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Política & Poder

GDF exonera delegado que ofereceu ajuda à CPI e servidores gravados em áudios

Arquivo Geral

26/07/2016 6h45

Atualizada 25/07/2016 21h49

Kleber Lima

Millena Lopes
[email protected]

Retaliação. É assim que o presidente da CPI da Saúde, deputado Wellington Luiz (PMDB), classifica a demissão do delegado Rafael de Sá Sampaio do cargo de assessor da Secretaria de Segurança Pública do DF, após ele oferecer ajuda aos deputados para investigar as denúncias de que haveria um esquema de pagamento de propina no Governo do DF.

Também estão no Diário Oficial do DF as exonerações do jornalista Caio Barbieri, da Secretaria de Esporte, e de Valdeci Medeiros, da Vice-Governadoria. Ambos foram gravados pela sindicalista Marli Rodrigues nos áudios que tratam do suposto esquema.

O Sindicato dos Delegados de Polícia do DF, do qual o delegado é vice-presidente, divulgou nota em que diz ter recebido “com surpresa” a exoneração “logo após a mobilização dos delegados de polícia em colaboração às investigações da CPI da Saúde”.

Segundo a entidade, Sampaio não foi nem sequer comunicado sobre a demissão, “como de praxe no serviço público”. No texto, o sindicato diz compreender que o cargo em comissão em questão é de livre provimento “e, portanto, o Governo do DF pode dispor dele de acordo com a conveniência”.

Para Wellington Luiz, a retaliação é “óbvia” e, com as exonerações, o governador “assina um atestado de culpa”, principalmente com relação à demissão do delegado. “Demonstra que o governo está acuado, demonstra a falta de espírito democrático”, disse o distrital, que também é policial civil. Ele disse que as entidades de classe devem reagir. “Vou me reunir com as entidades e vamos conversar sobre essa retaliação injustificável”.

“Servidor de estado”

Caio Barbieri foi gravado junto com o subsecretário Marco Júnior e testemunhou a confecção de um fluxograma que mostrava as ligações de gestores na pasta da Saúde ao governador Rodrigo Rollemberg e à primeira-dama Márcia. Barbieri aparece junto com Marli questionando o papel de cada um no suposto esquema.

Na publicação, a exoneração do jornalista aparece “a pedido”. Ele não confirma a informação e diz que fez o que qualquer cidadão faria: “Soube de denúncias de possíveis irregularidades e levei aos órgãos competentes. Cumpri o meu papel”.

Os áudios foram entregues ao Ministério Público, que também investiga o suposto esquema. “Sempre me encarei como um servidor de Estado, não de governos”, diz o servidor exonerado.

O governo, por meio da Subchefia de Relações com a Imprensa, reiterou que a exoneração de Barbieri foi a pedido, enquanto a de Valdeci Medeiros se deu porque ele aparece em gravação que revelaria suposto esquema de extorsão, que está sendo investigado pela Polícia Civil. Já o delegado perdeu o cargo por que, conforme o GDF, as declarações feitas por ele “são incompatíveis com a função que exercia”.

Valdeci Medeiros não foi encontrado para comentar o assunto.

Saiba mais

Na contramão das demissões dos envolvidos nas denúncias de corrupção, o governador Rodrigo Rollemberg tem telefonado pessoalmente aos deputados distritais da base aliada para oferecer cargos e nomeações.

A eles, tem dito que as negociações serão feitas pessoalmente com o chefe do Executivo. Sem atravessadores.

Rollemberg tenta – intempestivamente, dizem alguns dos aliados – recuperar a base, que lhe pode ser muito útil daqui para a frente.

Ele teme que um processo de impeachment seja desencadeado com a CPI.

Enquanto os deputados governistas tentam desqualificar o que já foi apresentado até agora, a oposição – e os “independentes” também – aposta na consistência das provas que estão sob o poder do Ministério Público.

Subsecretário ameaça entrar na Justiça

Eric Zambon
[email protected]

Uma das figuras-chave na CPI da Saúde, o atual subsecretário de Infraestrutura e Logística da Saúde (Sulis), Marcello Nóbrega, ameaça entrar na Justiça contra quem vinculou seu nome ao suposto esquema de propina na pasta. “Andam vinculando as coisas ao meu nome sem nem conversar comigo”, reclamou Nóbrega, por telefone.

A permanência de Nóbrega no cargo teria sido um dos motivos que levaram o antigo titular da pasta, Fábio Gondim, a deixar o cargo, em março. Conforme o ex-chefe da Sulis, Marco Júnior, contou ao JBr na última sexta-feira, o governador Rodrigo Rollemberg teria negado o pedido do ex-secretário.

O subsecretário disse que o antecessor “terá de “provar na Justiça” qualquer declaração.

No fluxograma apresentado pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues, na CPI da Saúde, Nóbrega aparece como alguém ligado à primeira-dama Márcia Rollemberg. Sobre o assunto, ele afirmou “não ter nada a declarar”.

 

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