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Política & Poder

Opinião do brasiliense serve de termômetro para partidos

Arquivo Geral

23/04/2018 7h33

Divulgação

CAMILA COSTA
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ODistrito Federal é a Unidade da Federação com mais pesquisas eleitorais registradas até agora. São oito iniciativas de quatro empresas diferentes, disponibilizados no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF), interessados em saber o voto do eleitor não apenas para os principais cargos eletivos como presidente da República, governador do DF, senador e deputado federal, mas também para a Câmara Legislativa.

A primeira foi registrada em 30 de janeiro, em nome do Instituto Phoenix & Associados, no valor de R$ 12,5 mil, e pesquisou todos os cargos eletivos para 2018. O objetivo foi traçar perfis, avaliar gestões e serviço pelo cruzamento das respostas obtidas. Nove agentes pesquisadores fizeram a coleta de dados em campo nas cidades, escolhidas por sorteio.

Entraram no questionários perguntas sobre a gestão de Rodrigo Rollemberg e se o ex-governador José Roberto Arruda e os deputados federais Jair Bolsonaro (PSC) e Reguffe (PDT) influenciariam o voto. A esposa de Arruda, Flávia Arruda, aparece como opção de voto para o governo do DF ao lado de Izalci Lucas (PSDB), Jofran Frejat (PR), Joe Valle (PDT); e nomes que chegaram a ser cogitados pelo PT: o da deputada federal Erika Kokay (PT) e da diretora do Sindicato dos Professores (Sinpro) Rosilene Corrêa.

Pesquisa do Dataplan registrada no último dia 14 está prevista para ser divulgada amanhã. Foi encomendada pelo diretório regional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB-DF) e os R$ 16,3 foram pagos com o fundo partidário. O pré-candidato da sigla ao governo, Alírio Neto, disse que o resultado será para definir como ficará a disputa internamente. “Precisamos decidir se será eu ou o Izalci. O objetivo ainda não é geral, ver os votos para Brasília, mas para saber quem está na frente e podermos otimizar os nossos trabalhos”, explicou Alírio, presidente regional do partido.

Experimentos

A pesquisa do PTB avalia dois cenários: o primeiro com Alírio e Izalci Lucas (PSDB) ao lado de outros pré-candidatos, depois retira o tucano da jogada. O partido perguntou ainda como o eleitor votaria em um suposto segundo turno entre Alírio e Rodrigo Rollemberg. O grupo composto ainda pelos pré-candidatos ao Palácio do Buriti Wanderley Tavares (PRB) e Gondim Carneiro (PMB) promete ainda criar um desenho de chapa, com até seis nomes, entre titulares e suplentes, para apreciação das siglas. A que mais agradar os partidos será oficializada pela coligação. A ideia é apresentar as propostas até sexta-feira.

A exemplo do PTB, outros partidos pedem pesquisas de intenção de voto para resoluções internas, o que não obriga a divulgação dos resultados. Nenhuma empresa solicitante é obrigada, segundo o TSE, a mostrar as respostas dos eleitores. No entanto, caso divulguem, todas devem obedecer aos critérios de resolução do TSE, como informar o período da coleta de dados; a margem de erro; o nível de confiança; o número de entrevistas; o nome da entidade ou empresa que a realizou e, se for o caso, de quem a contratou, além do número de registro da pesquisa. O registro deve ocorrer com antecedência mínima de cinco dias da divulgação.

Franco-atiradores testam nomes

Uma única empresa, a Dados Pesquisa Opinião & Mercado Eireli, é a responsável pela metade das pesquisas registradas junto ao TSE no âmbito do DF. Todas tem o valor de R$ 32 mil e foram registradas em 26 de março. As consultas abrangem deputados distrital e federal, senador e governador do DF, e entrevistaram, juntas, 12.800 pessoas – 3.200 cada uma.

Para o GDF, a pesquisa citou 14 opções de candidatos, entre nomes que já abandonaram a disputa: Alexandre Guerra (Novo); Maria Fátima (Psol); Alírio (PTB); Marly Rodrigues (PRB); Eliana Pedrosa (Podemos); Professor Kadesh (sem partido), Frejat (PR); Rollemberg (PSB); General Paulo Chagas (PRB); Rosilene (PT); Gondim (MDB), Valmir Campelo (PPS); Izalci (PSDB) e Joe Valle (PDT) – PDT. Estar ou não envolvido em escândalo foi um dos pontos abordados.

Muitos questionamentos são feitos em cima das pesquisas eleitorais de intenção de voto. Que são manipuladas, servem apenas para discursos políticos de convencimento, para fortalecer a campanha. Para melhorar a aplicação dos questionários eleitorais, foi publicado no mês passado pelo TSE um novo parágrafo a uma resolução anterior de dezembro: “Nos questionários aplicados ou a serem aplicados nas pesquisas de opinião pública […] são vedadas indagações a respeito de temas não relacionados à eleição”.

Efeito carona

O objetivo do TSE é evitar o que chamou de ‘efeito carona’ na aplicação dos questionários, ao permitir o uso de perguntas, na mesma pesquisa, sem qualquer relação com o contexto eleitoral. “Não deixam de ser um termômetro, mas não passam de uma fotografia daquele momento. Não tem como afirmar que em um futuro, mesmo próximo, aquelas respostas serão as mesmas”, ponderou o cientista político Everaldo Moraes.
Para o especialista, quem espera de fato o resultado de uma pesquisa para tomar uma decisão fica perdido. “A cada semana há uma mudança de nomes, parece que todos os partidos estão abertos, se achando com chances, que ninguém sabe onde as forças estão concentradas. Parecem franco-atiradores”, resumiu.

Saiba mais

Fake news em pesquisas é crime: a divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime e a divulgação, ainda que incompleta, de resultados de pesquisa sem o prévio registro sujeita o instituto de pesquisa, o contratante da pesquisa, o órgão de imprensa, o candidato, o partido político ou coligação, ou qualquer outro responsável às multas previstas pelo TSE.

O registro de pesquisa será obrigatoriamente realizado por meio do PesqEle – site do TSE. Com isso, é de inteira responsabilidade da empresa ou da entidade o cadastro para a utilização do sistema e a manutenção de dados atualizados na Justiça Eleitoral, inclusive quanto à legibilidade e à integridade do arquivo.

Penalidades: a divulgação de pesquisa fraudulenta constitui crime, punível com detenção de seis meses a um ano e multa no valor de R$ 53.205 a R$ 106.410.

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