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Política & Poder

Deputado deixa o PPS

Arquivo Geral

07/10/2013 10h02

Quarenta anos de história tiveram um fim na última semana. Comunista histórico, que militava no antigo partidão nos tempos em que isso dava cadeia, o deputado federal  Augusto Carvalho deixou o sucessor do PCB, que ajudou a fundar com a sigla PPS. 

 

Após uma intervenção da cúpula nacional do partido para afastá-lo do Buriti e do PT brasiliense, Augusto ingressou no recém-criado Solidariedade (SDD) e se despediu da sigla que o ajudou a manter e recriar desde os tempos da Ditadura Militar.

 

Filiado desde 1973, quando a sigla respondia por PCB – o Partido Comunista Brasileiro criado há 90 anos – Augusto Carvalho afirmou ao Jornal de Brasília que o processo de “divórcio” com o PPS foi doloroso, mas que a frente do Solidariedade pretende imprimir a mesma ideologia centro-esquerda que defendeu desde o início da sua trajetória política. Depois de três mandatos de deputado federal, um de distrital e uma tentativa malograda de chegar ao Senado, Augusto é hoje suplente em exercício. Basta o governador Agnelo Queiroz remeter de volta à Câmara o secretário de Habitação, Geraldo Magela, e o deputado ficará fora do mandato.

 

“Foi um processo doloroso a saída do PPS, após 40 anos. Foram muitos anos de sofrimento, perdas, alegrias, vitórias na luta pela democracia e pelas eleições diretas em Brasília. Saio sem mágoa alguma, mas por algumas divergências, como atos de força realizados pela executiva nacional do partido”, justifica Augusto Carvalho.

 

Tentativas em vão

 

Segundo o deputado federal, desde 2010 a executiva nacional do PPS vem tentando intervir nas decisões locais. Ele conta que, quando surgiram denúncias contra Agnelo em 2011, membros locais do partido se reuniram para decidir sobre a permanência ou saída da base do governador, mas a decisão foi em vão: “Somos extremamente comprometidos com a democracia. A maioria se reuniu e decidiu não se afastar de Agnelo, mas acabamos sendo desrespeitados e o partido saiu da base, perdendo dois distritais – Luzia de Paula e Cláudio Abrantes”, afirma ele. Mais um deputado saiu, o atual secretário de Justiça, Alírio Neto. Hoje em outros partidos, Alírio, Luzia e Abrantes integram a base política do Buriti.

 

De acordo com Augusto, não houve um episódio que servisse de estopim para o rompimento. Segundo ele, que diz recordar-se de outras intervenções no ano passado além de mais duas na semana passada – tudo foi um processo de desgaste que acabou sendo inevitável para a saída dele.

 

Sem preconceito na sigla

 

O deputado federal foi chamado a presidir a seção brasiliense do SDD pelo criador do partido, Paulinho Pereira de Souza, o Paulinho da Força. Ele aceitou a missão. “Vamos construir um partido de centro-esquerda e nossa luta continuará a mesma. Estamos tentando constituir uma nominata forte e que esteja comprometida com Brasília”, declara o agora presidente local do novo partido, que não revelou quem seriam seus principais nomes para a disputa da Câmara dos Deputados e da Câmara Legislativa. 

 

“Quero imprimir a política de centro-esquerda local e nacionalmente, mas sem preconceitos com candidatos. Quero candidatos que não sejam políticos comprometidos não apenas em tempo de eleições, mas num projeto de longo prazo”, esclarece.

 

Negociações

 

A um ano das eleições, Augusto Carvalho ainda não tem definições sobre quais alianças pretende formar, mas as negociações já começaram: “Conversamos com todo mundo: Eliana Pedrosa (PPS), que já é pré-candidata ao governo, o Rodrigo Rollemberg (PSB) e  até o Reguffe (PDT), que ainda não sabemos para qual cargo concorrerá, mas que pode sair para senador. Mas só vamos definir as alianças no ano que vem, quando forem realizadas as convenções partidárias”.

 
Saiba Mais
 
Sociólogo e escriturário do Banco do Brasil, Augusto Carvalho foi deputado federal na Constituinte pelo PCB.
 
 
Pelo PCB e PPS, Carvalho desempenhou cinco mandatos.
 
 
Entre 2008 e 2009 ele se licenciou para assumir o cargo de secretário de Saúde na gestão de José Roberto Arruda. Atribui-se a essa nomeação seu desgaste com as bases, que levou a uma redução do seu eleitorado na eleição passada. Teve apenas uma segunda suplência, em chapa coligada com o PT.

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