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Brasília

Sem médicos na rede pública, pacientes da capital buscam atendimento na Região Metropolitana

Arquivo Geral

14/04/2016 6h30

Jurana Lopes

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A falta de médicos na rede pública do Distrito Federal tem feito a população procurar atendimento na Região Metropolitana. Quem mora no Gama e em Santa Maria, por exemplo, recorre a Novo Gama (GO) ou Valparaíso (GO). Isso porque,  ao procurar os hospitais mais próximos, a resposta é sempre a mesma: não há médicos.

O ambulatório de Novo Gama funciona 24 horas. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, em fevereiro deste ano,  pelo menos três mil do total de 6,4 mil atendimentos foram a pacientes do DF. A maioria é de Santa Maria, Gama, Vila DVO, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Águas Claras, Ceilândia e até mesmo Samambaia, que é mais distante dali. 

“Esse é o único lugar próximo de que tenho certeza que serei atendida. Todas as vezes em que vou aos hospitais de Santa Maria e Gama, sou informada de que só tem médico para casos gravíssimos. Aqui a gente não pode nem reclamar porque o atendimento é até rápido para a quantidade de pacientes. Sem contar que sempre sou bem atendida”, explicou a dona de casa Rita de Cássia Costa, 46, de Santa Maria.

Na semana passada, Rita levou a mãe doente ao Hospital Regional do Gama (HRG) e acredita que ela só foi atendida por ser idosa.  Ela elogiou o atendimento do ambulatório   e ressaltou que sempre há médicos, independentemente do horário.

Luan Santos, 19 anos, mora ao lado do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), mas foi ao Novo Gama   em busca de atendimento para o enteado de cinco anos, que tinha febre e enjoo há três dias. “Quando eu preciso, venho até esse posto ou à UPA de Valparaíso. Acho ridículo morar ao lado de um hospital enorme, com boa infraestrutura, e ter que procurar médico em Goiás”, desabafou. 

Antônio Bezerra, também morador de Santa Maria,   passou a última terça-feira em busca de atendimento. Ele foi ao hospital de sua cidade e depois ao   Gama.  “No HRG, primeiro, disseram que não tinha  médicos. Depois, consegui entrar e descobri com uma enfermeira que havia  cinco, mas que atendiam somente os pacientes internados ou em estado grave. Dando uma volta pelo hospital, vi alguns    dormindo na sala de descanso, enquanto a emergência estava cheia”, reclamou.

Segundo ele, uma servidora do hospital o aconselhou a ir ao Novo Gama, e foi o que   fez ontem. Enquanto era entrevistado pelo JBr., foi chamado para a consulta.

Satisfação nem sempre é alcançada

No Hospital de Céu Azul, bairro de Valparaíso (GO), o atendimento estava lento, e muitos pacientes aguardavam na emergência. A atendente Keyla Nunes, 36 anos, mora no Gama e foi à unidade tentar atendimento para a irmã, com suspeita de dengue. Elas procuraram o HRG na última terça-feira, mas não conseguiram, e a irmã saiu ainda pior. 

“Mandaram a gente vir para cá, porque disseram que só tinha um médico atendendo e somente as pessoas internadas. Agora que chegamos aqui, fomos informadas de que eles não realizam o teste rápido de dengue. É um descaso com a população”, avaliou. Keyla reclama do deslocamento entre o Gama e o município goiano. 

De fato, nem todos estavam satisfeitos. Marconi Souza, 21 anos, assistente de advocacia, é morador de Águas Claras e esperava para ser atendido. Ele foi visitar o pai e passou mal. “Estou há mais de duas horas e não fui chamado nem para a triagem. Vou embora e tentarei ser atendido no Hospital de Ceilândia, que, apesar de ter fama ruim, é mais rápido que aqui”, afirmou.

Versão oficial

Segundo o superintendente da Região de Saúde Sul,  Ismael Alexandrino, responsável por Gama e Santa Maria, 60% dos casos que chegam aos prontos-socorros são de pequena complexidade e, por isso, a maioria é encaminhada aos centros mais próximos.  

Segundo ele, de 60% a 70% de quem recorre aos hospitais são da Região Metropolitana do DF. “A população tem acompanhamento do Saúde da Família. Como esse programa  não funciona no Entorno, os moradores de lá procuram as emergências dos hospitais. Por isso, pensamos em aproximar os  municípios da Ride para que a Saúde da Família seja melhorada no Entorno”, explicou.  

Ismael esclareceu que as duas unidades atendem 1,8 milhão de pacientes das duas cidades e da Região Metropolitana, e que os hospitais devem receber novos médicos em breve, pois os aprovados no último concurso estão sendo convocados. O superintendente disse que não faltam médicos nas emergências. Sobre os atendimentos de pacientes da Região Metropolitana e de outras cidades de Goiás, a Secretaria de Saúde do DF informou que, em 2015, foram 237.859 atendimentos nas emergências.

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