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Política & Poder

Líder do PSB na Câmara descarta candidatura própria

Agência Estado

22/07/2018 18h06

Atualizada

Líder do PSB na Câmara, o deputado Tadeu Alencar (PE) diz que o partido condiciona a aliança com o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT) na disputa presidencial à adesão de outras legendas de esquerda à candidatura do pedetista. Ex-secretário da Casa Civil e procurador-geral do Estado no governo Eduardo Campos, em Pernambuco, Alencar avalia que Ciro se iludiu ao flertar com o Centrão: “É ilusão desejar representar a casa alheia. Boa parte desse bloco é a base do Temer e de muitos outros governos”.

O parlamentar afirma que a adesão do bloco DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade a Geraldo Alckmin, pré-candidato do PSDB, prejudicou os planos do deputado Jair Bolsonaro (RJ), nome do PSL para disputar o Planalto, e deveria alertar a esquerda para tomar uma decisão pragmática: “Deveria sugerir às esquerdas um pragmatismo saudável de perseguir uma aliança”. Ele rechaça a possibilidade de o PSB lançar uma candidatura própria e afirma que a neutralidade seria apenas aparente.

Que rumo o PSB deve tomar na disputa presidencial?

O PSB adotou uma posição de figurar no campo político que corresponde à sua genética, que é o progressista, de centro-esquerda. Essa baliza nos impõe certos limites. Não tendo sido possível uma candidatura própria como seria desejável, apoiaremos o candidato que mais acumular força nesse campo.

O que significa para o PSB ficar neutro? É possível ainda lançar candidato próprio?

Tínhamos um líder e um programa em 2014 (Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco morto em acidente aéreo naquele ano). Hoje só temos o programa, que está atualizado, contemporâneo a esse ambiente de crise. Mas, convenhamos, a 15 dias de deliberar sobre o tema, não creio na possibilidade de candidatura própria. E a neutralidade é só aparente. Uma eleição em dois turnos permite que cada força política se apresente com a cor do seu cordão: ora vermelho, ora azul, ora amarelo. Não sendo possível, mais do que nos candidatos, devemos apostar no campo político. Esse é o jogo.

O PSB trabalha com o nome de Renata Campos como opção eleitoral?

Renata Campos, desde a juventude, é uma militante do Partido Socialista Brasileiro e ajuda a manter o nosso partido fiel aos seus compromissos históricos. Poderia disputar qualquer cargo, mas não deseja fazê-lo. Nós respeitamos. Tem um estilo reservado, mas abundante em simpatia com as pessoas mais simples.

O que a aliança do Centrão com Alckmin muda?

Deve ter deixado o Bolsonaro em desamparo, em perfeito abandono. E deveria sugerir às esquerdas um pragmatismo saudável de perseguir uma aliança, que nos permita agir em bloco, passar para o segundo turno, vencer e governar.

Ciro Gomes saiu fragilizado após ser preterido pelo Centrão?

Acho que o Ciro se fortalece no seu próprio campo, pois o outro lado já tem dono. É ilusão desejar representar a casa alheia, embora devamos incorporar, mantida a diretriz política, setores que busquem renovação e não apenas os que querem estar num vagão promissor. Boa parte desse bloco é a base do Temer e de muitos outros governos.

O que faria o PSB fechar com Ciro?

Uma reunião do campo progressista e democrático em torno do Ciro. É um quadro político de expressão, com coragem cívica invejável, além de já ter integrado o PSB. Tem quem defenda aliança com Ciro e quem defenda aliança com o PT de Lula. É um debate que ainda não se findou.

O fato de o PT insistir em Lula hoje atrapalha ou favorece uma composição?

O PT tem todo direito de defender a candidatura do Lula até o limite. O tempo dirá se a estratégia está correta.

O PSB considera apoiar o PT nacionalmente sem passar pelas alianças regionais?

O PSB vai deliberar no dia 30, na reunião do Diretório Nacional, e no Congresso do partido, no dia 5 de agosto. Individualmente nenhum Estado tem força para impor ao conjunto do partido uma posição. Ela terá que ser negociada, sendo a unidade partidária a sua meta-síntese. Não há clima para uma conflagração. E a não adoção de uma coligação formal, nacional, permite arranjos regionais, que são legítimos.

Em Pernambuco, haverá composição do governador Paulo Câmara (PSB) com o PT, da vereadora Marília Arraes?

O governador Paulo Câmara expressou a posição de Pernambuco com clareza: trabalhamos por uma aliança com o PT e vamos defender essa posição na esfera decisória nacional, presente a ideia de fortalecer uma aliança de centro-esquerda. Isso é fundamental.

Mas, quanto a Pernambuco, vou dar uma opinião em caráter estritamente pessoal: acho que faria bem ao Estado um debate e a disputa de três candidatos que reconhecem o papel do ex-presidente Lula (condenado e preso pela Operação Lava Jato) na diminuição das desigualdades no Brasil. Será interessante cotejar as ideias e avaliar as ações concretas dos três candidatos.

Fonte: Estadao Conteudo

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