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Política & Poder

Pré-candidatos ao Senado precisam laçar brancos, nulos e indecisos

Arquivo Geral

25/06/2018 7h00

Atualizada 24/06/2018 19h42

Foto:Elio Rizzo/Cedoc

Francisco Dutra
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Nomes consolidados na política largaram com vantagem na corrida pelas duas vagas brasilienses para o Senado Federal. Não necessariamente por méritos próprios. Mas, sim, por um sistema eleitoral cruel e desastroso para consolidação de novos personagens no páreo. Mas a disputa está longe de ser definida, em função do esmagador percentual de brancos, nulos e indecisos. Neste tabuleiro, o uso inteligente do segundo voto poderá ser decisivo.

“Temos uma longa pré-campanha e uma campanha real extremamente curta. Como existem muitas opções para o Senado, não dá tempo para consolidar novos nomes. As pessoas ainda não sabem quais serão os pré-candidatos. É cruel, desastroso e privilegia nomes já consolidados”, resume o professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Caldas.

Para compensar a desvantagem, os novatos trabalham pesado nas redes sociais. “Ganha a eleição quem disser para o eleitor: no primeiro voto, vote em quem quiser. No segundo, vote em mim”, completa o acadêmico. Segundo Caldas, quem traçar uma estratégia eficiente para o segundo voto poderá, inclusive, deslocar o francos favoritos. Outro ponto importante: o segundo voto só migra entre nomes do mesmo espectro político.

“As regras são uma ferramenta da velha política, são uma cláusula de barreira para a renovação. Mas as pesquisas apontam que a população quer a renovação”, comenta o pré-candidato Paulo Roque (Novo). Além de apresentar a posição sobre temas relevantes, Roque busca mostrar nas redes as ideias do partido. Estratégia semelhante é feita por Marivaldo Pereira e Chico Sant’Anna, ambos do Psol.

Bem posicionado nas pesquisas e pretendente à reeleição, o senador Cristovam Buarque (PPS) julga que quem alcançar os atuais eleitores nulos, brancos e indecisos estará mais próximo da vitória. “São eles que estão na frente”, resume.

Segurança, emprego e ética serão grandes temas na briga pelo eleitorado. O pré-candidato Alberto Fraga (DEM) acredita que os eleitores não querem venda de ilusões, mas, sim, realizações.

Paulo Octávio (PP) ensaia entrar de fato na corrida. “A princípio, sim. Fico feliz de meu nome estar sendo lembrado. Mas ainda aguardo a análise do partido e do grupo”, comenta. Segundo os advogados da sigla, o empresário é plenamente elegível. Questionamentos legais podem surgir, mas não irão se sustentar, garantem.

No campo governista do PSB, as duas vagas estão abertas para a construção de coligações. “Temos nomes próprios, mas estes espaços estão abertos para alianças – necessárias, inclusive, para ampliarmos nosso tempo de televisão”, explica o presidente regional do partido, Tiago Coelho. Nesse sentido, Leila Barros tende a tentar a Câmara Legislativa, enquanto o futuro de Leany Lemos poderá ser revisto.

O PT ainda está indefinido. A sigla busca o consenso entre os nomes de Wasny de Roure, Marcelo Neves, Chico Machado e Claudia Farinha. Segundo a presidente regional Érika Kokay, se isso não for possível, a questão será decidida no voto de 300 delegados. Quem ganhar, deverá defender a pré-candidatura ao Palácio do Planalto do ex-presidente, atualmente preso, Luiz Inácio Lula da Silva.

Potencial competitivo

De campos políticos opostos, duas pré-candidaturas para o Senado com potencial competitivo estão em aberto. De um lado, a Rede flerta com as possibilidade de Chico Leite tentar o Palácio do Buriti ou o posto de senador. Por outro, Weslian Roriz (PMN) não descarta (e simpatiza) uma pré-candidatura.

Atualmente a Rede está fechada com PPL e PCdoB, e aguarda a definição do futuro do PDT. Fechar com o governador Rodrigo Rollemberg é uma possibilidade, assim como outras forças. Por exemplo, o partido pretende conversar com a pré-candidata ao GDF, Eliana Pedrosa (Pros).

Dois pontos serão decisivos para Rede. Em primeiro lugar, a definição das forças que apoiarem a pré-candidatura de Marina Silva ao Palácio do Planalto. Quem apoiá-la naturalmente terá força de composição no DF. O segundo é a tendência natural de alianças com o campo da centro-esquerda.

Mesmo sem estar com campanha na rua, Weslian Roriz mostra um fôlego invejável. “Minha mãe não descarta a ideia. Ela poderá tentar, sim”, conta a filha do casal Roriz, vice-presidente regional do PMN e membro nacional do partido, Jaqueline Roriz.

Um ponto crítico para Weslian Roriz tentar ou não a sorte é a saúde do ex-governador Joaquim Roriz. Nas últimas semanas, seu delicado quadro de saúde estabilizou positivamente. Se Roriz estiver bem, Weslian poderá entrar em campo.

Saiba Mais

Outros nomes importantes estão na fila pelo Senado, como o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), e o presidente do PSD, Rogério Rosso. Com a bênção do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), também compete Fadi Faraj (PRP), irmão da deputada distrital Sandra Faraj (PR).

Caso Paulo Octávio: alvo de processo de cassação no escândalo da Caixa de Pandora, o empresário renunciou antes que o processo de cassação fosse votado no plenário da Câmara. Segundo advogados, ele só estaria inelegível se tivesse renunciado após a decisão do plenário. O processo foi arquivado. Tudo isso, com base em um entendimento do Supremo Tribunal Federal.

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