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Brasília

Gari e vendedor de coco dão exemplo de honestidade no DF

Arquivo Geral

27/08/2015 6h00

Ingrid Soares

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A honestidade está em alta. Apesar das denúncias de corrupção em todo o País, surgem a cada dia bons exemplos de caráter, como é o caso do gari Roberto de Sousa Bezerra, 44 anos, que devolveu um celular encontrado durante expediente na rua. O aparelho custa R$ 2,3 mil.

Bezerra conta que em um momento de pausa, no dia 21 passado, encostou o carrinho de carga, próximo ao shopping Venâncio 2000, no Setor Comercial Sul, para lavar as mãos e almoçar. Quando olhou para o chão, viu o aparelho. Procurou o dono, mas não encontrou. 

Ele relata que tentou mexer no celular para encontrar um número para o qual pudesse ligar, mas teve dificuldade. “O meu celular é mais simples, de tecla. O dele era um aparelho grande. Até para abrir tinha de ter senha. Era complicado de mexer. Pensei que uma hora ele iria ligar. Depois do almoço, o telefone tocou, atendi e me prontifiquei a devolver. Ele ficou feliz e agradeceu muito. O peso de estar com algo que não me pertence saiu da minha consciência. Deus sabe o que faz, se veio para a minha mão é porque era para ele ter de volta”, afirma.

Leonardo Rodrigues, 32 anos, operador de closed caption, conta que ficou desesperado porque utiliza o celular (Iphone) como ferramenta de trabalho. Havia comprado há pouco tempo e continha todos os seus contatos. 

Segundo ele, ao sair do shopping colocou o celular no bolso mas não havia percebido que tinha caído. “Quando fui ver, não estava lá. Refiz todo o caminho e não achei. Aí bateu o desespero. Ainda bem que achei um anjo da guarda. Para agradecer, ofereci a ele R$ 100. Era o que eu tinha no bolso. Era o mínimo que eu podia fazer”, observa.

Os dois combinaram um encontro para a devolução, mas acabaram se desencontrando. O próprio varredor resolveu ir ao local de trabalho de Leonardo Rodrigues, 32 anos, para entregar o aparelho. 

“Ele me surpreendeu. Uma vez vi um menino que achou um celular no ônibus. Na hora desligou e disse que ia ficar para ele. Graças a Deus não foi o caso. O Roberto é um belo exemplo para todos nós”, garante.

Bezerra mora em Santo Antônio do Descoberto, trabalha há um ano como gari e ganha R$ 1 mil mensais. Antes, trabalhava como pedreiro de obras em Águas Claras e Região Metropolitana do DF. “A minha família ficou alegre. Minha mãe achou bonito o gesto e ficou muito orgulhosa”, completa.

Reconhecimento é a recompensa dos honestos

Outro exemplo de humildade é o vendedor de coco João Miguel Limeira, 61 anos. Ele é o proprietário do quiosque Rei do Coco, no Park Way. Na segunda-feira passada, quando limpava o estabelecimento, encontrou uma carteira no chão. Além de documentos, havia cartões de crédito e dinheiro. 

“Estava alta. Quando abri, continha R$ 3,5 mil. Ao analisar a carteira, descobri que pertencia a um sargento dos bombeiros que tinha comprado coco na barraca. Guardei para entregar a ele. No dia seguinte devolvi, ele ficou muito satisfeito. Me deu um abraço e ainda me ofereceu R$ 500. Eu não queria, mas ele insistiu, não esperava reconhecimento. Com o dinheiro, vou comprar mais coco para revender. A família ficou feliz e minha mulher me apoiou e concordou que era o certo a se fazer”.

Dinheiro abandonado

Ele lembrou que este não foi o primeiro caso em sua loja. Há algum tempo, um funcionário dele encontrou R$ 1,3 mil em uma bolsa, que foi devolvida à dona, moradora do Gama. 

Acidésio Paulino Valentim, 62 anos, é assíduo cliente do quiosque e conta que depois desse gesto, passou a admirar ainda mais o vendedor. “Se todo mundo tivesse a honestidade dele, o Brasil seria um lugar melhor”, elogia.

Memória

No dia 11 deste mês, quando o estudante Lucas Yuri Bezerra, de 16 anos, se dirigia ao Centro de Ensino Fundamental 312 de Samambaia, encontrou uma carteira no lixo. Dentro havia R$ 1,6 mil e o orçamento de uma oficina mecânica, com um telefone anotado. Ele procurou ajuda na escola e fez de tudo para encontrar o dono. A coordenadora da escola ligou para a oficina e o dono da carteira foi localizado, o  aposentado Benício Eleutério, 66 anos, que acabou deixando a carteira no lixo quando saía para levar a mulher ao médico.

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