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Brasília

Eleição de administrador vai para a CLDF em 2018, diz Rollemberg

Arquivo Geral

22/12/2017 7h00

Atualizada 21/12/2017 22h40

Foto: Myke Sena

Millena Lopes
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O governador Rodrigo Rollemberg considera um segundo mandato e já tem planos para o futuro. Na entrevista a seguir, ele se diz satisfeito com o que realizou até aqui e afirma que as alianças para 2018 ainda devem demorar a se concretizar. Explica que, ainda neste mandato, enviará à Câmara Legislativa o projeto que institui a eleição direta para administrador regional, uma das principais bandeiras da campanha dele, e admite, que em um provável segundo mandato, ampliaria para outras unidades de saúde pública o modelo de gestão que é implementado com a instalação do Instituto Hospital de Base de Brasília. Sob o som dos pássaros e incomodado com alguns mosquitos, foi no jardim da Residência Oficial de Águas Claras que ele recebeu a reportagem do Jornal de Brasília para falar sobre a relação dele com a Câmara Legislativa, os projetos futuros e, claro, a campanha eleitoral.

Agora, que o senhor já fez o balanço das ações do governo, podemos falar sobre 2018?

Podemos. Podemos desejar um feliz 2018 para todos os brasilienses. Acho que 2018 chega com notícias boas. Hoje (ontem), nós tivemos duas notícias muito boas: a Pesquisa de Emprego e Desemprego demonstra uma redução de oito mil postos de desemprego no DF, com uma redução de 0,4%; e uma pesquisa feita pela CNI e pela Fibra mostra que o nível de confiança dos empresários na economia nunca esteve tão alto. Eu tenho certeza que isso vai redundar na melhoria da economia do Distrito Federal, em 2018.

E do projeto de reeleição, já podemos falar?

A eleição, tanto no caso nacional quanto em Brasília, ainda está muito indefinido. Claro que, a partir do ano que vem, isso vai se acelerar. A mudança na legislação eleitoral acabou retardando muito as composições políticas, porque o prazo de filiação partidária foi adiado em seis meses. Isso fez com que muitas definições só aconteçam no fim de março, início de abril. É aí que a gente vai começar a ter um primeiro cenário das eleições de 2018, é quando se fechar o quadro de filiações partidárias.

Durante o balanço das ações da gestão do presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle, ele disse que está na fila para governar o DF, mas atrás do senhor. Como o senhor interpreta esta fala?

Ele tem utilizado essa frase já há algum tempo, de que tem que uma fila e que há pessoas que estão há mais tempo posicionadas para disputar. Nós não temos nada definido para 2018 e estamos de portas abertas para o diálogo com as forças políticas que tenham identidade com o nosso campo político.

O senhor trabalha com a hipótese de enfrentá-lo nas urnas?

Eu não sei se ele vai ser candidato. Então, não tenho como cogitar enfrentá-lo. Eu estou cumprindo uma missão e fico feliz em ver Brasília de pé. Nesta semana, quando vi os jornais nacionais e vi Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Sergipe, que não pagaram o décimo-terceiro e alguns estão com os salários parcelados, confesso que me senti vitorioso de ter tido a coragem de tomar medidas duras, mas ter equilibrado a economia do Distrito Federal. Estamos terminando 2017 com todo mundo com seus salários em dia, todo mundo recebendo seu décimo-terceiro, a economia se recuperando, o desemprego reduzindo, o índice de confiança na economia aumentando… isso tudo são sinais de sucesso de todo o esforço e trabalho que realizamos nos últimos três anos.

O senhor está satisfeito com o balanço que faz do governo neste ano?

