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Política & Poder

Privilégios dados ao Paraná pelo ministro da Saúde são tema da Comissão de Ética

Arquivo Geral

22/02/2017 7h00

Aparições com o Homem Camisinha marcaram as aparições do ministro em viagens que renderam muitas promessas, sempre com o Paraná ocupando posição para lá de privilegiada. Foto: Divulgação/Ministério da Saúde

O Ministro da Saúde, Ricardo Barros, investe no Paraná a ponto de ignorar ou menosprezar as demais 26 unidades da Federação. O estado pelo qual se elegeu deputado, sob a legenda do Partido Progressista (PP), foi agraciado, em janeiro, com mais de R$ 402 milhões destinados a melhorias em 76 municípios. Em ocasiões anteriores, ele anunciou aportes de R$ 76,6 milhões para o Mato Grosso e de R$ 48,3 milhões a localidades no Amapá.

A discrepância também teria acontecido na assinatura de portarias do Ministério da Saúde. Conforme apuração do colunista Lauro Jardim, de O Globo, as quatro portarias baixadas ontem e publicadas no Diário Oficial da União (DOU) contemplaram municípios paranaenses. Dois deles pertencem à região metropolitana de Maringá, reduto eleitoral de Barros.
Paranaense da gema

Barros fez acenos de verba durante aparições em ao menos 30 municípios de seu estado

Ontem, o JBr já havia mostrado que o ministro está em julgamento pela Comissão de Ética Pública do Palácio do Planalto justamente por sua atuação no estado de que depende politicamente. Conforme a denúncia apresentada, ele prometeu empregos e melhorias durante suas aparições nas campanhas eleitorais de ao menos 30 cidades do interior do Paraná. O caso remonta a setembro de 2016.

O presidente da Comissão, Mauro Menezes, esclareceu que não existe problema em ministros do governo terem filiações partidárias ou convicções políticas. “Mas, por serem autoridades, não é dado a esses ministros que haja promessas relacionadas a cargos, obras ou verbas”, prosseguiu, acrescentando que isso não era uma antecipação de seu voto no julgamento, marcado para ser encerrado em 27 de março.

Saiba mais

  • Um mês após assumir o Ministério da Saúde, Ricardo Barros foi a Salvador para conhecer um teste sorológico que prometia identificar a presença do vírus Zika em questão de 20 minutos.
  • Na ocasião, ele foi hostilizado ao deixar o auditório da Associação Bahiana de Medicina (ABM). Manifestantes contra sua indicação e contra a posse do presidente Temer tentaram bloquear o caminho do carro oficial e uma mulher chegou a se agarrar no teto do veículo por alguns metros.
  • Na sua visita mais recente à cidade , não houve qualquer tipo de confrontação ou manifestações contrárias à sua presença. Ele anunciou que seriam distribuídos 74 milhões de preservativos masculinos e 3,1 milhões de preservativos femininos.

Barros ainda foi citado como beneficiário em um processo cujo alvo é o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Segundo a denúncia apresentada à Comissão, o titular da Saúde foi colocado no cargo como parte de uma negociação por troca de apoio no Congresso, encabeçada pela base governista do governo de Michel Temer.

Com o Homem Camisinha

Hoje, o ministro vem a Brasília para visitar uma escola em Ceilândia e iniciar a campanha de prevenção ao mosquito da dengue, de acordo com sua agenda oficial. Ontem, porém, ele estava em Salvador (BA) e apareceu sorridente ao lado do músico Carlinhos Brown e do indefectível Homem Camisinha, figura lançada pelo governo Dilma no Carnaval do ano passado.

Ao lado do rapaz vestido como preservativo envelopado, Barros não anunciou liberação de verbas e se concentrou no objetivo da visita, o início das ações publicitárias de prevenção ao vírus HIV. Conforme a assessoria do Ministério da Saúde, as aparições do Homem Camisinha integram atos Brasil afora que custarão R$ 25 milhões aos cofres públicos.

A justificativa apresentada para perpetuar a atuação do personagem foi de “sensibilizar os jovens, interagir e informar o público, além de distribuir preservativos nos blocos de rua nos principais carnavais do País.”

O ministro é figura controversa no meio das entidades que representam os portadores do vírus. Em dezembro de 2016, foi alvo de carta de repúdio do Fórum de Ongs Aids do Estado de São Paulo (Foaesp) após suas falas “carregadas de desinformação e preconceito” em entrevista à revista Época. Ao que parece, sua popularidade fora do Paraná não é motivo de orgulho.

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