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Brasília

Mel brasiliense é detentor de prêmios como melhor do País

Arquivo Geral

22/04/2016 14h56

Em 1883, Dom Bosco previu que, entre os paralelos 15 e 20 do Hemisfério Sul, surgiria uma terra prometida onde jorraria leite e mel. O ponto descrito na profecia é Brasília, e o sacerdote é considerado padroeiro da capital. Não se pode dizer que o clérigo errou: a apicultura brasiliense é uma das mais reconhecidas no País e, durante 14 anos, o mel levou os títulos nacionais de mais puro e com o melhor pólen. O produto candango também é bicampeão internacional pela qualidade.

A cor e o sabor são diferenciados. Pelas características da flora do Cerrado, o mel silvestre tem composição que o deixa mais próximo do dourado. De acordo com o professor Osmar Malaspina, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista Rio Claro e especialista da Associação Brasileira das Abelhas, a variabilidade de plantas propicia as características únicas do mel brasiliense.

“É um bioma muito diversificado, e esse conjunto de plantas permite um mel diferenciado”, afirma. Em Brasília, o alimento é feito, principalmente, a partir do pólen do cipó-uva, do angico, da aroeira e do assa-peixe.

Outro fator que favorece a apicultura brasiliense é o clima seco. “A umidade ideal é por volta de 17% e 18%, não pode passar disso porque fermenta. Então, a seca auxilia muito a produção”, explica Malaspina.

Títulos

Brasília sempre esteve em destaque pela produção de mel nas premiações do Congresso Brasileiro de Apicultura, a cada dois anos. De 1996 a 2010, foram sete títulos: cinco de melhor mel do País, um de segundo melhor mel cristalizado e outro de segundo melhor pólen. Em competições internacionais, a cidade foi premiada no 9º Encontro Ibero-Americano de Apicultura em 2011 e recebeu menção elogiosa no Congresso da Apia Mondi, em 2012.

José Carlos Fiuza, de 65 anos, foi o vencedor em 2010 do melhor mel do País no Congresso Brasileiro de Apicultura — anteriormente já havia ficado em segundo lugar na mesma categoria. Ele fabrica cerca de 1,6 tonelada do produto por ano, o que dá cerca de 2 mil potes. Vende cada um por R$ 30. Para fazer a colheita, o apicultor conta com o apoio de um único funcionário, porém, em 30 minutos, consegue retirar 300 quilos de mel.

Fiuza tem aproximadamente 60 mil abelhas, e, em um único dia, a rainha põe até 3 mil larvas. O retorno financeiro é rápido, segundo ele. “Em um ano, o valor investido é recuperado e, nos seguintes, é só lucro”, conta.

Servidor público, comprou um sítio em Sobradinho e desejava ter um pomar. Para estimular a produção, resolveu desenvolver a apicultura. “As abelhas ajudam a polinizar e aumentam a quantidade de frutas.” A rentabilidade do mel foi tão alta no primeiro ano que ele passou a se dedicar mais, fez cursos e investiu em equipamentos.

Apesar do reconhecimento e do aumento na renda, o maior interesse de Fiuza é produzir para consumo próprio, já que não come açúcar e adoça os alimentos com o mel. “No dia em que achar um com a qualidade do meu, eu paro.”

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