Menu
Política & Poder

Queda de viaduto: GDF investiu apenas 20% do dinheiro para conservação

Arquivo Geral

06/02/2018 17h27

João Stangherlin

Francisco Dutra
[email protected]

Obras de conservação de pontes, viadutos e demais edifícios públicos não foram prioridade no orçamento do governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). Segundo pesquisa no Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo), em 2017, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) tinha no orçamento, aproximadamente, R$ 70 milhões para ações de conservação em equipamentos públicos. Deste total, foram empenhados apenas R$ 14 milhões. Percentualmente, o Executivo desembolsou apenas 20% do dinheiro disponível para o devido cuidado com o patrimônio público.

Inicialmente, a Novacap tinha reservado para a conservação de edifícios R$ 58 milhões, mas empenhou somente R$ 4 milhões. O órgão teria R$ 12 milhões para pontes e viadutos. Deste montante sacou R$ 10 milhões. Apesar dos alertas sobre os riscos de acidentes feitos pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), do Sindicato de Arquitetura e Engenharia (Sinaeco) e do projeto de lei 5.825/2017 o Executivo não alterou o orçamento e tão pouco reforçou as rubricas com dinheiro para a realização das obras de prevenção.

O professor de administração pública da Universidade de Brasília (UnB) José Matias-Pereira lembra que o orçamento não é impositivo. Por isso, um dos motivos para a baixa execução seria a crise financeira local e nacional. Contudo, para o especialista a queda do viaduto no coração de Brasília é um sinal claro do descaso do Executivo. Neste caso, ações preventivas deveriam ser prioridade.

“Esse descaso não começou com Rollemberg. Vem de governos passados. Ele deu segmento para esse cenário em que os governantes deixam de fazer as coisas importantes. Em síntese, a queda desta obra é o retrato da má gestão pública. E agora vemos a tragédia”, afirma Matias-Pereira. O professor enfatiza que obras públicas não desabam simplesmente. Dão sinais, como rachaduras e infiltrações.

“Felizmente não houve vítimas até agora. Mas esse episódio vai gerar um efeito cascata. A circulação da cidade está comprometida. Essa via é uma das principais artérias de Brasília. Quem tem coragem de passar por lá agora”, questiona. Para o especialista, o GDF deve agora sair da inércia. É importante tomar uma postura preventiva para evitar outros desabamentos. Identificar as causas e eventuais responsabilidades do desastre também é fundamental.

De acordo com o levantamento do Siggo, não existem rubricas de ações de conservação na secretaria de Obras, Transporte e no Departamento de Estradas de Rodagem (DER).

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado