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Torcida

Corinthians e Cruzeiro definem o campeão da Copa do Brasil

Arquivo Geral

17/10/2018 7h53

Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro

Carlos Eduardo Cândido
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Em tempos de vacas magras, a Copa do Brasil se tornou em 2018 uma mina de ouro para os clubes brasileiros. A premiação oferecida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) agora está entre as maiores em competições da América do Sul e o valor total distribuído aos 91 participantes é de mais de R$ 278 milhões. Para se ter uma ideia da importância financeira desse título, Corinthians e Cruzeiro decidem hoje, às 21h45, no Itaquerão, em São Paulo, quem levantará a taça de campeão do torneio e, principalmente, quem vai levar a bolada de R$ 50 milhões para a casa – o vice fica com R$ 20 milhões.

Atual campeão do torneio e em vantagem por ter vencido o jogo de ida por 1 x 0, com um gol, do meia Thiago Neves, semana passada, no Mineirão, a Raposa precisa de um empate para conquistar o hexacampeonato e se tornar o maior campeão da Copa do Brasil. Além disso, o título colocará o time celeste na fase de grupos da Libertadores de 2019.

Eliminado pelo Boca Juniors, nas quartas de final do torneio continental deste ano, a diretoria do Cruzeiro nunca escondeu que, por conta da questão financeira, a Copa do Brasil seria uma prioridade dentro do clube. Isso porque o dinheiro da premiação é fundamental para repor o valor gasto na montagem do elenco estrelado da Raposa.

Só as aquisições de partes dos direitos econômicos do volante Bruno Silva (80%), do meia argentino Mancuello (60%) e do atacante David (70%) custaram R$ 22 milhões aos cofres mineiros. A diretoria também trouxe jogadores com altos salários, como o lateral-direito Edilson (ex-Grêmio) e os atacantes Hernán Barcos (ex-LDU) e Fred (ex-Atlético-MG), além de prorrogar os contratos do zagueiro Dedé e do meia De Arrascaeta.

Por ser finalista da Copa do Brasil, o time do técnico Mano Menezes já garantiu um prêmio de  R$ 11, 9 milhões –  R$ 2,4 milhões por disputar as oitavas de final, mais R$ 3 milhões por jogar as quartas e mais R$ 6,5 milhões pela semifinal. Ou seja, se o Cruzeiro for campeão acumulará uma premiação gorda de  R$ 61,9 milhões.

“Ser o primeiro time a ganhar o hexa e ser bicampeão consecutivo é legal demais. Mas, sem dúvida, o clube e os jogadores também pensam no valor milionário. Quando contrata os jogadores, o clube tem responsabilidade financeira e precisa honrar os compromissos. Esperamos vencer e dar um respaldo financeiro ao clube, que investiu muito em nós”, admitiu Edílson, em entrevista coletiva na última segunda-feira.

Apoio da Fiel

Com sérias dificuldades financeiras, o título da Copa do Brasil é ainda mais importante para o Corinthians. E para fazer dois gols de diferença, reverter a vantagem mineira e conquistar o tetracampeonato – se balançar as redes do goleiro Fábio apenas uma vez, o alvinegro leva a decisão para os pênaltis -, o Timão conta com um combustível extra na noite de hoje: o apoio da apaixonada Fiel corintiana, que vai lotar as arquibancadas do Itaquerão.

Assim como o Cruzeiro, o time do técnico Jair Ventura já garantiu um prêmio de R$ 11,9 milhões por ser finalista da Copa do Brasil. O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, já avisou que esse valor, somado aos R$ 50 milhões que podem cair nos cofres alvinegros em caso de título, serão usados para quitar dívidas, arcar com algumas despesas e, quem sabe, até fechar o ano de 2018 com as contas no azul.

“Nossa meta é zerar o déficit até o fim do ano. Se conquistarmos o título, nós resolveremos a situação”, afirmou o diretor financeiro do clube, Matias Romano Ávila.

Mas o dinheiro do título da Copa do Brasil não será usado apenas para pagar dívidas. A diretoria paulista prometeu um bicho de R$ 17,5 milhões (35% do bônus pago pela CBF) a jogadores e funcionários.

A contratação de reforços para a próxima temporada, com o clube garantido em mais uma fase de grupos da Libertadores, também está em pauta. O dinheiro também pode servir para o Timão melhorar a sua estrutura. O centro de treinamento das categorias de base, por exemplo, teve suas obras retomadas há alguns meses e tem a previsão de término da construção em junho de 2019.

