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Alexandre Gama e a missão de levar a seleção tailandesa à Olimpíada de Tóquio

Arquivo Geral

12/11/2018 8h23

Alexandre Gama é apresentado como técnico da seleção olímpica da Tailândia — Foto: Divulgação

Matheus Garzon
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Cinco anos depois de aterrissar na Tailândia para explorar um mercado desconhecido dos treinadores brasileiros, Alexandre Gama acaba de aceitar uma missão importantíssima para o País asiático: levar a modesta seleção tailandesa para a Olimpíada de Tóquio, em 2020, no Japão.

Mas o desafio não foi dado ao carioca, de 50 anos, por acaso. Desde 2014, quando chegou por lá, Alexandre Gama acumulou 12 títulos importantes e se tornou o técnico mais vitorioso da história do País.

Em conversa com o Jornal de Brasília, por telefone, direto da Tailândia, o treinador, famoso no Brasil por ter barrado Romário, em 2004, quando o baixinho defendia o Fluminense, comentou sobre os rumos que a carreira tomou e admitiu a possibilidade, com ressalvas, de voltar ao futebol brasileiro: “Aí não se contrata pelo trabalho, mas pelo nome. Ganhei tudo aqui e ainda falam que estou desatualizado”, reclamou.

A aventura de Alexandre Gama pelo lado oriental do planeta começou em 2006, nos Emirados Árabes Unidos, quando comandou o Al-Wahda, por duas temporadas.

Ele voltou ao Brasil em 2008, fez trabalhos menores, com Volta Redonda e Macaé, e rumou novamente para a Ásia. O destino foi o Gyeongnam FC, da Coreia do Sul. “O time era pequeno e consegui fazer um grupo competitivo. Chegamos longe em todas as competições. Foi aí que os times começaram a me enxergar com outros olhos”, lembrou Gama.

Tanto que, em 2010, logo após a Copa da África do Sul, foi chamado para ser auxiliar técnico da seleção sul-coreana que buscava a classificação para o Mundial no Brasil, em 2014. “Quase 70% dos jogadores se aposentaram e eles precisavam de uma renovação”, disse.

Só que uma briga do brasileiro com o presidente da Federação de Futebol da Coreia do Sul, atrapalhou os planos. Gama foi demitido e voltou ao Brasil para treinar o Madureira, em 2013, no Carioca e na Série C do Brasileirão.

Ainda sem chances em times de maior expressão por aqui, Gama foi para o Al-Shahaniya, time que estava na Segunda Divisão do Catar. “Acabamos subindo. Foi importante para o clube”.

Foi com esse trabalho que, em 2014, Gama recebeu o convite para treinar o Buriram United, um dos clubes mais tradicionais da Tailândia. Em três anos, ganhou oito troféus. Levou para lá brasileiros conhecidos, como os atacantes Osvaldo (ex-Fluminense e São Paulo) e Diogo (ex-Portuguesa, Flamengo e Palmeiras), e se firmou como o maior vencedor do País.

Em busca de novos desafios, o técnico foi para o Chiangrai United, time com menos de 10 anos de vida e sem tradição. Lá, conquistou mais quatro taças e chegou, em 2017, a ser convidado para assumir a seleção principal do País. “O dono do meu time não me liberou”, comentou Alexandre Gama.

No fim da temporada, recebeu novo convite. Desta vez, para a seleção olímpica. “O time que tem mais importância aqui, hoje, é o Sub-23”.

Treinador reclama de preconceito

Alexandre Gama se diz satisfeito com a vida que leva na Tailândia. Os clubes, segundo ele, têm grande capacidade de investimento e por isso não valeria a pena voltar ao Brasil para comandar times menores. Só retornaria por uma boa proposta. “Me sinto mais do que preparado para treinar grandes clubes brasileiros, mas não consigo acreditar que teria uma chance”, lamentou.

Essa oportunidade, segundo o técnico, não vem mais por preconceito do que por falta de capacidade. “Tenho a licença PRO, a mais alta que um técnico pode ter, mas quando volto ao Brasil, ouço que estou desatualizado. Já disputei competições de nível que muita gente não disputou, mas não tenho a mesma oportunidade”, disparou.

O treinador, marcado no futebol brasileiro por ter colocado Romário na reserva do Fluminense, em 2004, e ser alvo da famosa frase “Ele acabou de sentar no ônibus e já quer ir na janela?”, reclamou da proporção que o episódio tomou. “Virou manchete porque era um momento político do clube. Peguei o time em 19º e terminamos em 9º. Isso, infelizmente, ninguém lembra.”

Saiba mais

Alexandre Gama foi apresentado no último dia 5 pela federação tailandesa e hoje já viaja para a China para comandar a seleção olímpica em um torneio amistoso.

Para se ter uma ideia da importância que os países asiáticos estão dando às Olimpíadas que ocorrerão no continente, o técnico do selecionado chinês é o holandês Guus Hiddink, que treinou clubes como PSV, Chelsea e Real Madrid.

A Tailândia será a anfitriã do torneio classificatório para as Olimpíadas de Tóquio e quer fazer bonito jogando em casa.

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