O comércio prende a respiração enquanto aguarda a decisão do consumidor sobre comprar e quanto gastar neste Dia das Mães. A incerteza sobre a data, a segunda maior para o setor depois do Natal, é pautada por divergências entre as previsões das entidades representantes do segmento no DF.
A Federação do Comércio (Fecomércio-DF) assume tom otimista, prevendo crescimento de 5,4% nas vendas e quase R$ 120 a serem gastos, em média, por consumidor. O Sindicato do Comércio Varejista (Sindivarejista-DF), porém, estima aumento de apenas 1% nas vendas e gastos médios na ordem de R$ 60 por cliente.
Para o economista Jorge Madeira Nogueira, as diferenças nas previsões podem ser pautadas pela vontade de estimular o consumo. “Um deles pode tentar criar um cenário positivo para que o consumidor reticente resolva ir às compras. Querem que a pessoa pense: ‘a situação não está tão ruim, então vou tentar agradar minha mamãe’”, especula.
Realidade crua
A técnica de enfermagem Jaciene Ventura, 27 anos, é um exemplo do tom pessimista. Ao lado da amiga Adriana Vieira, 34, ela visitou ontem um shopping apenas para retirar um prêmio conquistado em sorteio. Bateu perna pelo estabelecimento, conferiu os preços e, apesar dos alardes sobre promoções e descontos, não foi seduzida.
“Gastei R$ 50 em um presente simples, que era o que minha mãe queria, e foi só. A situação não permite mais nada”, disse. Ela contou não esperar mimos do marido ou de outros parentes. Sua colega concordou e foi ainda mais radical: “Não comprei nada para ninguém e a família sabe que vai ser assim”.
Para o presidente do Sindivarejista, Edson de Castro, os consumidores temem o futuro e, por isso, nem se aproximam das vitrines. “As pessoas estão cautelosas por não saberem se perderão o emprego, para onde vai o País”, opina. Curiosamente, esse cenário é citado como fator de motivação pelo presidente da Fecomercio, Adelmir Santana.
“O fator emocional, em tempos de indecisões políticas e econômicas, pode ser até um ponto positivo na hora de conquistar um cliente e assegurar uma venda”, espera Santana. Segundo ele, o setor de calçados e bolsas é o mais otimista, pois projeta crescimento de até 38%.
Procon identifica 64 infrações