

A torcedora, já aos 12 anos, descobriu que tinha diabetes tipo 1, herança genética da avó paterna. A partir daí, ela passou a tratar da doença, mas acabou não se cuidando tanto depois de certo tempo e em 2015 passou a sofrer com vários problemas na visão. “Fui diagnosticada com retinopatia diabética e acabei perdendo um nervo óptico. Precisava da cirurgia, mas a rede pública dá preferência a casos que têm mais chances de solução.”, observa.

Ela passou a usar do reconhecimento que ela tinha dentro da torcida do Corinthians para fazer uma vaquinha e realizar a cirurgia pelo sistema privado. “Consegui até mais do que imaginava. A torcida me ajudou bastante, inclusive de outros times, como a do Palmeiras, foi muito legal”, diz.

Foram três cirurgias. A última, no entanto, apresentou complicações e, o que poderia ser uma perda de visão passageira, se tornou em uma dúvida se algum dia pode voltar. Katharyne conta que não lembra o dia que ficou completamente cega, mas conta que teve que deixar a área de enfermagem e passar para a administrativa, por exemplo.

O encontro com os jogadores

Sem enxergar desde 2016, Katharyne não chegou a ver muitos jogadores que passaram pelo Corinthians durante esses dois últimos anos e acabou por perder as referências de alguns dos remanescentes do elenco. Ela mandou um tweet para o clube de coração perguntando onde o clube ficaria hospedado para que pudesse encontrar os únicos que ela ainda lembrava: Romero e Cássio.

Ela conta que logo o clube entrou em contato com ela e providenciou o encontro. “Fui sábado à noite no hotel e conversei com os dois. O Cássio ainda me prometeu dar a camisa que ele usaria no jogo, então voltei lá domingo ainda para receber o presente.”

O encontro, segundo ela, foi inesquecível. Primeiro ela falou com o goleiro Cássio, que defende o clube desde 2012. “Ele disse que ficou sabendo da minha história e ficou muito emocionado. Ele é meio tímido, mas foi muito legal.”

Já o atacante paraguaio Ángel Romero, ficou menos acanhado. “Foi muito educado. Conversou muito comigo. Perguntou quando tinha sido meu último jogo e disse até que aqui em Brasília tudo é muito distante. Ainda falei que ele iria fazer muitos gols no Vasco e ele foi humilde, disse que iria trabalhar para isso.”, lembra.

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