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Brasília

Por falta de insulina, cerca de 4 mil pessoas têm tratamento de diabetes prejudicado

Arquivo Geral

06/10/2015 6h10

Alexandre Santos

Especial para o Jornal de Brasília

Cerca de quatro mil pessoas que sofrem de diabetes estão sem insulina fornecida pela rede pública. Preocupadas com a situação, mães de pacientes expuseram, nas redes sociais, as dificuldades em adquirir a substância para o tratamento dos filhos nos postos de saúde do DF. 

Os relatos estão no grupo do Facebook Mães Amigas de Águas Claras e Região, que conta com mais de 36 mil   inscritos. Segundo publicações recentes, apesar de as unidades oferecerem até três tipos de medicamentos, há   pacientes  que dependem de droga específica para controlar os níveis de glicemia, a depender do grau de diabetes.

É o caso da estudante Maria Vitória Campos de Oliveira,   14 anos, cujo tratamento é feito à base de insulina Glargina (Lantus). De acordo com a mãe da adolescente, a doméstica Maria Aparecida Campos,   41 anos, a filha está muito nervosa e com medo de morrer, pois a última ampola  terminaria ontem.  “Na semana passada, estive na Policlínica de Taguatinga, mas não há previsão de quando voltariam a fornecer”, relata.

Sem o fornecimento gratuito, a doméstica afirma ser impossível garantir o tratamento, já que ganha apenas um salário mínimo para sustentar mais três filhos. “O remédio custa R$ 120, ou R$ 80, com desconto, mas só dá para uma semana. Não tenho condições”, diz.

Troca

Na recepção do Hospital Regional de Taguatinga, uma aposentada, que pediu para não ser identificada, aguardava consulta para tentar trocar o tipo de insulina. Há dois meses sob uso da substância Ultra-rápida, ela disse que o medicamento não tem o efeito desejado. O ideal, diz, seria a NPH.

Questionada, a Secretaria de Saúde  informou que está em fase final o processo de compra da insulina Glargina (Lantus), de ação prolongada,  destinada a  diabéticos que preencherem os critérios do protocolo  da medicação. Segundo a pasta, a Glargina pode ser substituída pelas  insulinas NPH e Regular, que estão disponíveis.

“Aquisições têm sido emergenciais”

 De acordo com a Secretaria de Saúde, as aproximadamente quatro mil pessoas prejudicadas recebem a insulina Glargina no Distrito Federal. A substância é  recomendada para pacientes portadores de diabetes tipo I, diabetes gestacional ou diabetes tipo II, com falha terapêutica comprovada às insulinas convencionais ou em condições clínicas especiais.

O órgão também esclarece que, desde 2013, as  aquisições desse medicamento têm sido emergenciais devido aos sucessivos fracassos por preço nos processos de compra regular do governo.

Conforme a pasta, os locais de distribuição da insulina Glargina são a Unidade Mista de Saúde de Taguatinga (Policlínica de Taguatinga), a Farmácia Escola do Hospital Universitário de Brasília e o Centro de Saúde 8 do Gama.

Estoque abastecido

Sobre a falta de insulina NHP, a secretaria afirma que o estoque do medicamento nos hospitais regionais do Distrito Federal foi abastecido ontem em 972 unidades do Distrito Federal, a um custo unitário de R$ 10,90.

“Orientamos os usuários a comparecer aos centros de saúde para o recebimento do medicamento”, diz a pasta em nota.

Dados

No DF, estima-se que 158.514 pessoas tenham diabetes.

Entre janeiro e agosto deste ano, o Hospital Regional de Taguatinga realizou 10.231 atendimentos.

Referência no tratamento de diabetes, a unidade recebe por mês cerca de 1.280 pacientes.

Por dia, aproximadamente 50 pessoas são atendidas no local.

De acordo com a Defensoria Pública do DF, de janeiro a agosto de 2015, o Núcleo de Assistência Jurídica da Saúde ajuizou 316 ações ligadas a pedido de medicamentos.

No mesmo período do ano passado, foram 227 demandas. 

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