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Política & Poder

Cresce suspeita de que fitas divulgadas por Liliane Roriz foram editadas

Arquivo Geral

02/09/2016 7h00

Josemar Gonçalves

Francisco Dutra
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Cresce a suspeita de edição nas gravações feitas pela deputada distrital Liliane Roriz (PTB) para denunciar um suposto esquema de corrupção na Mesa Diretora da Câmara Legislativa, sob investigação da operação Drácon. Conforme reportagem do portal Metrópoles, existiriam pelo menos duas versões de um diálogo gravado pela parlamentar. Uma estaria em posse do Ministério Público (MP), que investiga o caso junto com a Polícia Civil. Outra circularia pela cidade desde o começo do escândalo.

Segundo o texto assinado pelo repórter Carlos Carone, a versão “pública” omite uma fala comprometedora para Liliane, autora da denúncia contra a cúpula da Câmara e sua ex-vice-presidente. Na conversa se fazia referência ao repasse emendas para o pagamento de dívidas de empresas de UTI com a Secretaria de Saúde. Na versão em mãos do MP, Liliane disse: “do jeito que eles queriam”. O trecho levantaria a suspeita de que a distrital tinha conhecimento do suposto esquema de cobrança de propina na liberação de emendas parlamentares para a quitação de dívidas de empresários.

A versão “completa” estaria de posse do Centro de Produção, Análise, Difusão e Segurança da Informação do Ministério Público. Procurada pela reportagem do Jornal de Brasília a assessoria de Liliane apresentou uma nota: “Todos os áudios foram entregues ao MP junto com tudo que a deputada tinha sobre as gravações. Tudo foi dito ao MP”.

Vista como um dos principais alvos das investigações, a presidente afastada da Câmara, deputada Celina Leão (PPS) declara constantemente que os áudios foram editados desde a denúncia. A parlamentar acusa Liliane de “maquiar” as conversas em conluio com o governo Rollemberg para implodir a Mesa Diretora. A manobra frearia o processo de quebra de decoro parlamentar contra Liliane e também desidrataria a CPI da Saúde, que ameaça a gestão do PSB.

Nesta semana, Liliane foi inclusive notificada do processo de quebra de decoro. Para Celina, o governo teria interesse em destituir a Mesa para inviabilizar a continuidade da CPI da Saúde, que poderia atingir a família do governador Rodrigo Rollemberg. O Palácio do Buriti nega as acusações.

Além de Celina, são citados pelas investigações os deputados Raimundo Ribeiro (PPS), Bispo Renato (PR), Julio César (PRB) e Cristiano Araújo (PSD). Todos alegam inocência. O Jornal de Brasília tentou ouvir o Ministério Público sobre esta situação. Mas segundo a assessoria de imprensa do órgão, as investigações estão em fase sigilosa.

Clima tenso desorienta os distritais

O clima na Câmara Legislativa é muito tenso. Afirma-se que Liliane teria gravado conversas de outros parlamentares além dos citados inicialmente pela operação Drácon. A Mesa Diretora provisória tenta gerar imagem de normalidade apoiando a agenda de votações do GDF no plenário. Mas a calmaria é falaciosa.

Prova da falsa paz foi vista no plenário na última quarta-feira. O Executivo esperava votar a regulamentação dos puxadinhos da Asa Sul. O texto passou por várias reuniões acompanhadas pelos comerciantes ds região. Tudo estava discutido. Mas não para o PT. O partido alegou falta de acesso aos documentos e cobrou mais debates. O que estava acertado foi adiado.

A votação ficou para a próxima semana. Pelas contas do governo, a base teria hoje 13 deputados, sem contar com os três nomes do PT. Ou seja, se tudo estivesse normal, o GDF teria regulado a questão dos Puxadinhos.

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