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Brasília

Sensação de insegurança aumenta no Guará

Arquivo Geral

28/04/2016 6h00

Jéssica Antunes

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A sensação de insegurança da população do Guará aumenta à medida que surgem novas notícias de crimes.  Para o delegado da área, é claro o aumento de roubos a pedestres.  Os moradores usam as redes sociais para alertar sobre casos de violência na região. 

Na última semana, cerca de dez pessoas  relataram   roubos e tentativas próximo à estações do metrô e escolas, em residências e em comércios, e até uma denúncia de agressão. Nesse último caso, um rapaz teria sido abordado e agredido por dois homens na QE 40 pelo fato de não ter nada que pudesse ser levado.  

Titular da 4ª Delegacia de Polícia Civil (Guará), Rodrigo Larizzatti diz que o crime de roubo a pedestres é  o que mais faz vítimas na cidade e acontece  onde há mais movimentação de pessoas. “Até a semana passada, quatro foram presos. Grande parte é menor de idade. No início deste ano, aumentaram as ocorrências dessa natureza até porque muitos voltam às ruas depois de audiência de custódia. Temos um problema de legislação”, ressaltou o delegado. 

No ano passado, as ocorrências de roubo a transeuntes foram o que mais fez vítimas no Guará: 879. Só em janeiro deste ano, último mês computado pela Secretaria de Segurança, 106 pessoas foram roubadas na  cidade. O principal foco dos assaltantes são os celulares. 

Apesar disso, a Secretaria de Segurança aponta que foram registradas 26% ocorrências policiais a menos de 2014 para 2015, mas houve 11 homicídios a mais. 

Medo tranca moradores

“A gente não precisa ir ao cinema para ver bangue-bangue”, assegurou a aposentada Marcinda Guimarães, 65 anos. Ela vive na QE 38   há mais de 30 anos e diz já ter visto de tudo um pouco. Assaltos acontecem constantemente. Um homem já morreu na frente de sua casa. “A gente vive escutando tiros nas ruas”, exemplifica. A quadra, junto à QE 40, é considerada pelo delegado da área  o ponto de maior preocupação em relação a crimes mais graves. 

No portão da casa de Marcinda, duas fechaduras com tranca e cadeado dificultam o acesso. “Mesmo com tudo fechado, a gente tem medo. O que eu mais quero é me mudar daqui”, confessou.  Seu marido Dermerval Guimarães, 68, reclama da inversão: “Os bandidos ficam soltos enquanto a gente fica preso. Depois das 18h não saio de casa nem deixo meus netos saírem. Levamos e buscamos da escola”.

Versão oficial

A Secretaria de Segurança Pública enalteceu a redução de ocorrências registradas em 2015. De acordo com a pasta, o 4ª Batalhão da PM disponibiliza 25 viaturas para atender o Guará I e II, o Setor Lucio Costa, a   Estrutural e o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).

“A PM intensificou as rondas próximas às quadras, áreas comerciais e em paradas de ônibus em dias e horários com maior incidência de crimes, de acordo com as análises e mapeamentos”, disse a pasta, em nota. Além disso, informou que há reforço do efetivo de policiais nos pontos críticos apontados pelas estatísticas  em alguns dias da semana e frequentes reuniões com moradores.

Problemas decorrentes de drogas

Para moradores, o motivo da insegurança é claro: drogas. Os números da Secretaria de Segurança Pública  corroboram para tal sensação.  Conforme as estatísticas, cresceu   83% o número de ocorrências de uso e porte de drogas   nos últimos dois anos. Já o tráfico teve aumento de 61%. Só em janeiro deste ano, foram 21 casos envolvendo entorpecentes. 

Guilherme de Oliveira e João Vítor têm muitas coisas em comum. Estudam juntos no Guará I, têm 17 anos, andam de skate e já foram roubados por criminosos armados. “Era meio-dia e eu estava vindo da escola. O cara perguntou a hora, peguei o celular para ser educado. Ele me deixou ir, mas depois me abordou com outro homem. Encostaram uma arma nas minhas costas e outra na cintura”, lembrou o primeiro rapaz. 

Bons tempos

João Vítor foi criado na cidade e acompanhou as mudanças ocorridas com o passar dos anos. “Tudo era tranquilo. A gente deixava porta aberta, brincava na rua até tarde. Agora, na frente de casa, a gente não pode conversar. Esses dias, um homem chegou armado e levou o celular de todo mundo”, contou o estudante. 

Ali, diz o rapaz, todo mundo já foi assaltado ou conhece alguém que passou por isso. “Antes, o crime acontecia em quadras específicas. Agora, está por todo lado. Cresceu demais”, ressaltou. 

No ano passado, 21 ocorrências com porte ou posse de arma de fogo foram registradas pelas autoridades policiais.

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