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Brasília

População desaprova mudanças nas linhas de ônibus

Arquivo Geral

15/09/2015 6h00

Jurana Lopes

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Desde o início do ano, o sistema de transporte público, principalmente as linhas de ônibus do DF, passa por modificações. Várias cidades já sofreram mudanças, que, segundo a Secretaria de Mobilidade (Semob), têm o objetivo de melhorar a oferta de horários disponíveis para os usuários. Em algumas cidades, houve corte em determinadas linhas e alterações em itinerários.

A mudança não foi aprovada pela população, que reclama da demora, do não cumprimento de horários e da superlotação. Pelo  WhatsApp, a equipe do JBr. recebeu denúncias sobre a situação caótica de quem precisa andar de ônibus diariamente. A secretária Rosilene Guerra, 44 anos, é moradora do Núcleo Bandeirante e conta que, desde  o último dia 17, houve redução nas linhas que circulam na cidade. 

“Trabalho na Esplanada dos Ministérios. Antes da mudança, havia três ônibus da linha 160.2, agora só passa um. Por causa desse corte, o ônibus passa superlotado. Na volta, também reduziram duas linhas e, muitas vezes, sou obrigada a ir à rodoviária para pegar um ônibus vazio, porque, na Esplanada, só passa cheio”, reclama. 

Superlotação

Rosilene tem um filho que utiliza diariamente a linha 171. De acordo com ela, depois das alterações nas linhas, o coletivo passa superlotado e, às vezes, não pega os passageiros que ficam nos últimos pontos. Por causa disso, o filho precisa pegar dois ônibus para chegar ao trabalho. Segundo a secretária, que ligou para reclamar, a empresa informou que cumpre ordens do Transporte Urbano do DF (DFTrans).

Quem também mandou WhatsApp para o JBr. pedindo ajuda foi a moradora do Gama e professora Ariane Pereira, 31 anos, que reclama da falta de ônibus ligando Gama a Santa Maria. 

“Trabalho em Santa Maria e sou obrigada a pegar um micro-ônibus superlotado, porque não tem ônibus convencional para lá. São tão cheios que tenho dó de pessoas idosas e com deficiência que usam o transporte”, desabafa. A professora conta que, devido à superlotação, presenciou homens tentando roubar celulares e tentando abusar de adolescentes.

Cidadão muda de cidade para ter menos caos

O analista de sistemas Sérgio Ramos, 26 anos, trabalha no período da noite e, por causa de problemas para conseguir voltar para casa, em Brazlândia, se mudou para o Cruzeiro. “Saio do trabalho às 23h. Quando chegava à rodoviária, tinha acabado de sair um ônibus para Brazlândia, e o de 0h45, que é o último, não passa mais. Às vezes, eu ia para Taguatinga para, de lá, pegar ônibus pra Brazlândia. Era melhor que esperar o corujão na rodoviária, que passava à 1h45”, relata. 

Com tanta dificuldade para chegar à casa, Sérgio decidiu se mudar para um local mais próximo e diz que o transporte ruim foi o ponto crucial de sua decisão.

Em nota, a Secretaria de Mobilidade informou que as linhas de ônibus estão passando por uma reestruturação com o objetivo de otimizá-las para o usuário ter mais opções de horários e menos tempo de espera nas paradas de ônibus. “Muitas linhas que faziam percursos parecidos foram agregadas, aumentando a oferta de horários. Outras linhas tiveram apenas ampliação de atendimento”, detalhou o órgão.

Das cidades que já passaram por mudanças estão Samambaia, Riacho Fundo I e II, Cruzeiro, Sudoeste, Recanto das Emas e Águas Claras. No último sábado, o transporte público de São Sebastião, Barreiros (DF-140), Lago Sul, Jardim Botânico e Jardins Mangueiral também passou por mudanças. As próximas cidades que terão alteração no transporte público serão Gama, Santa Maria, Paranoá e Itapoã.

“Passei duas horas esperando”

A mudança nas linhas do Recanto das Emas não agradou os moradores. A jovem aprendiz Divanir Pierre, 19 anos, conta que espera cerca de uma hora todos os dias para pegar o coletivo que a leva ao trabalho. “Com a diminuição de linhas, os ônibus demoram muito e passam superlotados. No fim de semana, a situação é ainda pior. Ontem, estava na Ceilândia e passei duas horas esperando um ônibus para o Recanto. Como não passou, fui obrigada a pegar dois para chegar à minha casa”, conta.

Gabriela Ramos, 19 anos, jovem aprendiz, também mora no Recanto das Emas e acha que a situação não melhorou com as mudanças. “Depois que alteraram as linhas, ficou pior. Sou obrigada a esperar mais e pegar ônibus sempre cheios para chegar ao Plano”, afirma.

Otimização no sistema

De acordo com o diretor-técnico do DFTrans, Márcio Antônio de Jesus, as mudanças nas linhas de ônibus ocorrem aos poucos, de acordo com o que foi exigido na licitação do transporte, realizada em 2011. 

“Foi feita somente a substituição de veículos. Agora fazemos a mudança operacional. Mas vale lembrar que a redução de linhas não significa prejuízo aos usuários, pois os itinerários foram readequados, e algumas viagens foram transferidas para linhas principais”, explica. Márcio informou que 12 linhas de ônibus deixaram de existir desde a racionalização do sistema, mas, em algumas cidades, como Planaltina, houve aumento de linhas.

Segundo o diretor, as alterações estão sendo ajustadas conforme as necessidades de cada localidade. Márcio informou que cidades como Brazlândia e Gama, que possuem uma parte do transporte atendidas por micro-ônibus de cooperativas, estão sendo estudadas. 

“Se a cooperativa não conseguir atender a demanda, como aconteceu em Brazlândia, somos obrigados a entrar com um plano emergencial. As cooperativas que operam no Gama já foram notificadas e estamos aguardando um posicionamento para saber se precisaremos entrar com alguma intervenção emergencial”, destaca o diretor.

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