Jorge Eduardo Antunes
[email protected]
Nascido na pequena cidade de Glicério (SP), Jair Messias Bolsonaro tem na vida militar a base de sua doutrina pessoal. Cursou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército e a Academia Militar das Agulhas Negras, graduando-se em 1977. Por dois anos, esteve em grupo de artilharia, passando depois pela Brigada Paraquedista, onde tornou-se mestre em saltos. Formou-se, também, em Educação Física pelo Exército e passou pela Escola de Aperfeiçoamento de oficiais.
A carreira militar começou a ser interrompida em 1986, quando era capitão e assinou um artigo na revista Veja responsabilizando o valor dos soldos pelo êxodo de cadetes. Recebeu punição pelo teor do texto e foi alvo de perseguições. Acusado de tramar um atentado em protesto pelos soldos baixos, foi levado a julgamento. O Superior Tribunal Militar (STM) o inocentou e, em 1988, Bolsonaro foi para a reserva, como capitão.
A partir daí, começou com sua atividade política, que completa 30 anos. Elegeu-se logo vereador no Rio de Janeiro. Dois anos mais tarde, em 1990, disputou e venceu a primeira eleição para deputado federal. Passou, desde então, pelo PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP e PSC, até chegar ao PSL, pelo qual disputará o primeiro cargo no Executivo, e logo o mais importante de todos: a Presidência da República.
Para chegar ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro apresenta-se como um político fora do grupo que domina a República. Se não chega a se denominar outsider, prega que, nos seus 30 anos de atividade legislativa, foi sempre independente em seus votos e passou ao largo dos escândalos de corrupção que envolveram os partidos – inclusive alguns em que foi filiado nestas três décadas.
Sua proposta de governo, intitulada “O Caminho da Prosperidade”, prega um governo “sem toma lá-dá-cá, sem acordos espúrios”, que atenda aos “anseios dos cidadãos” e trabalhe pelo que “faz a diferença na vida de todos”, devolvendo a “liberdade ao povo”.
A segurança é a vedete do programa de governo do candidato do PSL, com promessa de enfrentamento ao crime organizado e à corrupção. Mas há espaço para a defesa do liberalismo e para ataques frontais ao PT e demais partidos de esquerda. Na economia, temas como privatizações e um superministério ganham destaque. Bolsonaro também pretende enxugar a máquina pública, com redução de ministérios e da burocracia.
Para saúde, além de criar a carreira de Médico de Estado, ele promete, após prova, revalidar diplomas de profissionais cubanos e abrir o País para a imigração das famílias daqueles que queiram deixar a ilha. E na educação, quer modelos como os dos tigres asiáticos, com foco em tecnologia e empreendedorismo.