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Brasília

Protetores em defesa dos animais fazem reivindicações em frente ao Centro de Zoonoses

Arquivo Geral

03/09/2015 6h00

Ingrid Soares

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Com faixas e barracas, protetores e ativistas independentes estão acampados em frente ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). Eles denunciam maus-tratos aos animais e exigem explicações sobre ocorrências envolvendo a instituição. 

A professora ativista Izabella Cintra, 48 anos, junto com uma amiga, é a idealizadora do movimento. Ela conta que, no dia 27 de agosto, recebeu denúncia de que os animais entregues para serem sacrificados por terem leishmaniose serviriam como cobaias para treinamento de técnicos veterinários e aplicação de vacina. Cada um desses animais teria sido submetido a sucessivas coletas de sangue. 

Segundo a ativista, dados iniciais apontam que os bichos seriam submetidos à eutanásia sem anestesia. O grupo diz que não há triagem e que, no momento da entrega, animais sadios e doentes seriam colocados juntos e teriam o mesmo fim.

O movimento reivindica instalação de comitê de ética, exoneração do diretor e de cargos comissionados sem relação com a veterinária e parceria da zoonose com a sociedade. 

“Temos muitas despesas. Nós recolhemos animais, vacinamos, castramos e procuramos lares temporários e adotivos. Fazemos o papel do Estado. Queremos um centro de reabilitação que vacine, castre e receba os bichinhos. Poderiam criar um site para adoção, porque o destino da maioria é o extermínio”, explica Izabella.

Em documento não-oficial, calculado pelos ativistas, Izabella aponta que 328 cães teriam “sumido” do CCZ em 2014. “Até agora, não se sabe como morreram ou onde foram parar. Impetramos mandado de segurança para termos acesso aos animais”, conta a ativista.

Versão oficial

A Secretaria de Saúde esclareceu que nem um animal é usado como cobaia.  Ao entrar no local, o animal fica em observação e tem amostra sanguínea coletada para realização do diagnóstico de leishmaniose visceral canina. Os animais aptos para adoção ficam disponibilizados para visitação de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h. A eutanásia é realizada em animais com leishmaniose, raiva ou com laudo que indique o procedimento. Funciona da seguinte maneira: o animal recebe um anestésico geral (eutanásia individualizada) e, depois, uma medicação que para os batimentos cardíacos. O dono do animal pode assistir ao procedimento, caso queira. Todos os animais eutanasiados são incinerados.

Ativistas se revezam no acampamento

No acampamento, pelo menos  oito barracas estão montadas, e cerca de 20 ativistas voluntários se revezam pela luta em prol dos animais. A ação, que começou na sexta-feira, conta com apoio de simpatizantes. 

“A maioria não  pode ficar aqui acampado, mas ajuda como pode. Trazem água, doam barracas e nos visitam”, comenta a ativista Izabella.

Leishmaniose

Segundo ela, a iniciativa inibe as pessoas a deixar os animais no local.  “O teste de leishmaniose pode dar falso positivo se o animal tiver a doença do carrapato, (anemia), mas pode ser tratada com antibiótico. Informamos aos cidadãos que os testes devem ser repetidos. Mesmo os cães sadios que aqui são abandonados não têm chance de serem adotados”, ressalta.

Em reunião com a assessora do governo, o movimento protocolou ofício pedindo audiência com o governador. A intenção do grupo é permanecer até que haja alguma mudança. “É uma Caixa de Pandora. Uma vez aberta, vai sair muita coisa”, finaliza.

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