Uma vez escutei de um catalão, morador de Barcelona, que é um erro o brasileiro não se informar sobre o noticiário internacional, pois os grandes impactos em um país vêm de acordos comerciais internacionais e variações cambiais. Queria ter dito a ele que, na verdade, o brasileiro não tem se informado no geral, mas fiquei com vergonha. Principalmente porque, até aquele dia, eu também não tinha o hábito de ler o noticiário internacional…
Virei leitora assídua do The FCPA Blog, cujas notícias são sobre crimes do colarinho branco e compliance. Em um artigo de Andy Spalding, um dos editores e professor na Academia Internacional Anticorrupção, ele cita diretamente o Brasil, para fazer um paralelo com a atual aplicação de leis anticorrupção na Coreia do Sul. Destaco aqui um dos parágrafos, na íntegra:
“Como aconteceu antes no Brasil, a Coreia do Sul agora é amplamente percebida como um estado em crise, e erroneamente. Esses novos estatutos, ações de execução, condenações e impeachments não são evidências de uma sociedade em declínio, mas da ascensão do estado de direito. Lembre-se, a corrupção é nova agora. O que há de novo – isto é, o que é novidade – é a responsabilidade. E é uma boa notícia mesmo”.
Não é a primeira vez que vejo formadores de opinião de outros países colocando o Brasil m um patamar confortável, em termos de aplicação de medidas anticorrupção. É um bom sinal, pois, em geral, são especialistas no tema e estão acostumados a acompanhar casos semelhantes pelo mundo.
Numa época em que os grandes inovadores do Vale do Silício fazem currículos enaltecendo seus erros, ao listarem as empresas que criaram e faliram, ter aberto as feridas neste momento parece estar garantindo ao Brasil uma boa imagem perante a comunidade internacional de compliance.
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