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Brasília

Família diz que demora no HRT agravou estado de saúde de idosa e recorre à Justiça

Arquivo Geral

05/05/2016 6h30

Quem procura a emergência de um hospital público do Distrito Federal para consulta, em qualquer especialidade, não sabe o tempo que pode aguardar para ser atendido. Assim como aconteceu com uma mulher de 79 anos que deu entrada no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) na tarde dessa segunda (2), e, por falta de assistência, o quadro da paciente se agravou. Agora, a família recorre à Justiça para garantir um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Segundo relatos de familiares, Josefa Ferreira de Lira, de Pernambuco, veio a Brasília há quatro meses, a passeio e para tratar de uma suposta alergia. De repente, começou a sentir fortes dores de cabeça e na região peitoral. Ao pedir uma dipirona para a sobrinha, começou a se contorcer, como se estivesse com início de derrame. “Quando ela me pediu o remédio, logo percebi que não estava bem e corremos para o hospital”, conta Danúbia Nunes. 

Chegando ao HRT, às 15h, aproximadamente, os parentes perceberam que não havia médicos – muito menos cardiologistas – para o atendimento emergencial. Após implorar por socorro, três horas e meia de espera depois, às 18h30, Josefa havia sofrido três convulsões. Nisso, ela teria aspirado o líquido, que foi diretamente para o pulmão, o que teria agravado o quadro. “Eles só a atenderam porque a viram dando convulsões. Senão, estaria no mesmo lugar”, desabafa a sobrinha. 

De acordo com os médicos responsáveis pelo acompanhamento da idosa, a princípio, ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Por isso, precisaria, primeiramente, de uma UTI e de dois exames para comprovar se tratava-se de um AVC hemorrágico. Contudo, as máquinas de tomografia e de eletrocardiograma do hospital estão quebradas. “Para minha tia conseguir chegar a outro hospital, é necessário que haja uma UTI móvel, pois o estado dela é grave. Isso é um descaso”, reclama a familiar.

Enquanto isso, Josefa permanece em coma induzido, em uma internação coletiva, na ala amarela.

A irmã mais nova da idosa, a dona de casa Jacira Nunes, conta que a paciente não tem plano de saúde por falta de condições financeiras. “Ela passou a vida toda sem nenhum problema, e, quando mais precisa, sofre toda essa situação. Isso é revoltante”, critica. 

Diante de toda a burocracia, a família entrou na Justiça, por meio da Defensoria Pública, para que Josefa seja transferida a uma UTI. O que não é fácil. “Eles não têm previsão de quando terão uma resposta concreta. Enquanto isso, ficamos apreensivos nesse caso. Não encontramos vagas nem nos hospitais particulares”, relata Danúbia. 

A Defensoria Pública informou ao Jornal de Brasília que a solicitação foi feita, mas, lembrou que, para que o pedido seja autorizado, precisa ser analisado por um juiz.

Pelo fato de o estado ser grave, a paciente não tem direito a acompanhantes, somente visitas. “Isso nos deixou mais apreensivos, porque não sabemos quando teremos respostas”, diz a sobrinha de Josefa. 

Quadro

Segundo enfermeiros e médicos do Pronto-Socorro do HRT, que preferiram não se identificar, em outros hospitais como o de Ceilândia (HRC), há máquina disponível para os exames, mas seria necessária a disponibilidade de um leito de UTI para que a paciente não corra ainda mais risco de vida.

Leia mais: Após três dias de espera, idosa consegue vaga na UTI do HRT

Vagas para UTI

De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), a direção do HRT informa que a paciente está inserida na regulação de leitos de UTI. Enquanto não há vaga, ela permanece no box de emergência, recebendo a assistência necessária. A direção do hospital, por sua vez, esclarece que há outras pessoas à espera de um leito, mas, por falta de vaga, também precisam aguardar.

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