Fiel pode fazer a diferença na decisão

O Corinthians mais uma vez tratou de se aproximar de seus torcedores em um momento decisivo. A expectativa agora é que a Fiel embale o time para o título da Copa do Brasil. A equipe do técnico Jair Ventura contará com cerca de 44 mil fiéis hoje para tentar dar o troco e erguer a taça da competição pela quarta vez em sua história.

Na atual temporada essa parceria tem funcionado. Às vésperas da decisão do Paulistão, depois de perder o jogo de ida em casa para o Palmeiras (1 x 0), a diretoria organizou o primeiro treino aberto do ano e a equipe deu a volta por cima. Devolveu a vitória e garantiu a taça nos pênaltis, em pleno estádio Allianz Parque.

Na semifinal da Copa do Brasil, o Corinthians empatou o primeiro jogo contra o Flamengo, no Rio, sem dar um chute ao gol. Chamou a torcida para um novo treino na sua arena e funcionou. O time derrotou o adversário (2 x 1) e avançou à decisão.

Agora a intenção é que a história se repita. O Corinthians fez um péssimo jogo no Mineirão, o ataque mais uma vez foi ineficiente e a Fiel compareceu ontem à arena para tentar dar um novo empurrão. A assessoria de imprensa do clube informou que os 38 mil ingressos colocados à disposição foram trocados por uma lata de leite em pó. De fato, na última segunda, as filas se perdiam de vista nos arredores do estádio. Antes de começar o treino também dava a impressão que o trabalho derradeiro antes da decisão seria de casa cheia. Não foi.

Havia muitos espaços vazios em todos os setores do estádio e a empolgação não parecia a mesma da véspera da semifinal contra o Fla. Os milhares que estiveram presentes tentaram fazer o seu papel e cantaram em apoio aos jogadores.

O meia Jadson falou sobre a importância dos torcedores corintianos. No Mineirão, o único destaque na partida foi a festa que a Fiel fez nas arquibancadas. Mesmo em menor número, calaram os cruzeirenses, mesmo após o apito final. “A torcida sempre apoia até o fim. No Rio eles foram. Contra o Cruzeiro também. Nosso espírito é que tem que ser outro. A entrega tem que ser maior. É o jogo do ano e tomara que eles possam nos ajudar”.

O lateral-direito Fagner também enalteceu o apoio que o elenco tem recebido até aqui e falou que agora é o momento dos atletas darem algo a mais dentro de campo. “Temos que ser eficientes em todos os setores. Temos que errar o mínimo possível. Acertar passes, criar chances de gols”, analisou o ala alvinegro.

STJD veta a presença de Sassá no jogo

O Cruzeiro não obteve sucesso em seu pedido de efeito suspensivo para ter Sassá na final da Copa do Brasil. Ontem, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) negou a solicitação da diretoria mineira e vetou a participação do atacante diante do Corinthians.

Após se envolver na briga generalizada no fim do jogo contra o Palmeiras, na partida da volta da semifinal, Sassá pegou seis jogos de punição. Na ocasião, o atacante foi julgado por causa de um soco no rosto do lateral-direito Mayke. O julgamento do centroavante ocorreu na última quinta-feira.

A punição de Sassá não mudará a formação do Cruzeiro em campo, já que o argentino Hernán Barcos deverá ser o titular no ataque. Porém, o atacante não ficará à disposição do técnico Mano Menezes no banco de reservas. Para o setor ofensivo, o treinador poderá contar com Raniel, Rafael Sóbis e até Fred, que não está com o ritmo de jogo em dia, mas já pode atuar por alguns minutos.

Dúvida

O Cruzeiro viajou para São Paulo no fim da tarde de ontem. Antes, Mano Menezes comandou um treino tático em Belo Horizonte no período da manhã e, como previsto, o treinador não liberou a presença da imprensa. À tarde, já no aeroporto de Confins, cerca de 400 torcedores cruzeirenses apoiaram os atletas no embarque da Raposa para a capital paulista.

A principal dúvida no time que entra em campo hoje contra o Corinthians é na lateral esquerda. Com o titular Egídio suspenso, Mano Menezes pode optar por Marcelo Hermes, o substituto imediato, ou pela improvisação do argentino Lucas Romero, que é volante de origem, mas também é acostumado
a atuar na lateral direita.

Saiba mais

Em 2018, a Copa do Brasil deu um salto gigantesco nas premiações. Com um novo contrato de transmissão e cotas de televisão, o torneio arrecadou mais e, assim, o campeão receberá um valor 733% maior quando comparado com a competição do ano passado.

Com essa valorização financeira, a Copa do Brasil deixou de ser uma competição de “segundo escalão”. O torneio, até alguns poucos anos atrás, era uma competição desvalorizada. Mas, desde que ela passou a ser disputada no ano inteiro e com os times que também jogam a Libertadores, ela ganhou outro peso.

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