Menu
Brasília

Casos de dengue aumentam 153% no DF

Arquivo Geral

28/01/2016 6h00

Carla Rodrigues

[email protected]

Um dia depois de o GDF regulamentar a lei que prevê multa para moradores de casas com criadouros do mosquito Aedes aegypti, um balanço registrou aumento de 153,6% dos casos de dengue na capital federal em comparação ao mesmo período do ano passado. 

Segundo a Secretaria de Saúde, 562 registros da doença foram confirmados neste mês, sendo 487 residentes do DF. Em 2015, foram 192. E Brazlândia é a localidade que diagnosticou o maior número de pacientes infectados pelo vírus. São 162 no total, ou seja, 33% das ocorrências. Também na cidade foi confirmada a primeira morte em decorrência da dengue hemorrágica em todo o DF. 

Desta vez, a vítima da dengue foi Maria Cristina Natal Santana, 42 anos, cunhada do vice-governador do DF, Renato Santana. Ela morreu na madrugada de ontem no Hospital Regional de Brazlândia, onde trabalhava há 16 anos. Segundo nota divulgada pelo GDF, ela teria relatado os sintomas da dengue, como febre e dor no corpo, na quinta-feira passada. Quatro dias depois, fez um teste rápido com resultado positivo no Centro de Saúde 1, também em Brazlândia. “Durante o tratamento, não houve diagnóstico de dengue hemorrágica. Uma das condicionantes para a indicação positiva da doença é o hemograma com queda das plaquetas, que não foi o caso”, detalha o comunicado. 

Calamidade

Para os moradores de Brazlândia, a morte da enfermeira revela a situação calamitosa da cidade. “Tem muita gente com dengue aqui. Acho que é por conta da quantidade de mato. Além disso, claro, tem muito foco de dengue. Na rua atrás da minha casa, tinha um. Ainda bem que tiraram”, conta a aposentada Iracema de Sousa, de 71 anos.

Ela lembra que é uma das poucas da família que não contraiu a doença. “Minha nora, minha cunhada e minha irmã tiveram dengue. Tem muito mosquito aqui. Todo mundo está preocupado”, diz. 

Outra moradora da cidade reclama do que chama de “lago” em frente à sua residência. “Já pedimos várias vezes para a administração dar um jeito nisso. E nada. Faça chuva ou sol, essa água parada continua aqui”, diz Denísia Pereira, de 36 anos, ressaltando que o problema persiste “há muitos anos”.

Moradora pensa em se mudar

A situação chegou a tal ponto em Brazlândia que a auxiliar de serviços gerais Cleide dos Santos, 42 anos, pensa em se mudar. “Isso é um risco para todos nós. Não vale a pena alugar um lugar caro e ter esse rio aqui do lado de fora. A administração já foi informada e não faz nada. A gente fica aqui, à mercê da dengue e de outras doenças. Tem muita criança aqui. Não dá para deixar assim”, ressalta. 

Ontem, um veículo com equipamento Ultra-Baixo Volume (UBV) para aplicação de inseticida, usado no combate à dengue, percorreu as ruas de Brazlândia. Apesar de considerada positiva por alguns moradores da região, a medida é avaliada como paliativa diante de tantos focos de dengue. 

No Setor Veredas, por exemplo, a cada esquina é possível localizar um criadouro do mosquito. Inclusive do lado de fora do hospital regional da cidade. O Jornal de Brasília flagrou móveis, como cadeiras e armários, jogados em volta do prédio. 

Questionada, a Secretaria de Saúde destacou que, segundo a direção do Hospital Regional de Brazlândia (HRBz), os móveis serão retirados do local para devolução ao patrimônio. Além disso, destacou, “a direção esclarece que há controle diário para evitar focos de dengue”. A data da remoção, no entanto, não foi informada pela pasta. 

Funcionário diz que faltam kits para exames

Também em Brazlândia, a equipe do JBr. foi informada por um funcionário da inspeção de saúde, que não se quis se identificar, que não havia no hospital local, até ontem, o kit necessário para realização de exame que detecta a dengue nos pacientes. “A pessoa chega com febre e dor de cabeça e pronto, é dengue. Os exames são feitos com base na sintomatologia”.

A Secretaria de Saúde, no entanto, contestou a informação. “Não há falta de teste rápido para dengue nas Regionais de Saúde do Distrito Federal. A pasta frisa que todos os hospitais adquiriram o insumo por meio do Programa de Descentralização Progressiva das Ações em Saúde (PDPAS), enquanto tramita, na administração central, um processo de compra regular do produto”, informou, por e-mail.

De acordo com o órgão, o Hospital Regional de Brazlândia, por exemplo, “recebeu uma remessa de 350 kits de teste rápido”. “O estoque desta unidade é suficiente para atender a demanda até que a entrega das unidades compradas pela administração central seja finalizada”.

A secretaria ressaltou que esse exame é realizado em unidades de urgência e emergência, portanto, hospitais e UPAs, que estão abastecidos. “Além disso, os médicos estão aptos a identificar essa doença clinicamente”, acrescentou. 

Saiba mais

O velório de Maria Cristina Natal ocorre hoje, às  8h, na Igreja Menino Jesus de Brazlândia (Setor Norte Eq 2/4 Q 1 Via Sn 2).

De acordo com a Secretaria de Saúde,  houve ainda aumento de 435,71% no total de casos confirmados no DF de pacientes residentes em outras unidades da Federação, em relação ao mesmo período de 2015. Águas Lindas de Goiás, Padre Bernardo e Luziânia são os municípios com maior número de casos. Somando, no total, 75 diagnósticos confirmados.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado