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Conheça Verlene, a mulher que trocou o sedentarismo pelo jiu-jitsu

Arquivo Geral

03/09/2018 8h15

Reprodução/Facebook

Matheus Garzon
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Sobrepeso, 44 anos, mãe de quatro filhos e uma vida sedentária: essa era a vida de Verlene Costa até 2015. Quem visse a secretária da Polícia Rodoviária Federal (PRF) três anos atrás não imaginaria que hoje, aos 47 anos, seria campeã mundial de jiu-jitsu na categoria dela. Moradora de Santa Maria, e só treinando na hora do almoço, ela tem apenas uma derrota no currículo até hoje.

Verlene entrou na arte suave por acaso: convite de uma colega. “Fizeram um projeto na PRF voltado para defesa pessoal. Já tinha turmas para homens e em 2015 abriram para mulher também. Me chamaram e foi aí que vi uma oportunidade de melhorar a saúde”, comenta.

A adaptação ao esporte foi imediata. Os exercícios, aliados a uma mudança nos hábitos alimentares, fizeram com que ela saísse dos 97 kg, indo para 75 kg e, um ano depois da introdução ao esporte, já começasse a disputar campeonatos.

“Comecei participando da categoria adulta, ou seja, lutava contra mulheres de pouco mais de 20 anos. Competi em três torneios naquele ano e venci os três.”

Em 2017, o desempenho também foi excelente: dos cinco campeonatos que participou, ganhou todos na própria categoria e foi campeã absoluta (quando se ganha de outros competidores de outros pesos, idades e faixas), em quatro. “Minha única derrota até hoje foi na semifinal do Campeonato Brasiliense do ano passado. Perdi só por uma vantagem, bem no finalzinho da luta”, recorda.

Passo mundial
Agora, neste ano, além de ganhar o torneio interno da PRF, ela foi até Las Vegas, nos Estados Unidos, para o World Master Jiu Jitsu Championship, campeonato mundial do esporte, entre os dias 22 e 25 de agosto.

Disputar uma competição internacional só foi possível devido ao empenho de amigos e familiares. “Eu nunca imaginei que conseguiria viajar para o exterior, muito menos para disputar um torneio de jiu-jitsu. Só consegui ir porque os meus amigos de treino fizeram rifa, vaquinha…”, relembra a atleta.

Verlene conta que lutou contra atletas de outros países, mais novas e algumas até profissionais. “Foi uma experiência única, pois é um outro nível de competição. São pessoas que realmente vivem do jiu-jitsu, com patrocínio e tudo. Eu treino por uma hora e meia no meu horário de almoço”, compara.

Mesmo diante da inferioridade de treinos e de condições, a representante da PRF-DF conquistou o título na categoria e no absoluto. “Uma realização muito grande. Ainda fui graduada no pódio. Agora sou faixa roxa”, comemora Verlene. A graduação atingida por ela equivale ao penúltimo passo antes de chegar à faixa preta. Antes de receber a roxa, a atleta passou pelas etapas: branca, cinza, amarela, laranja, verde e azul.

Novos desafios
Depois das conquistas locais, nacionais e até internacional, Verlene passou a não se contentar em só lutar jiu-jitsu. Neste ano, com o preparo físico invejável que possui, decidiu também correr na 8ª Corrida de Águas Claras.

“Nunca tinha praticado corrida antes, mas apareceu essa chance e eu decidi fazer os 5km. Completei em menos de 35 minutos, fiquei muito feliz”, vibra a aventureira.

De acordo com ela, descobrir o esporte foi um pontapé nua nova vida, que só trouxe benefícios.

“Melhorou muito minha saúde e auto-estima. Quando a gente é obesa, fica mais retraída, com vergonha. Agora eu tenho muita disposição”, compara Verlene. “Supero o gás até dos meus filhos. Nem sei o que é menopausa”, brinca a atleta.

Evolução foi muito rápida, diz professor

O projeto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) busca dar espaço para toda a comunidade poder treinar as práticas de jiu-jitsu.

Um dos professores que coordenam a atividade no local, Leandro Mariani diz ter visto talento na novata logo nos primeiros atos de Verlene.

“Ela lutou uma competição aqui e ali e foi ganhando. Assim, tivemos a vontade de levá-la para o Mundial”, conta Mariani.

O professor admite também que não é comum alguém começar tão tarde a praticar esporte e ter uma resposta quase que imediata. “É impressionante. A gente via que ela tinha uma força desproporcional pela idade dela. Conseguia lutar contra mulheres 10, 15 anos mais jovens”, ressalta.

Mariani ainda acredita que Verlene, mesmo aos 47 anos, não irá parar de lutar competitivamente tão cedo. “Tem gente no UFC hoje em dia com 40 anos lutando. O mestre Juquinha tem mais de 50 e ainda compete. Óbvio que não mais com gente nova, mas se cuidar do corpo, dá para competir”, completa.

Títulos

– Campeonato Juquinha 1º seletiva 2016- campeã

– Campeonato Juquinha 2º seletiva 2016- campeã

– Faca na caveira 2016– campeã

– Campeonato Juquinha 1º seletiva 2017- campeã

– Seletiva do brasileiro 2017 – campeã na categoria e no absoluto

– Campeonato brasiliense 2017 – campeã na categoria e Terceira no absoluto

– Copa Freedom Women’s de Jiu-Jitsu 2017- campeã na categoria e no absoluto com o cinturão

– Open Brasília de Jiu Jitsu 2017- campeã na categoria e no absoluto

– Campeonato interno da PRF 2018- campeã

– World Master Jiu Jitsu Championship 2018- campeã na categoria e no absoluto

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