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Política & Poder

Governo tentará uma solução intermediária para redefinir Lei do Silêncio

Arquivo Geral

08/02/2016 6h30

GDF e Câmara ensaiam um embate pelos créditos da reformulação da Lei do Silêncio. Desde meados de 2015, tramita no Legislativo uma proposta de mudança da legislação. Neste ano, o Buriti começou a desenhar uma solução própria. 

Parte do governo trabalha com a estratégia de levar ao plenário um projeto em conjunto com os distritais. No entanto, existe uma ala  que nutre o desejo de que o protagonismo e os louros da modificação fiquem apenas com o  Executivo.

A disputa pela paternidade tem alguns motivos. A começar pela autoria do atual projeto em tramitação na Câmara, assinado pelo deputado de oposição Ricardo Vale (PT). O segundo é a dívida do governador para com suas bases políticas. A legislação vigente está atingindo a cena musical, além dos setores de entretenimento noturno e templos religiosos. Por isso, Rollemberg vem sendo duramente cobrado por seus eleitores. O fato de apresentar uma solução poderia recompor sua imagem.

Enquanto o projeto em tramitação na Câmara foca no aumento dos níveis de decibéis, a proposta do governo caminha para um texto mais abrangente, cujo objetivo é encontrar o ponto de equilíbrio entre os cidadãos. Seria a média entre os  que querem aproveitar a noite e os demais que desejam descansar com silêncio em suas moradias — conflito que já causou até manifestações de rua, como a da 202 Norte do Plano Piloto, diante do Balaio. 

O Buriti também avalia a possibilidade de criar áreas com limites diferenciados de som.

Em resposta às movimentações do GDF e da cobrança da população,  parlamentares decidiram produzir substitutivo à proposta em tramitação. A princípio, o texto contará com as assinaturas do líder do governo, deputado Julio César (PRB), e dos deputado Rodrigo Delmasso (PTN) e Ricardo Vale. 

Os limites da lei atual oscilam entre 55 e 65 decibéis (dBs). A proposta de Vale sugere os limites de 70 dBs noturnos e 75 dBs diurnos. Segundo Julio César, o substitutivo será menos liberal, com marcas próximas a 65 dBs para a noite e 70 dBs para o dia. Provavelmente ainda em fevereiro, a Câmara fará uma audiência pública sobre o tema.

“Conversei com o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, sobre esse assunto. Ele comentou que se conseguirmos chegar a uma meio termo com o substitutivo, talvez o Executivo não mande um projeto próprio. E o nosso projeto está mais bem encaminhado. Não acho que vamos ter um embate. Vamos chegar a um acordo”, contou o líder do governo.

Saída pode ser regionalização dos padrões 
 
“Apenas mudar os limites da Lei de Silêncio só acirrará mais os conflitos”, alertou o coordenador de fiscalização  do Ibram, Fernando César Magalhães de Medeiros. Segundo o especialista, a atual  legislação é razoável  e  existem locais que conseguiram se adaptar à lei e manter suas atividades.
 
“Os limites de hoje foram estabelecidos por pesquisas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com base em estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS). Falando sem paixões e imparcialmente, se for caso de alguma alteração, ela deveria partir de estudos acadêmicos e pesquisas robustas, no mínimo”, ponderou.
Segundo Medeiros, o debate está restrito aos direitos de um lado e  não está contemplando quem quer silêncio. Atualmente as reclamações de barulho partem, principalmente, do Plano Piloto, Taguatinga, Ceilândia e Samambaia.

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