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Brasília

Oração em vez de agito e fantasias no Carnaval

Arquivo Geral

08/02/2016 7h00

As mãos erguidas em frente a um palco no Ginásio Nilson Nelson pouco têm a ver com o Carnaval. Em sua 30ª edição, o Rebanhão da Renovação Carismática Católica levou o público a pular em adoração, ao som de canções gospel, em contraste com a folia de multidões nos blocos de rua. A poucos metros dali, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, a União das Mocidades da Assembleia de Deus (Umadeb) levou mais fiéis a preterir a festa em detrimento das orações.

Apesar de organizados por cúpulas de religiões distintas, ambos os eventos foram alternativas ao festejo carnavalesco para milhares de brasilienses. Ao longo dos três dias de Carnaval, tanto Rebanhão quanto Umadeb oferecerão atrações voltadas ao público católico e evangélico, respectivamente, sem relação com o clima festivo do feriado.

Para alguns fiéis, participar dos cultos ao invés de ir aos blocos é um sinal de evolução em relação aos demais. “Carnaval é uma festa mundana. Somos peregrinos nessa terra e temos que ser diferentes”, afirmou o estudante Mateus Pereira, de 19 anos, que levou a esposa Patrícia Neves, faturista de 23 anos, para o Umadeb.

Eles chegaram logo pela manhã e se disseram contentes com o que encontraram, tanto em termos de estrutura quanto de atrações. “Tinha que ter mais publicidade para esse tipo de evento. Viemos para cá sem saber direito onde ficava, guiados só por Deus mesmo. Mas ainda bem que achamos”, opinou Patrícia, entre aplausos e assovios ao discurso do missionário no palco.

A fala do pastor exaltava as conquistas pessoais e o fortalecimento da alma por meio do trabalho.O discurso trazia palavras de encorajamento e afirmava que cada um ali havia sido escolhido para trilhar um caminho vitorioso. A ideologia foi diferente no outro evento religioso, no Ginásio Nilson Nelson. No Rebanhão, os palestrantes pregavam a abnegação e a entrega do seu destino nas mãos de um ser superior.

Mais mulheres compareceram a evento 

A estagiária em uma empresa de contabilidade, Emilene Ferreira, 31 anos, ao lado da filha, Júlia, de três anos, compareceu pela 15ª vez ao Rebanhão. “Venho desde adolescente e gosto muito. Nunca curti o agito do Carnaval”, contou a mulher, que ainda admitiu não ter conseguido levar o marido, pois ele teria tido preguiça.

“Prefiro vir para cá porque é mais tranquilo, mais seguro. Para quem não tem uma chácara para ir ou dinheiro para viajar, é a melhor opção”, prosseguiu a estagiária. Melhor opção para as mulheres, aparentemente. A quantidade de integrantes do sexo feminino era maior em relação aos homens. Uma segurança do evento especulou, em tom de brincadeira, que “as moças têm mais fé e menos preguiça”.

A voluntária Ieda de Souza, 32 anos, não soube precisar o porquê da diferença na quantidade de pessoas de cada gênero, mas lamentou que, de maneira geral, o Rebanhão tenha atraído menos gente em relação a anos anteriores: “Trabalho aqui desde os anos 1990 e acho que o movimento caiu muito. Hoje em dia existem muitos eventos como esse de várias outras igrejas”.

Ao lado da colega Joanna D’arc, dona de casa de 49 anos, ela vendia camisetas com mensagens religiosas para ajudar a custear o evento. Ela exalta a importância da celebração: “Aqui é o Carnaval de Jesus Cristo. Acaba que virou uma espécie de preparação para a Páscoa”.

 

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