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Política & Poder

Promotoria denuncia empresa de Ricardo Barros

Arquivo Geral

20/01/2017 7h00

Estádio Willie Davids: foram vendidos 4 mil ingressos acima dos 19 mil permitidos nessa data pela segurança. Foto: Ascom/PMM

O ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP), coleciona escândalos dentro e fora da vida pública, inclusive nos gramados de futebol por venda irregular de ingressos. Segundo a Promotoria de Defesa do Consumidor de Maringá (PR), a BB Corretora, empresa da família de Barros, teria vendido 4 mil entradas além da lotação permitida para a final do Campeonato Paranaense de Futebol Profissional da 1ª Divisão, na temporada de 2014. Devido à ameaça de superlotação, milhares de torcedores não assistiram à partida, enquanto a empresa lucrou R$ 177.525,00 com os ingressos extras.

Saiba mais

  • Entrando em rota de colisão contra servidores e especialistas, Ricardo Barros levantou a ideia de planos de saúde populares para complementar o Sistema Ùnico Saúde (SUS).
  • Coincidentemente, na eleição para deputado federal em 2014, Barros recebeu a doação de R$ 100 mil de um empresário ligado a uma grande operadora de planos de saúde.
  • Após pesquisa de opinião, o Palácio do Planalto determinou que Barros abandonasse o projeto, além de lembrá-lo que não produtivo levantar temas em que é personagem de um claro conflito de interesse.
  • Na opinião de especialistas do setor o resgate da saúde pública exige uma ação: investimento pesado e consistente na atenção básica.

A partir das denuncias de torcedores lesados, o Ministério Público entrou com ações para ressarcimento de danos materiais, morais individuais e difusos. Conforme a ação judicial, no dia 13 de abril de 2014, o Estádio Regional Willie Davids, localizado em Maringá, receberia os times Maringá Futebol Clube e Londrina Esporte Clube para a final do campeonato estadual. Ao final da partida, a Federação Paranaense de Futebol registrou que 19.071 pessoas assistiram o jogo, das quais 18.516 pagantes. Os órgãos de segurança locais haviam fixado que a arena poderia receber no máximo 19.092 espectadores.

Ao levantar o total de ingressos vendidos, o Ministério Público descobriu que 4 mil entradas adicionais haviam sido vendidas. Segundo o MP/PR, os responsáveis pela segurança na partida desrespeitaram limitações materiais e de segurança da arena. Ultrapassou-se o número total de cadeiras aceito pelos órgãos de fiscalização. “Houve, portanto, excesso de lotação do Estádio e exposição a risco à saúde e à vida dos policiais, colaboradores, jogadores e torcedores”, resumiu o MP na ação judicial.

As irregularidades também foram flagradas fora da arena. Segundo o MP/PR, os arredores do estádio deveriam ser limpos e fiscalizados antes da partida, justamente para evitar brigas com paus, pedras e entulho. A devida limpeza só foi feita quando as autoridades chegaram ao local depois das primeiras denúncias da venda excessiva de ingresos. Além disso, o serviço de segurança não conseguiu evitar a entrada pelos portões de fogos de artifício, até então proibido. E parte dos artefatos foi detonada contra policiais militares que estavam no gramado.

Procurada pelo Jornal de Brasília, a assessoria do ministro Ricardo Barros encaminhou a seguinte nota, em que evita comentar a superlotação. Admite que “a empresa BB Corretora que, em 2014, era administrada pelo empresário Ricardo Barros, à época sem mandato, foi parceira da equipe do Maringá Futebol Clube. Neste mesmo ano, o time disputou a final do Campeonato Paranaense contra o Londrina Futebol Clube no Estádio Willie Davids, em Maringá, com um grande público presente”. Diz ainda que, “após muitos anos, o futebol maringaense voltava a disputar a primeira divisão chegando a grande final em sua estreia no Campeonato”.

Torcedores são impedidos de entrar no jogo

A sobrevenda de ingressos causou relatos angustiantes dos torcedores. Horas antes do começo da partida uma multidão de pessoas se formou na entrada para as cadeiras cobertas. Milhares de torcedores que haviam comprado ingressos não conseguiram entrar na arena. As palavras estão registradas na ação redigida pelo MP/PR.
Em depoimento para os órgãos de investigação, uma torcedora detalhou o drama: “A declarante e os seus acompanhantes não conseguiram adentrar ao estádio, pois não havia um funcionário responsável por organizar a fila e formou-se um tumulto, com pessoas se empurrando; que, por volta das 16h, policiais, que acredita serem militares, impediram a entrada de pagantes na área coberta, pois já não havia mais espaço”.

Depois de muita reclamação, milhares de torcedores desistiram de ver a partida. Quem entrou sofreu com a falta de espaço. Parte dos compradores de cadeiras, não teve acesso aos bancos e foi obrigado a assistir o jogo de pé.

A indignação pode ser resumida no depoimento de outro torcedor: “A portaria foi fechada e centenas de pessoas com ingresso na mão, foram coibidas por seguranças e policiais, ficando claro que venderam muito, mas muito mais ingressos que a capacidade de acomodação do estádio na parte das cobertas”. Estes são apenas alguns registros da indgnação de milhares de torcedores desrespeitados.

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