Embora tenha bens declarados no valor de R$ 1,8 milhão, o ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), comprou metade de um terreno avaliado em R$ 56 milhões em Marinalva, no Paraná. Os documentos foram obtidos com exclusividade pelo jornal Folha de S.Paulo.
O ministro disse à Folha que fez um empréstimo de R$ 13 milhões para bancar o negócio em 2014. Na época, Barros era secretário de Indústria e Comércio do Paraná e disputou uma vaga de deputado federal, ocasião em que declarou seu patrimônio à Justiça Eleitoral.
Já como deputado, Barros apoiou, por meio de requerimento, a liberação de R$ 450 milhões de emenda da União para a construção de uma rodovia que passa a 3 km do terreno.
A emenda, inclusive, havia sido apresentada um ano antes pela bancada de parlamentares do Paraná, que incluía a esposa do ministro, Cida Borghetti, na época era deputada federal e hoje vice-governadora do Paraná e sócia do marido na compra da propriedade. Cida declarou um patrimônio de R$ 805 mil.
A emenda chegou a ser incluída na previsão de gastos do Executivo, mas foi congelada por conta do ajuste fiscal. Questionado pela transação, Barros respondeu, por meio da assessoria, que utilizou um empréstimo de R$ 13 milhões da empresa Paysage, sócia dele na compra.
Segundo o ministro, o montante serviu para dar sinal na compra, que seria feita em três parcelas. Para comprar sua parte do terreno, Barros usou duas empresas, a MRC e a RC7, com capital de R$ 10 mil cada.
A MRC foi montada 20 dias antes da divulgação de um estudo ambiental da rodovia pela prefeitura. Na época, o prefeito de Maringá, Roberto Pupin (PP), era aliado de Barros.
Barros.