Estou satisfeito sim. Acho que todas as pessoas que tiveram a oportunidade de conhecer tudo o que fizemos, que estamos entregamos e que vamos entregar em 2018 reconhecem que são legados importantes para cidade. Não é pouca coisa: a completa desobstrução da orla do Lago Paranoá, que muitos acreditavam que seríamos capazes de fazer e vamos entregar em janeiro para usufruto da população; a desativação do Lixão da Estrutural, que, desde a inauguração de Brasília, é uma vergonha cravada no coração do País; o maior programa de regularização fundiária da história da Brasília, em que já entregamos 41.955 escrituras entregues; o programa de venda direta de regularização dos condomínios – quantos governadores prometeram e não fizeram?; a construção do Hospital da Criança, que vai ser entregue à população no primeiro semestre do ano que vem, com 220 leitos; a mudança do modelo da saúde, seja pelo Instituto Hospital de Base, seja pela ampliação da cobertura da atenção primária em todo o Distrito Federal; as obras de captação de água, que vão resolver o problema hídrico pelos próximos 30 anos; a maior obra viária da história de Brasília, que é o trevo de triagem norte, com 28 viadutos e pontes, que vão melhorar a mobilidade urbana na saída norte de Brasília; o bilhete único, compromisso importante de campanha; o Nota Saúde Legal, com a devolução dos impostos pagos na compra de remédios para a população, um compromisso meu e do senador Reguffe (sem partido); a universalização da educação infantil – nós estamos com todas as crianças de 4, 5 anos nas escolas; o dobro do número dos centros de línguas, que eram oito e hoje são 16; a menor taxa de homicídios dos últimos 28 anos, em um momento que no Brasil todo as taxas estão explodindo. A gente tem um legado para mostrar de realizações do nosso governo em três anos.

A saúde é um dos desafios do seu governo e o senhor aposta que o modelo de gestão do Instituto Hospital de Base amenize os problemas hoje enfrentados na área. O senhor cogita estender o modelo para outras unidades de saúde?

A saúde é o maior desafio, mas é importante reconhecer os avanços que já tivemos: zeramos a fila de mamografia; reduzimos para um terço a fila de radioterapia; hoje, estamos com 90% dos medicamentos nas farmácias de alto custo; estamos com contratos de manutenção da maioria dos equipamentos. E isso tudo foi muito difícil, porque assumimos o governo com R$ 600 milhões de dívidas só na saúde. Não tinha orçamento para fazer as licitações. Nossa expectativa é que um hospital grande e importante como o Hospital de Base ter um modelo de gestão que permita mais agilidade no processo de compras, manutenção de equipamentos e contratação de pessoal produza resultados positivos ao longo do ano. Agora, nós não teremos tempo no ano que vem para adotar esse novo modelo nos hospitais.

Mas pode ser uma proposta para a campanha?

Pode ser sim, em um novo mandato, a ampliação do modelo, que, eu tenho certeza, vai ser incorporado pelos próprios servidores. Já há um otimismo e uma confiança muito grande por parte dos servidores que estão no Hospital de Base porque eles sabem que vão melhorar as condições de trabalho e isso pode servir de grande estímulo para os servidores da rede pública de saúde.

O senhor mencionou que cumpriu um dos seus compromissos de campanha, que é a implementação do bilhete único, mas uma de uma de suas principais bandeiras não foi, até agora, colocada em prática, que é a eleição direta para administrador regional. Como está esse processo?

Eu dizia na campanha que, para fazer eleição direta para administrador regional, era preciso ter as administrações profissionalizadas, com servidores de carreira, e nós passamos os três anos sem poder contratar servidores porque estávamos no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com administrações que funcionam apenas com cargos comissionados, é impossível fazer eleição. Mas, de qualquer forma, vamos encaminhar, em fevereiro, para a Câmara Legislativa a nossa proposta de eleição direta.

E o senhor acha que será possível implementar no ano que vem?

Não. Porque, pela nossa proposta, a eleição seria concomitante à eleição para governador, senador e deputados.

Então seria somente para 2022?

Só para o próximo mandato.

A proposta de isenção de impostos para medicamentos é uma das bandeiras do senador Reguffe, que cobrava isso do senhor há tempos. Agora, que a promessa foi cumprida, como está sua relação com ele?

