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Brasília

População teme ficar sem pediatras no Guará

Arquivo Geral

27/11/2015 6h00

Manuela Rolim

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O funcionamento da pediatria do Hospital Regional do Guará é incerto. Pelo menos, é isso que a comunidade e até os funcionários da unidade afirmam. A interrupção do serviço, no entanto, é negada pela Secretaria de Saúde. Mesmo assim, convictos de que o encerramento das atividades é certo, moradores   se mobilizam para organizar um abaixo-assinado e atos contra o suposto fim do atendimento infantil. Na internet, circulam mensagens de apoio ao grupo.

A história começou depois de uma reunião dos médicos com a secretaria na última terça-feira, garante uma funcionária. Segundo ela, na ocasião, a pasta informou que todos os 16 pediatras do Guará seriam transferidos, inicialmente em 1º de dezembro. Porém, depois de negociar com os servidores, a data mudou para o dia 21 do mesmo mês. Eles seriam alocados nos hospitais Regional da Asa Norte (Hran),   Materno Infantil de Brasília (Hmib) e   de Taguatinga (HRT).

Desde então, a população e os médicos estão indignados com a situação.  “Nada ficou claro. Eles querem levar os médicos para cobrir as escalas dos outros hospitais”, completa. 

Diante da informação de que uma reforma no local justificaria a transferência, ela contestou. “Não é isso.  Espaço é o que não falta nesse hospital. Não existe a necessidade de fechar a ala infantil por causa de uma reforma, se, de fato, esse fosse o motivo da secretaria. Isso é uma desculpa”, acrescenta.

Grande procura

O HRGu atende muitos moradores não apenas do Guará, mas de todo o DF, em especial da Estrutural, Núcleo Bandeirante e Riacho Fundo. Na porta da unidade, ontem, as famílias dos pacientes estavam inconformadas. Entre elas, o casal Daniel Amorim da Silva, 21 anos, e Keliane da Silva Melo, 21. Moradores de Samambaia e pais da Sophia, de dez meses, que estava com alergia a uma medicação, eles passaram a manhã inteira para conseguir atendimento para a filha.

Segundo Keliane, todos os hospitais procurados pelo casal alegaram não ter pediatra. “Fomos ao Recanto das Emas, Riacho Fundo e Taguatinga. Em Ceilândia,   informaram que só estavam atendendo casos de emergência. Minha filha teve febre alta durante a noite toda. O problema só foi resolvido no HRGu”, diz. 

Abraço comunitário

Para protestar contra o suposto fechamento da pediatria do Hospital Regional do Guará, a comunidade   organiza  um grande abraço na unidade de saúde no dia 2 de dezembro. Além disso, hoje, um abaixo-assinado contra a interrupção do serviço no local deverá ser entregue pelos próprios moradores ao Conselho de Saúde do DF.

Pais relatam déficit em outras unidades

Diante da notícia do suposto fechamento, a dona de casa Keliane da Silva  afirma não entender. “É uma pena. O Guará é o único lugar que tem médico e o atendimento da pediatria é bom. Deveria ser exemplo para o restante. De fato, uma reforma seria muito bem-vinda, entretanto, nada que impedisse o funcionamento. A própria médica que atendeu minha filha  afirmou estar inconformada”, conclui.

Morador da Estrutural, o casal Elias Costa Silva, 34 anos, e Suzany Tavares Gonçalves, 24, também procurou o HRG para a filha Manuely, 2, ontem. “Acreditamos que ela está com uma infecção urinária. Tem seis dias que eu fico de hospital em hospital para conseguir um profissional que cuide dela filha e nada. Na recepção todos eles, a resposta é sempre a mesma:   a falta de médicos. A solução veio quando chegamos ao Guará”, conta o dedetizador, que condena a medida.    “O único lugar que funciona, o governo quer fechar? Isso é inadmissível”, completa.

Obra em estudo

Procurada pelo JBr., a Secretaria  de Saúde esclareceu que há estudos sendo finalizados para que sejam feitas intervenções estruturais no HRGu, o que inclui a pediatria. No momento, porém, não há definições sobre o fechamento da ala pediátrica ou outra área. 

Além disso, a Saúde frisa que, em caso de fechamento de qualquer setor por causa das obras, a população deverá ser previamente avisada e não haverá desassistência, uma vez que a pasta cria planos de contingenciamento. “Ao todo, temos 621 pediatras”, acrescenta. 

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