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Política & Poder

Falta um Ulysses Guimarães para alertar Dilma sobre impeachment, diz Ribeiro

Arquivo Geral

21/08/2015 6h00

Francisco Dutra

Especial para o Jornal de Brasília 

“Falta um Dr. Ulysses na vida de Dilma”, diagnosticou o deputado distrital Raimundo Ribeiro (PSDB). Nas palavras do tucano, o finado Ulysses Guimarães foi extremamente feliz, quando, em 1992, disse para o então para Fernando Collor: “presidente, o senhor não é mais presidente”. Para Ribeiro, Dilma não consegue mais ser acreditada pela população. O deputado diz que,  se a presidente não renunciar, existem chances concretas de que ela enfrente um processo de cassação. 

Essa é a interpretação que o parlamentar faz da pesquisa de opinião do Instituto Exata OP, publicada ontem pelo Jornal de Brasília. De acordo com ela, 63% dos brasilienses não querem  a permanência de Dilma no Palácio do Planalto. 

Mesmo assim, para 56,3% dos entrevistados,   a presidente irá permanecer no Poder até 2018. No entanto, a rejeição popular contra o PT foi transcrita em números: 65,8% não pretendem votar em candidatos do PT para a presidência.

Questão de credibilidade

Para o deputado federal Izalci Lucas (PSDB), os números mostram que a população tem dúvidas quanto à credibilidade das instituições. “A população quer de fato o afastamento. Não entra mais no mérito. Mas instituições pioneiras, que sempre foram protagonistas estão cedendo ao governo. A Ordem dos Advogados do Brasil fez uma defesa tímida da manutenção do governo”, criticou. 

Na avaliação de Izalci, se o Tribunal de Contas da União recuar na tendência de rejeição das contas de Dilma será muito ruim para o País.

“Eu gostaria que ela não terminasse o mandato, porque está levando o País para o fundo do poço. Mas, olhando a conjuntura nacional e internacional, acho que as grandes forças vão bancá-la até o final. Pesa a tese de que, se  tirá-la, seus prejuízos seriam maiores”, diz. 

A única chance disso terminar bem seria a implantação do parlamentarismo. O que hoje é quase impossível”, avalia o distrital Bispo Renato (PR). 

Para o deputado, mesmo sem nvolvimento direto no caso, Dilma deveria deixar o governo por conta do escândalo do Petrolão, pois como gestora do País deveria ter conhecimento do que acontece no governo e adotar medidas preventivas contra a corrupção. Considerando as cifras bilionárias dos desvios na Petrobrás, esse cuidado deveria ser redobrado. Bispo Renato afirma que  os argumentos “não sei”, ”não vi” e “não sabia”, só prejudicam Dilma no caso.

Para Celina, já existe cheiro de pizza no ar

A presidente da Câmara Legislativa Celina Leão já perdeu as contas de quantas manifestações tomaram às ruas em função da insatisfação popular contra a presidente Dilma. A líder do Legislativo brasiliense observa que a população sente cheiro de pizza no ar e que nada mudará no País. 

Para Celina, as movimentações políticas do Planalto para manter Dilma no Poder foram claras e começam a gerar resultados e a população também desenvolveu essa percepção.

“Eu continuo achando que a maioria da população  deseja a saída da presidente para que o Brasil tenha folego. É claro que é natural, que as pessoas comecem a ficar preocupadas com esse drama de saí não saí. Enquanto não se define isso,o povo brasileiro sangra”, argumentou o deputado distrital Wellington Luiz (PMDB) .

Do ponto de vista de Wellington, existem correntes políticas que estão dispostas da deixar Dilma no Poder para recolocar o Brasil nos eixos até 2018.

Petista diz que oposição pode destruir o País

Avisa a deputada federal petista Érika Kokay que a  política, especialmente a oposição, não pode seguir os passos de Medéia: na tragédia grega que leva seu nome, após ser traída pelo marido, a personagem vingou-se ceifando a vida dos filhos do casal. “Não dá para a oposição querer destituir a presidente e acabar com o PT destruindo o Brasil no processo. Nessa lógica golpista todos os meios são válidos”, alertou a parlamentar governista.

Para a deputada, a destituição forçada de Dilma, sem provas concretas, fará ruir o Estado de Direito e as instituições nacionais. Érika interpreta a pesquisa de opinião do Exata OP como um sinal positivo para Dilma e o PT. 

Érika lembra que a rejeição de Dilma já foi mais ferrenha. Para a parlamentar, o fato de a população não estar satisfeita, mas entender que a presidente tem condições de concluir o mandato, mostra maturidade e compreensão.

