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Brasília

Mães nunca desistem de seus sonhos. Leia histórias inspiradoras

Arquivo Geral

04/05/2016 9h26

A roupa de bebê guardada no fundo do armário representa esperança. Sentimento ao qual se agarram milhares de mulheres com um sonho em comum: comemorar o Dia das Mães como protagonistas. No Brasil,  15% dos casais são inférteis, mas, apesar disso, a palavra impossível não faz parte do vocabulário. Eles se valem do improvável, onde nada é definitivo. 

Leia mais: Dia das Mães: nem a maior perda a fez desistir do sonho de ser mãe

“O Dia das Mães é uma data que me emociona demais. Me sinto mal, choro. Queria carregar um bebê no ventre, senti-lo  protegido no meu útero, depois pegá-lo no colo e encontrar seu olhar”, diz a recepcionista Deise Magalhães, 35, emocionada. 

Depois de anos indo de médico em médico – todos diziam não haver nada de errado –, o diagnóstico veio como uma facada no peito há dois meses: Deise é uma das seis milhões de mulheres com endometriose – doença  que faz com que o tecido que reverte o interior do útero esteja fora da cavidade uterina. 

De acordo com a Associação Brasileira de Endometriose, entre 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva podem desenvolvê-la e 30% têm chances de ficarem estéreis. 

“Eu saí da sala do médico arrasada. Desabei. Ter um filho é um sonho e ainda tenho esperança de suprir as necessidades do coração. No fundo, eu sei que Deus está preparando algo incrível para nós”, espera Deise, que cultiva o sonho e a esperança ao lado do marido José Magalhães, 42 anos, há quase uma década. 

Doença não vai impedir

“Ter um filho é um sonho. Seria um prazer enorme, uma felicidade imensa. A gente está lutando por isso. Se não puder gerar, vamos adotar. Não é por conta disso que deixaremos de ser pais”, diz a contadora Laura Campos, 36 anos, que  já tem os nomes dos filhos escolhidos: Sophia é certo, mas Miguel ainda está em processo de convencimento do marido. 

Ela é casada há cinco anos. Há dois, resolveu que era hora de ter um filho. “Parei de tomar remédio, fui ao médico e estava tudo certo. Nós somos primos de primeiro grau, então fizemos estudo genético para conferir a probabilidade. Até então, nada de errado”, lembra. Passaram-se seis meses, nada. Um ano, nada. “Trocamos de médico para ter outra perspectiva”, conta.

Dificuldades no longo caminho

Lá se foi mais um ano de tratamento com hormônio e nada de a contadora Laura Campos engravidar. Em agosto do ano passado, o susto: uma hemorragia denunciou a endometriose. “Eu precisava fazer cirurgia para tentar novamente. No meio  do caminho,   encontrei uma grande pedra na vesícula, que retirei tem um mês”, descreve. 

Agora, acompanhada por um especialista em fertilização, espera realizar o sonho. Todo o tratamento já custou quase R$ 10 mil. Só no último mês teve de gastar R$ 2 mil. 

Tratamento

“Todo mês é uma tortura, mas a gente fica na fé”, diz Rosa (nome fictício), dona de casa de 34 anos que, por restrições religiosas, prefere não ser identificada. Já são dez anos de tentativa de gerar um filho. “Eu fazia exames e nunca fui diagnosticada com nada. Por ter tratamentos caros, me encaixei no projeto Projeto Ser Mãe ao Alcance de Toda Mulher, do Instituto Verhum”, esclarece. 

Ali ela descobriu que um fator tubário a impedia de ser mãe. Em 2013, fez o tratamento e engravidou. “Mas o embrião parou de se desenvolver e nem chegou a formar o feto”, lamenta. 

Ela teve de dar um tempo até que decidiu tentar novamente nesta semana. “Agora é só expectativa porque é um sonho   grande e doloroso para quem não consegue. Tenho fé, mas tenho o pé no chão porque sei que pode não dar certo”, pondera. 

Enquanto governo suspende assistência, projetos ajudam

Como Rosa, outros casais podem integrar o Projeto Ser Mãe ao Alcance de Toda Mulher, que realiza consultas e exames gratuitamente a casais todos os sábados. Neste mês, uma força-tarefa vai viabilizar o atendimento de cem casais, que devem ir juntos à clínica. 

“Mais da metade dos pacientes tem a situação resolvida de forma simples, com orientação ou medicação oral simples. Esses nem precisam de reprodução assistida”, explica Natália Zavattiero, ginecologista e especialista em Reprodução Humana. 

“A reprodução é direito do cidadão. Não é porque não podem pagar que não terão esse direito. A infertilidade assola o País e o casal infértil sofre muito. São parceiros ansiosos e que preferem até ter uma doença mais grave que não poder ter filhos. Há uma carga emocional   forte. A gente lida com esperança, encarnamos o papel de salvadores”, conta Rosaly Rulli Costa, coordenadora do Programa Reprodução Humana da rede pública de saúde, onde a fila de espera cresce exponencialmente.

Ali, a taxa de sucesso alcança 35% dos casos, mas os últimos ciclos aconteceram em fevereiro. Depois disso, não houve como continuar o processo. A Secretaria de Saúde diz trabalhar para retomar o projeto, mas não precisa uma data de retorno. Em média, são de R$ 15 mil a R$ 18 mil por paciente. Até então, 30 casais eram atendidos por mês. 

Quando necessário tirar do bolso, o tratamento não é barato. Em média, o custo das técnicas de fertilização pode variar de R$ 600 a R$ 15 mil, dependendo do método utilizado. Os hormônios, às vezes necessários, também variam de R$ 100 a R$ 5 mil.

Serviço

Projeto Ser Mãe ao Alcance de Toda Mulher

– Local:  Instituto, no Edifício Medical Plaza, QL 3, Lago Sul

– Como participar:  Agendamento pelo telefone 3365-4545

Programa Reprodução Humana 

– Local:  Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB)

– Como participar:  A mãe precisa marcar uma consulta em um posto de saúde com ginecologista. Caso necessário, ela será encaminhada ao Hospital Regional mais próximo que a conduzirá para o Ambulatório da Reprodução Humana do Hmib. se houver recomendação.

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