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Jordânia enfrenta pressões internas para trocar iraquiana por piloto

Arquivo Geral

28/01/2015 15h19

A Jordânia está disposta a trocar uma prisioneira iraquiana envolvida num violento ataque a um hotel em 2005 por um piloto jordaniano capturado em dezembro por extremistas do Estado Islâmico, informou um porta-voz do governo nesta quarta-feira.

A troca vai contra a política da Jordânia em relação a militantes islâmicos e contra o posicionamento de seu principal aliado, os Estados Unidos, de não negociar com extremistas. A troca também pode estabelecer um precedente para negociações com o Estado Islâmico, que anteriormente não haviam exigido publicamente a troca de prisioneiros.

Porém, o governo jordaniano enfrenta pressões domésticas para levar o piloto de volta para casa. Além disso, a participação do país na coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico é muito impopular entre os jordanianos.

O porta-voz do governo, Mohammed al-Momani, não disse se a troca vai realmente acontecer. Ele também não fez menção ao jornalista japonês Kenji Goto, que também é mantido refém pelo Estado Islâmico.

Esforços para libertar o piloto e o jornalista ganharam urgência com a libertação, na noite de terça-feira, de um suposto ultimato do grupo, segundo o qual os dois reféns seriam mortos em 24 horas se a mulher iraquiana não for libertada.

Nesta quarta-feira, al-Momani disse que a “Jordânia está pronta para libertar a prisioneira iraquiana Sajida al-Rishawi, se o piloto, tenente Muath al-Kaseasbeh, for libertado ileso”. As declarações foram tornadas públicas pela agência estatal de notícias jordaniana Petra.

Al-Rishawi foi sentenciada à morte na Jordânia por seu envolvimento num ataque terrorista da Al-Qaeda em 2005 contra hotéis de Amã, que deixaram 60 mortos.

A Jordânia realiza conversações indiretas com os militantes por meio de líderes religiosos e tribais no Iraque, com o objetivo de garantir a libertação dos reféns.

O presidente do comitê de assuntos externos do Parlamento jordaniano, Bassam Al-Manasseer, disse que Jordânia e Japão não negociariam diretamente com o grupo Estado Islâmico e não libertariam al-Rishawi apenas em troca do refém japonês.

Em Tóquio, a mãe do refém japonês fez um apelo público ao primeiro-ministro do país para que salve seu filho. Junko Ishido leu para os repórteres do apelo que fez a Shinzo Abe, que ela afirmou ter enviado depois de o premiê e o principal porta-voz do governo terem se recusado a recebê-la.

Tudo indica que os militantes do Estado Islâmico mataram o outro refém japonês, Haruna Yukawa.

O caso marca a primeira vez que o grupo exigiu publicamente a libertação de uma prisioneira em troca por reféns. Anteriormente, reféns foram libertados em troca do pagamento de resgate, embora os governos envolvidos tenham se recusado a confirmar a realização dos pagamentos.

A mãe de outro prisioneiro jordaniano, Ziad al-Karboli, disse que sua família foi informada que o Estado Islâmico também quer a sua libertação como parte da troca, mas não estava claro se este fato tem relação com o possível acordo envolvendo o refém japonês.

Al-Karboli, auxiliar de um ex-líder da Al-Qaeda no Iraque, foi sentenciado à morte em 2008 por ter matado um cidadão jordaniano. Fonte: Associated Press.

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