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Bia Figueiredo correrá as 24 horas de Daytona em equipe formada só por mulheres

Arquivo Geral

23/01/2019 16h07

Divulgação IMSA

Matheus Garzon
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Pela primeira vez na história de uma das categorias mais tradicionais do automobilismo americano, a International Motor Sports Association, conhecida como IMSA, terá um time de pilotos composto apenas por mulheres. A estreia da equipe já tem data e local marcados: será na tradicional prova das 24 horas de Daytona, neste final de semana entre os dias 26 e 27 de janeiro. Entre as condutoras que farão parte deste marco em um esporte ainda dominado pelos homens está Bia Figueiredo, brasileira com passagem pela Fórmula Indy e que hoje corre pela Stock Car.

Entre um compromisso e outro antes da viagem que fez nesta terça-feira (22) para os Estados Unidos, a piloto conversou por telefone com o Jornal de Brasília sobre a importância de se participar de uma equipe de corredoras composta apenas por mulheres, sobre a expectativa para a Stock Car deste ano e o futuro da carreira.

A ideia de montar esse time de pilotos, de acordo com Bia, veio de uma das donas da equipe, a norte-americana Jackie Heinricher. “Ela sempre foi fã de automobilismo e resolveu, aos 50 anos, começar a correr. Ela é dona de empresas e conseguiu alguns patrocínios para ajudar na ideia”, relata a brasileira de 33 anos.

A equipe além de contar com a participação de Bia Figueiredo, terá a dinamarquesa Christina Nielsen, que foi a primeira mulher a ganhar um título na IMSA, a inglesa Katherine Legge, que será a piloto principal ao longo da temporada, e a suíça Simona de Silvestro, atualmente na Fórmula E. “Acho que as melhores pilotos atualmente, as mais competentes, foram chamadas, é uma equipe muito forte”, comenta a condutora paulistana que fez a volta mais rápida entre todos os corredores nos treinos realizados no começo do mês, com o tempo de 1min45s537.

O resultado surpreendeu até mesmo a própria Bia, que disse só ter feito treinado na pista de Daytona antes em 2014. Além disso, o carro é um pouco mais baixo do que ela está acostumada na Stock Car, o que afeta o modo de dirigir. “Em termos de potência e peso, os carros são bastante parecidos. A grande diferença mesmo é a altura.O centro de gravidade muda, o que altera o modo de fazer a curva. Tem o freio ABS também, que é algo que um carro de Stock Car não tem”, analisa.

Bia Figueiredo nos treinos do começo de janeiro. Foto: Divulgação IMSA

Outra coisa que Bia Figueiredo diz que ainda precisa se acostumar é o revezamento de pilotos. Ela lembra que teve uma breve experiência numa categoria de Porsches, mas não foi como será neste final de semana. “Não dá para ficar concentrada apenas na pista. Quando vai chegando a hora de trocar, você já tem que ir tirando mangueira de água, a pressão do capacete. Pior é quando entra nos boxes e tem que reduzir as marchas enquanto tira o cinto, mas será uma experiência legal”, relata a piloto.

A presença de Bia em outras corridas da temporada ainda não está garantida, mas só de ter sido convidada para representar um time feminino no automobilismo ela se sente muito feliz. “Acho que é um momento muito propício na minha carreira, onde estou mais madura com relação ao meu papel no esporte. Acho que durante muito tempo a própria imprensa ficava comparando quem era a melhor mulher na pista, sendo que não tinha essa rivalidade entre a gente”, lembra.

A piloto diz ainda que vê que é hora de ajudar outras corredoras a entrarem nesse mundo que ainda não está acostumado com a presença feminina. “Eu tinha mulheres que admirava, mas na hora que precisei, não me incentivaram. Por isso hoje sou madrinha de uma menina de 12 anos, que está começando no kart, e de um grupo de karteiras. Quero que tenha mais mulheres nesse universo”, afirma.

Foto oficial de Bia Figueiredo para as 24 horas de Daytona. Foto: Divulgação IMSA

Stock Car e futuro

Apesar de estar animada com a oportunidade de correr em um evento tão tradicional quanto as 24 horas de Daytona, Bia não esquece dos compromissos que terá neste ano no Brasil. Em 2019 ela correrá pela sexta vez na Stock Car, maior categoria automobilística do Brasil, e pretende melhorar o desempenho dela. “O meu foco é a Stock. São cinco anos e nenhum pódio meu, é bem frustrante. A equipe e eu estamos trabalhando forte para melhorar os resultados”, conta.

Para os anos seguintes, Bia prefere não fazer prognósticos. Afinal de contas, ela tem 26 corridas programadas para este ano. “2019 será mais um teste para mim. Serão muitas corridas e não sei se aguento esse ritmo sempre. Sou casada e preciso negociar essas coisas em casa também , né?”, brinca.

 

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