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Brasília

Capoeira ecoa da periferia brasiliense e comemora aniversário da cidade

Arquivo Geral

22/04/2016 7h15

Centenas de pessoas gingando pararam quem passava pela Torre de TV  na comemoração dos 56 anos de Brasília. O  som dos berimbaus, ouvido  de longe, não deixava confundir: ali havia capoeira. A luta  ministrada principalmente na periferia é apresentada à toda a população brasiliense nos aniversários da cidade e reuniu mais de 600 pessoas na manhã de ontem, na sexta edição do Kilombrasília. 

“É o quilombo do grupo de capoeira Sol Nascente dentro de Brasília”, explicou o organizador Mestrando Mancha. O grupo nasceu em Ceilândia, mas já tem filiações em vários estados brasileiros. Aqui, ensina a mais de mil crianças, adolescentes, adultos e idosos em cidades como Samambaia, Taguatinga e Recanto das Emas. 

Mortais

Victor Ribeiro tem 12 anos, mora em Santo Antônio do Descoberto e, descalço, já consegue dar mortais após oito meses de aulas. “Mudou minha vida”, diz. Com ele, a mãe e a irmã ingressaram no grupo e, desde então, muita coisa estaria diferente. Tesoura, como é chamado na capoeira, diz que isso o ensinou a ter respeito e dedicação. 

“É uma boa ideia apresentar no aniversário de Brasília porque muitas pessoas podem conhecer e se interessar pela capoeira. Também é uma manifestação cultural, um alívio depois de tanta manifestação política”, disse o garoto. 

Professor de história de uma escola pública de Ceilândia, Luiz Eduardo já dedica 17 de seus 53 anos à   capoeira. Luizão, como é conhecido, diz que o movimento representa resistência. “De um jeito ou de outro, doa a quem doer, a resistência vai continuar”, frisa. Para ele, a apresentação surge para comemorar que a periferia ocupe espaços públicos. “Esse espaço também é deles. A praça é do povo e tem que ser ocupada pelo povo mesmo”.

Momento é apenas de diversão
 
Em Brasília, o foco é o aniversário, mas o feriado nacional de Tiradentes contribui para a presença de turistas na capital. O mestrando Cicatriz, 32 anos, percorreu, pela primeira, vez quase 400 quilômetros desde Goiatuba (GO) com 50 alunos para participar da apresentação de capoeira. 
“A gente sabe que o foco de tudo é Brasília, principalmente quando o assunto é política, mas hoje visamos a alegria e estamos conseguindo satisfazer o corpo, a arte, o espírito de todo mundo pela capoeira”, destacou. 
 
SEM PISCAR OS OLHOS
O grupo de capoeiristas chamou a atenção e concentrou curiosos e interessados em volta da grande roda formada na Torre de TV. Em pé, sentados e, principalmente, competindo pelos poucos pontos de sombra, os espectadores  gravavam os movimentos dos lutadores com câmeras de celular. Muitas imagens, inclusive, compartilhadas nas redes sociais.
O pequeno Matheus Silva, de   três anos, era um deles. As mãos sequer conseguiam segurar direito o aparelho, mas fez questão de salvar o espetáculo. “Ele nos puxou. Antes de pegar o celular para depois mostrar à avó, nem piscava os olhos. Disse que queria fazer igual a eles”, contou a mãe Simone Silva, funcionária pública de 28 anos. 
 
Saiba mais
 
Em 26 de novembro de 2014, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) declarou a roda de capoeira como patrimônio imaterial da humanidade.

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