Eu tenho uma profunda admiração pelo senador Reguffe, que é um político diferenciado, não faz política indicando cargos como a grande maioria dos políticos de Brasília e do Brasil, faz política defendendo ideias. Mas eu sempre disse para ele que os compromissos do mandato a gente tem quatro anos para cumprir. Isso em função das peculiaridades, das dificuldades financeiras, das dificuldades políticas. E eu fiquei muito feliz em assumir esse compromisso feito por mim, uma ideia do senador Reguffe, de ter a devolução dos impostos pagos, que vai beneficiar, sobretudo, a população mais idosa que utiliza mais medicamentos.

O senhor sempre pregou que teria uma relação republicana com a Câmara Legislativa, que não teria “toma lá, dá cá” no seu governo, e, ao longo destes três anos, alguns partidos entraram, abandonaram o governo, outros estão chegando. O que mudou com relação ao que senhor pensava que faria e o que acabou fazendo?

Minha relação com a Câmara é republicana. É claro que, no sistema político brasileiro, você é obrigado a fazer composições políticas com os partidos e nós temos procurado fazer isso com critério. Agora é sempre um grande desafio, porque você tem uma Câmara Legislativa com 24 deputados de 17 partidos. E, muitas vezes, o próprio deputado tem uma opinião ou posição política diferente do partido, que traz um nível de dificuldade muito grande. Agora, alguns partidos que estavam comigo, no início do governo, e não estão mais, não quiseram se identificar com uma agenda difícil e impopular, uma agenda de redução de secretarias, de corte de cargos comissionados, de austeridade, de suspensão de reajustes de salários porque não tinha previsão orçamentária… é claro que não são agendas simpáticas para a população. Agora, o resultado está aí, enquanto vários estados estão em dificuldade. Imagine o que seria Brasília hoje, se eu tivesse dado o aumento para o qual não existia previsão orçamentária e que o Estado não tinha capacidade de pagamento. Estaríamos no caos, como está o Rio de Janeiro. E hoje estamos com a cidade equilibrada.

Com quais partidos o senhor pode contar hoje como aliado do governo?

Hoje, estamos com parte do PSDB, com as figuras representativas do PSDB que apoiam meu governo, o Solidariedade, o PV, o Pros, o próprio PRB. Agora, quais os partidos que vão estar em 2018, só vão se definir depois de abril do ano que vem.

Seu governo foi marcado por certa aproximação com o PT, que tem feito a dita oposição responsável à sua gestão, o deputado distrital Ricardo Vale tem cargos em seu governo… como tem sido essa relação com o PT?

Em primeiro lugar, Ricardo Vale não tem cargos no meu governo. Eu tenho uma relação com Ricardo Vale, como tenho com o deputado Chico Vigilante (PT). São pessoas com quem é possível dialogar na política e que, por muitas vezes, colocaram os interesses da cidade acima do interesse partidário. É claro que, em questões fundamentais caras ao Partido dos Trabalhadores, não tiveram condições de votar com o governo e a gente compreendeu isso perfeitamente. É natural da política. Mas, em muitos momentos importantes, nós tivemos ajuda desses deputados, muitas vezes até votando contra, mas ajudando a dar quórum, enfim… é uma relação política. E nós, historicamente, somos do mesmo campo político, o campo da esquerda.

Servidores públicos estão indignados com sua gestão, por conta do que chamam de calote no reajuste dos salários. O senhor conta com o voto deles em 2018?

Eu não acredito que os servidores públicos estejam indignados com a minha gestão. Pode ter uma parcela de sindicalistas que estão descontentes com a minha gestão. Agora, no momento em que olharem para o Brasil e fizerem uma comparação com governos do PT, do PMDB e de outros partidos, que não pagaram o décimo-terceiro e estão parcelando os salários, e aqui nós estamos com salários e décimo-terceiro em dia; investimos muito na qualificação dos servidores; apoiamos a licença paternidade de sete para 30 dias. Enfim, no meu entendimento, a racionalidade vai prevalecer. Eu adoraria dar aumento para todos os servidores, mas, se eu tivesse dado o aumento, não teria condições de pagar e a cidade estaria um caos, se desordenaria completamente.

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