“Não dá para rasgar o voto das urnas”, cravou. Para a deputada, o PT está sendo vítima de um processo injusto, pois desde o governo Lula vem se fortalecendo as instituições de fiscalização. “Em 1995, FHC não deu ousadia para que o Ministério Público e a Polícia Federal fizessem buscas no Banco Central. Desde Lula, os escolhidos pelos procuradores passaram a assumir o Ministério Público. O Geraldo Brindeiro não foi o mais votado e o FHC o indicou”, comentou.

Não é golpe

Segundo o deputado distrital Reginaldo Veras (PDT), as manifestações de rua não são tentativas de golpe. “Agora, se a gente  quiser que a Dilma renuncie porque ela está com baixa credibilidade, não vai sobrar nenhum chefe do Poder Executivo. Porque, em geral, tá  todo mundo insatisfeito com chefe do Executivo. Dilma foi legitimamente eleita e os insatisfeitos que segurem a onda”, comentou.

O distrital Rafael Prudente (PMDB) defende que a decisão   das urnas que culminou na eleição de Dilma Rousseff deve ser respeitada. Para o parlamentar, qualquer julgamento deve ser feito pela Justiça e dentro das normas legais. 

Na avaliação do distrital, a pesquisa reflete, principalmente, as denúncias de corrupção que atingem o PT e o Governo Federal, com destaque para a Operação Lava Jato. Mas, neste contexto, também está inserida a crise econômica. Este cenário leva ao crescimento da descrença da população e à diminuição da credibilidade de Dilma.

Os principais temas

O Jornal de Brasília e o instituto Exata OP fecharam uma parceria para medir a opinião do brasiliense sobre os principais temas da política local e nacional.  

Em uma série de reportagens o projeto abordou: a avaliação do governo Rollemberg, a posição da população em relação ao impeachment de Dilma, a visão dos eleitores sobre a Câmara Legislativa e qual a opinião popular sobre a redução da maioridade penal.

Para o levantamento publicado na edição de ontem, os pesquisadores do Exata OP colheram os depoimentos de 600 pessoas, no dia 14 de agosto.

Cientista prevê turbulência

A crise ultrapassou o limite de tolerância. Para o deputado distrital Cristiano Araújo (PTB), com ou sem impeachment ou renúncia da presidente, o País precisa ser estabilizado. Aráujo considera que Dilma irá concluir o mandato, mas não esconde que preferia que a presidente  deixasse o Planalto.  

“Da maneira como  as coisas estão indo, toda votação é uma convação da base para poder fazer negociação. É impossível se governar assim. Tem um teto, um limite. E acho que já está no teto”, comentou.

Já o cientista político      David Fleischer, após analisar as linhas gerais da pesquisa de opinião,  prevê um futuro turbulento para Dilma, com fortes chances de que ela venha a deixar o Poder. 

Segundo Fleischer, o acordo com o PMDB no Senado pode decair a qualquer momento.  Sobre os números do PT, o especialista vaticina uma grande redução dos quadros da legenda em 2018.

É hora de autocrítica, diz Wasny

Para recuperar credibilidade perante a população, o PT precisa em primeiro lugar resolver as questões internas. Nesse sentido, o deputado distrital Wasny de Roure (PT), a direção do partido tem de esclarecer os bastidores do caso da Petrobrás para a militância, de forma clara e documentada.   

“Os militantes precisam ter o  conhecimento daquilo que de fato ocorreu e aquilo que não ocorreu. Nós merecemos por parte da direção um esclarecimento por aquilo que de fato aconteceu, ainda que nós tenhamos um Poder Judiciário e um Ministério Público que estão checando tudo”, reforçou.

O líder da bancada na Câmara, Chico Vigilante (PT), lembrou que no Distrito Federal o PT ficou em terceiro lugar nas últimas eleições para a Presidência. Portanto, a rejeição de Dilma em Brasília seria natural. “No caso do PT, nós tinhamos o teto de 30% dos votos. Se 40% votam na gente, então é animador”, acrescentou. O parlamentar afiançou que o partido e a presidente estão em franco processo de recuperação e os resultados serão vistos nos próximos anos.

“Antes do governo Dilma e Lula, alguém tinha ouvido  falar de senador preso? Juiz preso? Deputado algemado e preso? Está acontecendo agora, graças ao PT”, afirmou Vigilante.  Dentro do  partido, existe uma crítica recorrente às manifestações do dia 16 contra a Dilma. 

Filiados com e sem mandato consideram que o protesto pregou um combate a corrupção seletivo, que não atingiria com a mesma intensidade nomes do PMDB e do PSDB envolvidos no Petrolão.

O deputado distrital Joe Valle (PDT) recordou que a crise nacional atinge frontalmente o cotidiano do DF. Afinal de contas o Fundo Constitucional responde por 30% a 40% do orçamento da capital.  De acordo com ele,  Planalto e  Buriti precisam se reinventar e adotar soluções para crise. Para Valle, Dilma tem o direito de concluir o mandato.    

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