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Política & Poder

Donos da JBS Friboi entregam gravações que comprometem Temer e Aécio

Arquivo Geral

17/05/2017 20h26

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Informações do jornalista Lauro Jardim, de O Globo, publicadas há pouco, revelam que os donos da JBS Friboi entregaram ao ministro Edson Fachin, do STF, gravações sonoras e de vídeo que comprometem o presidente da República, Michel Temer, e o senador Aécio Neves, entre outras figuras políticas. Nelas, há informações de pagamento de propinas para silenciar o ex-deputado Eduardo Cunha e de dinheiro dado a Aécio. A delação teria sido feita na tarde de quarta-feira passada, quando Joesley e Wesley Batista procuraram o gabinete do ministro. Procurado pelo jornal, o presidente não se manifestou.

Segundo informações do matutino carioca, as gravações foram feitas em março. Michel Temer teria indicado a Joesley o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), para tratar de assunto do interesse da holding que controla a JBS. Loures foi grampeado em vídeo recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley.

Em outra gravação, desta vez sonora, Temer ouviu de Joesley que pagava a Eduardo Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma mesada na prisão para ficarem calados. Temer disse: “Tem que manter isso, viu?”.

Já Aécio Neves foi gravado pedindo R$ 2 milhões a Joesley, que foram entregues a um primo do senador e presidente do PSDB, em cena gravada pela Polícia Federal. O dinheiro foi rastreado e depositado em empresa de propriedade do senador Zeze Perrella (PSDB-MG).

A delação de Joesley também envolve Guido Mantega, apontado como seu contato no PT. Segundo o empresário, o ex-ministro da Fazenda de Lula e Dilma negociava a propina para distribuir a partidários e aliados. Em troca, defendia interesses da JBS no BNDES.

Ao ministro, Joesley disse que pagou R$ 5 milhões para Eduardo Cunha, mesmo após a prisão do ex-deputado, que seria dinheiro remanescente de propinas. O débito com Cunha seria de R$ 20 milhões, acertados por conta da aceleração na tramitação da lei sobre a desoneração tributária do setor de frango.

Grampo de Temer
A gravação em que Temer dá o aval para compra de silêncio de Eduardo Cunha foi feita na noite de 7 de março, no Palácio do Jaburu. Joesley teria ido dirigindo o próprio carro, para um encontro fora da agenda. Segundo a reportagem de O Globo, levava no bolso um gravador. A conversa durou 40 minutos e, segundo o jornal, há trechos gravíssimos, como o que o dono da JBS diz que pagava mesada a Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, em troca de silêncio, momento em que ouviu de Temer o seguinte comentário: “Tem que manter isso, viu?”. Joesley disse que não foi o presidente que determinou pagamento aos dois, mas revelou que ele tinha conhecimento do cala-boca.

O dinheiro era pago há vários meses e Polícia Federal filmou ao menos uma entrega de R$ 400 mil para Roberta, irmã de Funaro. Quem recebia o dinheiro por Cunha era  Altair Alves Pinto, que já fora apontado por Fernando Baiano como o recebedor de propinas pagas ao ex-deputado.

Na mesma conversa, Temer indicou a Joesley o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para cuidar de problemas relacionados à empresa dentro do governo. Rocha Loures é homem de confiança do presidente e foi chefe de Relações Institucionais da Vice-Presidência quando Temer ocupava o cargo. Após o impeachment, foi assessor especial da Presidência e, em março, voltou à Câmara, na vaga do ministro da Justiça, Osmar Serraglio.

Rocha Loures teria sido contatado para desembaraçar problemas da JBS junto ao Cade, em torno da usina termelétrica EPE, localizada em Cuiabá. Pelo serviço, Joesley recebeu propina de 5%, com pagamentos de R$ 500 mil semanais por 20 anos, tempo do contrato da EPE – ou R$ 480 milhões ao longo de duas décadas. Segundo o jornal, Loures disse que levaria a proposta a um superior – a suspeita é que se tratava de Michel Temer. Apesar do acerto de repasses semanais, só uma entrega foi feita.

Aécio envolvido
Outro envolvido nas delações de Joesley Batista é Aécio Neves. Ainda de acordo com o jornal, um áudio mostra o presidente do PSDB pedindo R$ 2 milhões, que seriam usados para pagar sua defesa na Operação Lava-Jato. A gravação foi feita no dia 24 de março, no Hotel Unique, em São Paulo.

A primeira abordagem de Aécio a Joesley foi feita pela irmã dele, Andréa Neves, por telefone e WhatsApp, em mensagens entregue aos procuradores. Segundo o jornal, o empresário queria saber quem pegaria o dinheiro. “Se for você a pegar em mãos, vou eu mesmo entregar. Mas, se você mandar alguém de sua confiança, mando alguém da minha confiança”, disse Joesley, recebendo como resposta de Aécio a seguinte frase: “Tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação. Vai ser o Fred com um cara seu. Vamos combinar o Fred com um cara seu porque ele sai de lá e vai no cara”.

Quem recebeu o dinheiro foi o primo dele, Frederico Pacheco de Medeiros, ex-diretor da Cemig, nomeado por Aécio, ex-coordenador da campanha dele a presidente em 2014. A propina foi dada pelo diretor de Relações Institucionais da JBS, Ricardo Saud, um dos sete que estão na delação. No total, foram quatro entregas de R$ 500 mil, sendo que uma delas foi filmada pela PF.

 

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